MDM vai avançar com iniciativas empresariais para sustentar seus projectos
Daviz Simango em discurso directo
Agora como adulto, que interpretação faz dos argumentos usados para condenar os seus pais à pena capital?
Hoje, certamente que as pessoas que assinaram as sentenças não o podiam fazer. Tivemos o caso da África do Sul sob o regime do apartheid e vimos Mandela, Mbeki e outros que, na altura, tinham sido condenados naquele país, mas não foram assassinados. E, hoje, a África do Sul vive um momento de reconciliação, onde todos podem participar no desenvolvimento do país. Se isso tivesse acontecido em Moçambique, não teríamos tido a situação da luta pela democracia, pois já teríamos compreendido que era necessário e possível conviver entre todos os moçambicanos, apesar das diferenças ideológicas.
Será que, alguma vez, um membro do regime pediu-vos desculpas?
Antes, nós compreendemos que a justiça deve ser feita pelo tribunal e a sentença deve ser feita nos órgão apropriados. Não é uma regra aceitável condenar os outros, visto que nenhuma pessoa por iniciativa própria pode matar. Nós tivemos um país, na altura, com campos de concentração, onde as pessoas eram assassinadas. Chamava-se a população para assistir ao fuzilamento. Trata-se de situações que, hoje, julgo eu, não se iam admitir. Houve moçambicanos que não queriam acreditar no que estava a acontecer e não concordavam com a forma de governar o país. Por conseguinte, decidiram entrar para as matas e lutar para a democracia, para a liberdade de expressão, de organização e de todos os demais direitos fundamentais do homem.
Ora, indo especificamente à sua questão, a resposta é “não”. Talvez alguns farão um dia. E, as pessoas que assinaram para que isso acontecesse devem evitar abrir esses dossiers. Contudo, a forma como algumas pessoas têm encarado esse assunto acaba pondo em perigo as nossas crianças, que poderão começar a interpretar isso como algo normal. Alguns aparecem a dizer, por exemplo, que foi uma cultura da época ou porque na altura era justicável. São coisas que podem pôr em perigo a consciência das nossas crianças.
Como é que encararam a morte dos vossos pais?
Como disse, nós fomos bem formados politicamente, mas deve imaginar como é que uma criança fica quando vê seus pais serem assassinados. Em todo o caso, nós fomos pessoas maduras, pessoas que sabem que devem construir a nação moçambicana e que essa contrução da nação moçambicana é um processo. Portanto, o importante, neste momento, é que temos de ter a consciência de que não devemos matar os outros por divergência políticas ou ideológicas, pois há uma necessidade de reconcialiação.
Nos manuais de história de Moçambique, diz-se que Urias Simango foi reaccionário e que, por conta disso, lhe foi aplicada a pena capital. Como encarou essa matéria na escola? Qual era a reacção do professor e dos seus colegas?
Eu não passei por essa altura, mas também quando nós estávamos a estudar, os professores sabiam quem éramos e evitavam falar, tendencialmente, dessas coisas. Tivemos muito amor dos professores. Sempre nos diziam que a nossa preocupação deviam ser os estudos e não aquilo que estava a acontecer. Diziam também que eles eram somente professores, funcionários que estavam a cumprir às ordens e que nunca nos iriam ofender, porque sabiam o que estava a acontecer. E, fomos estudando. Ora, quem passou por isto foi o meu filho mais novo.
Não teve receio de dar nome do seu pai ao seu filho?
Bem, nós tivemos familiares que não deixavam o apelido Simango aparecer nos documentos, porque naquela altura era motivo de prisão e até para ir ao campo de reeducação. E, no nosso caso, nós dissemos que não havia nenhum problema em usarmos o nosso apelido, pois era aquilo e é isso o que nós herdámos. Pensamos que isso não nos afecta em nada.
Terão recebido apoio de algumas figuras proeminentes da Frelimo, naquele momento, ou foram abandonados à vossa sorte?
Olha, naquela altura, reinava medo no seio deles porque havia interesses eventuais que cada um tinha. Outros tinham medo de ser fuzilados, de ir ao campo de reeducação. E, nós pensamos que muitos escondiam-se. Portanto, vivemos à custa dos familiares, que foram muito fortes, pois sofreram perseguições e passaram por várias situações.
E, hoje?
Bem, hoje já conversámos abertamente com muitos deles. Mesmo quando Chissano era presidente, conversávamos e sentavámo-nos à mesma mesa para convivermos. Mesmo com Guebuza e com vários outros antigos combatentes temos conversado. Esses antigos combatentes a que me refiro dizem desconhecer as reais causas do aconteceu. Mais: dizem que não tinham voz para reclamar e negar e, se o fizessem, entravam no mesmo saco. Seja como for, as coisas tem melhorado.
Quantas figuras lhe fazem recordar os antigos momentos? Joaquim Chissano, Guebuza...
Bom, é preciso dizer que não éramos tão crianças, éramos crianças adultas. Como dizia, éramos crianças muito bem formadas, sabíamos de muita coisa que estava a acontecer ali, inclusive escondíamos muitos guerrilheiros em nossa casa. Éramos crianças muito bem informadas. No fundo, todos recordam-me, mas de diferentes formas.
Como é que Daviz Simango aparece na arena política?
É uma situação que vem de há anos. só para lembrar, o meu bisavô paterno, Mbepo, estava associado ao regulado, pois ele era o ancião da igreja. Mais tarde, foi-lhe dada a oportunidade de ser régulo e ele aceitou. posteriormente, o regulado passou para a família Cumbaza, que são nossos primos. Meu avô já caminhava com Ngungunhane e, em casa, existem fotografias onde ele aparece com Ngungunhane.
Ainda é preciso compreender que a primeira revolta contra os portugueses aconteceu em Machanga e o meu avô estava envolvido nessa revolta. Foi por isso que parou em São Tomé, deportado no âmbito de trabalho forçado. Mesmo cá, ele foi vítima de trabalho forçado.
A minha mãe foi a primeira mulher que liderou as mulheres na luta de libertação nacional. Uma mulher muito combatente e era descedente dos Muchangas, que eram guerrilheiros.
Portanto, esse sangue todo criou em nós uma vontade política, mas a nossa mãe advertiam-nos que nos formássemos, primeiro e, só depois, passássemos para a política. E, de facto, acatámos esse comamdo. Era preciso estudar. Quando fui à faculdade de engenharia, indicaram-me para o curso de Engenharia Química, mas eu queria engenharia civil. Quando pedia para mudar de curso, não me deixavam e diziam que eu era miúdo. Só depois, quando o reitor era o Dr. Ganhão, consegui mudar de curso. E, durante o percurso estudantil, no “Self”, a vida era difícil, comia-se mal e acabamos fazendo aquela primeira manifestação de estudantes. Fui uma das pessoas que estavam a liderar o grupo. Tratou-se da primeira manifestação na universidade. E, assim, continuámos a fazer política, embora não de forma tão activa.
Voltaria à Renamo?
Não!
Nem que Afonso Dhlakama e o partido Renamo lhe peçam desculpas?
Não, não voltaria à Renamo.
Porquê?
É preciso compreender que o que estamos a fazer hoje, como MDM, é um chamamento de uma parte de moçambicanos. Esse chamamento puxa-nos às responsabilidades que nos exigem uma formação política séria. Nós precisamos de um partido que possa ser alternativa nesse país, daí que avancemos com o MDM, com o galo. É isso o que estamos a fazer, cumprir com aquilo que é o anseio de muitos moçambicanos.
De quem veio o conselho de concorrer à presidência da República?
Quando nós criámos o MDM, a nossa intenção era evitarmos os dois terços do partido Frelimo, mas depois dos resultados das eleições autárquicas apercebemo-nos que estavam criadas as condições para que a Frelimo conseguisse os tais dois terços. Nós achámos que isso era mau para a democracia em Moçambique.
A candidatura de Daviz Simango à presidência, à partida, era para puxar o galo. Se verificar bem, vai notar que entre o MDM e Daviz Simango há pessoas diferentes, e era necessária a força de Daviz Simango para conseguir introduzir o máximo possível de deputados na Assembleia da República.
Não esperava algo melhor do que conseguiu?
Em quatro meses, Daviz Simango não podia concorrer como tal, mas era preciso puxar o partido, era preciso criar condições para que o próprio Daviz Simango e MDM façam um exercício a nível nacional. O que fizemos foi um muito bom exercício de aquecimento. Era preciso conhecer bem o país, porque não o conhecia tão bem assim. era preciso entrar no país, lançar Daviz Simango e preparar a semente para o futuro.
Quanto é que o MDM investiu nestas eleições?
Nós investimos muito. Através das quotas dos membros, colocámos uma viatura em cada província. Mantemos algumas sedes operacionais até hoje. temos algumas dívidas de sedes e ainda temos que pagar algumas viaturas. O dinheiro da CNE não foi nada. O MDM a nível nacional lançou só 50 mil camisetas, que custaram de 1.4 milhão de meticais. Se formos a falar de material de propaganda, todo o dinheiro que recebemos foi para este efeito.
Não tem outras fontes de rendimento?
Nós gostaríamos de ter doadores, amigos estrangeiros, milionários a apoiar o partido mas, infelizmente, não temos. Lembro-me que alguém me perguntava se recebiamos dinheiro da Europa, não recebemos dinheiro de nenhum lado, o que temos é boa-fé, temos a nossa capacidade de gestão.
Qual vai ser a sustentabilidade do MDM nos próximos tempos para penetrar no país real?
Nós temos a consciência de que estámos a fazer política, e isso vai precisar de muitos recursos quer financeiros quer humanos e, sobretudo, a nossa disponibilidade como membros seniores do partido para levar avante aquilo que são as nossas pretensões. O MDM não vai olhar muito para os meios provenientes da Assembleia da República, para poder organizar-se e trabalhar. Vai, sim, olhar para uma possibilidade de uma filosofia empresarial. Portanto, o que nós queremos é que o MDM a partir dos seus quadros possa identificar algo, no âmbito duma filosofia empresarial, que possa garantir que haja recursos financeiros provenientes do trabalho e do suor dos próprios membros.
Quais vão ser as áreas?
Já temos, pelo menos, quatro áreas identificadas, mas por questões de ética partidária não convém falar neste momento.
Os resultados das eleições passadas mostram que o MDM tem força nas zonas urbanas do que nas rurais, onde a Frelimo está cada vez mais forte. Como pensam em penetrar nessas zonas?
Temos agora cinco anos de trabalho nas zonas rurais. A estratégia do partido faz questão de ser uma coisa interna, mas terão a oportunidade de ver os quadros do MDM a circular de lés-a-lés nas zonas rurais. Nós vamos trabalhar e vamos conseguir conquistar as zonas rurais e vamos conseguir consolidar a zona urbana.
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Vai concorrer na Beira?
São tipos de perguntas que sempre relego aos órgãos do partido. Quando chegar a vez, os órgão do partido vão decidir quem é que vai concorrer. O tempo dirá o que vai acontecer, é uma questão de esperarmos. Há quem diga que uma das soluções para o actual cenário político é a união dos partidos de oposição, Renamo, MDM e PDD (...). Unificar para fazer o quê? O importante é que cada partido trabalhe arduamente e que cada partido conquiste espaço. Cada organização política terá de fazer o máximo de si, buscar confiança das e nas pessoas. O MDM não vê uma vantagem clara em se unir aos outros partidos. Uma coisa é os partidos defenderem lugares na AR, outra é apresentar um projecto de dimensão nacional, uma tese que convença os moçambicanos. Isto é que é mais importante. Sempre apresentaremos argumentos que levem os moçambicanos a reflectir.
ntar seus projectos
Quinta, 07 Janeiro 2010 08:20 Redacção
Daviz Simango em discurso directo
Agora como adulto, que interpretação faz dos argumentos usados para condenar os seus pais à pena capital?
Hoje, certamente que as pessoas que assinaram as sentenças não o podiam fazer. Tivemos o caso da África do Sul sob o regime do apartheid e vimos Mandela, Mbeki e outros que, na altura, tinham sido condenados naquele país, mas não foram assassinados. E, hoje, a África do Sul vive um momento de reconciliação, onde todos podem participar no desenvolvimento do país. Se isso tivesse acontecido em Moçambique, não teríamos tido a situação da luta pela democracia, pois já teríamos compreendido que era necessário e possível conviver entre todos os moçambicanos, apesar das diferenças ideológicas.
Será que, alguma vez, um membro do regime pediu-vos desculpas?
Antes, nós compreendemos que a justiça deve ser feita pelo tribunal e a sentença deve ser feita nos órgão apropriados. Não é uma regra aceitável condenar os outros, visto que nenhuma pessoa por iniciativa própria pode matar. Nós tivemos um país, na altura, com campos de concentração, onde as pessoas eram assassinadas. Chamava-se a população para assistir ao fuzilamento. Trata-se de situações que, hoje, julgo eu, não se iam admitir. Houve moçambicanos que não queriam acreditar no que estava a acontecer e não concordavam com a forma de governar o país. Por conseguinte, decidiram entrar para as matas e lutar para a democracia, para a liberdade de expressão, de organização e de todos os demais direitos fundamentais do homem.
Ora, indo especificamente à sua questão, a resposta é “não”. Talvez alguns farão um dia. E, as pessoas que assinaram para que isso acontecesse devem evitar abrir esses dossiers. Contudo, a forma como algumas pessoas têm encarado esse assunto acaba pondo em perigo as nossas crianças, que poderão começar a interpretar isso como algo normal. Alguns aparecem a dizer, por exemplo, que foi uma cultura da época ou porque na altura era justicável. São coisas que podem pôr em perigo a consciência das nossa crianças.
Como é que encararam a morte dos vossos pais?
Como disse, nós fomos bem formados politicamente, mas deve imaginar como é que uma criança fica quando vê seus pais serem assassinados. Em todo o caso, nós fomos pessoas maduras, pessoas que sabem que devem construir a nação moçambicana e que essa contrução da nação moçambicana é um processo. Portanto, o importante, neste momento, é que temos de ter a consciência de que não devemos matar os outros por divergência políticas ou ideológicas, pois há uma necessidade de reconcialiação.
Nos manuais de história de Moçambique, diz-se que Urias Simango foi reaccionário e que, por conta disso, lhe foi aplicada a pena capital. Como encarou essa matéria na escola? Qual era a reacção do professor e dos seus colegas?
Eu não passei por essa altura, mas também quando nós estávamos a estudar, os professores sabiam quem éramos e evitavam falar, tendencialmente, dessas coisas. Tivemos muito amor dos professores. Sempre nos diziam que a nossa preocupação deviam ser os estudos e não aquilo que estava a acontecer. Diziam também que eles eram somente professores, funcionários que estavam a cumprir às ordens e que nunca nos iriam ofender, porque sabiam o que estava a acontecer. E, fomos estudando. Ora, quem passou por isto foi o meu filho mais novo.
Não teve receio de dar nome do seu pai ao seu filho?
Bem, nós tivemos familiares que não deixavam o apelido Simango aparecer nos documentos, porque naquela altura era motivo de prisão e até para ir ao campo de reeducação. E, no nosso caso, nós dissemos que não havia nenhum problema em usarmos o nosso apelido, pois era aquilo e é isso o que nós herdámos. Pensamos que isso não nos afecta em nada.
Terão recebido apoio de algumas figuras proeminentes da Frelimo, naquele momento, ou foram abandonados à vossa sorte?
Olha, naquela altura, reinava medo no seio deles porque havia interesses eventuais que cada um tinha. Outros tinham medo de ser fuzilados, de ir ao campo de reeducação. E, nós pensamos que muitos escondiam-se. Portanto, vivemos à custa dos familiares, que foram muito fortes, pois sofreram perseguições e passaram por várias situações.
E, hoje?
Bem, hoje já conversámos abertamente com muitos deles. Mesmo quando Chissano era presidente, conversávamos e sentavámo-nos à mesma mesa para convivermos. Mesmo com Guebuza e com vários outros antigos combatentes temos conversado. Esses antigos combatentes a que me refiro dizem desconhecer as reais causas do aconteceu. Mais: dizem que não tinham voz para reclamar e negar e, se o fizessem, entravam no mesmo saco. Seja como for, as coisas tem melhorado.
Quantas figuras lhe fazem recordar os antigos momentos? Joaquim Chissano, Guebuza...
Bom, é preciso dizer que não éramos tão crianças, éramos crianças adultas. Como dizia, éramos crianças muito bem formadas, sabíamos de muita coisa que estava a acontecer ali, inclusive escondíamos muitos guerrilheiros em nossa casa. Éramos crianças muito bem informadas. No fundo, todos recordam-me, mas de diferentes formas.
Como é que Daviz Simango aparece na arena política?
É uma situação que vem de há anos. só para lembrar, o meu bisavô paterno, Mbepo, estava associado ao regulado, pois ele era o ancião da igreja. Mais tarde, foi-lhe dada a oportunidade de ser régulo e ele aceitou. posteriormente, o regulado passou para a família Cumbaza, que são nossos primos. Meu avô já caminhava com Ngungunhane e, em casa, existem fotografias onde ele aparece com Ngungunhane.
Ainda é preciso compreender que a primeira revolta contra os portugueses aconteceu em Machanga e o meu avô estava envolvido nessa revolta. Foi por isso que parou em São Tomé, deportado no âmbito de trabalho forçado. Mesmo cá, ele foi vítima de trabalho forçado.
A minha mãe foi a primeira mulher que liderou as mulheres na luta de libertação nacional. Uma mulher muito combatente e era descedente dos Muchangas, que eram guerrilheiros.
Portanto, esse sangue todo criou em nós uma vontade política, mas a nossa mãe advertiam-nos que nos formássemos, primeiro e, só depois, passássemos para a política. E, de facto, acatámos esse comamdo. Era preciso estudar. Quando fui à faculdade de engenharia, indicaram-me para o curso de Engenharia Química, mas eu queria engenharia civil. Quando pedia para mudar de curso, não me deixavam e diziam que eu era miúdo. Só depois, quando o reitor era o Dr. Ganhão, consegui mudar de curso. E, durante o percurso estudantil, no “Self”, a vida era difícil, comia-se mal e acabamos fazendo aquela primeira manifestação de estudantes. Fui uma das pessoas que estavam a liderar o grupo. Tratou-se da primeira manifestação na universidade. E, assim, continuámos a fazer política, embora não de forma tão activa.
Voltaria à Renamo?
Não!
Nem que Afonso Dhlakama e o partido Renamo lhe peçam desculpas?
Não, não voltaria à Renamo.
Porquê?
É preciso compreender que o que estamos a fazer hoje, como MDM, é um chamamento de uma parte de moçambicanos. Esse chamamento puxa-nos às responsabilidades que nos exigem uma formação política séria. Nós precisamos de um partido que possa ser alternativa nesse país, daí que avancemos com o MDM, com o galo. É isso o que estamos a fazer, cumprir com aquilo que é o anseio de muitos moçambicanos.
De quem veio o conselho de concorrer à presidência da República?
Quando nós criámos o MDM, a nossa intenção era evitarmos os dois terços do partido Frelimo, mas depois dos resultados das eleições autárquicas apercebemo-nos que estavam criadas as condições para que a Frelimo conseguisse os tais dois terços. Nós achámos que isso era mau para a democracia em Moçambique.
A candidatura de Daviz Simango à presidência, à partida, era para puxar o galo. Se verificar bem, vai notar que entre o MDM e Daviz Simango há pessoas diferentes, e era necessária a força de Daviz Simango para conseguir introduzir o máximo possível de deputados na Assembleia da República.
Não esperava algo melhor do que conseguiu?
Em quatro meses, Daviz Simango não podia concorrer como tal, mas era preciso puxar o partido, era preciso criar condições para que o próprio Daviz Simango e MDM façam um exercício a nível nacional. O que fizemos foi um muito bom exercício de aquecimento. Era preciso conhecer bem o país, porque não o conhecia tão bem assim. era preciso entrar no país, lançar Daviz Simango e preparar a semente para o futuro.
Quanto é que o MDM investiu nestas eleições?
Nós investimos muito. Através das quotas dos membros, colocámos uma viatura em cada província. Mantemos algumas sedes operacionais até hoje. temos algumas dívidas de sedes e ainda temos que pagar algumas viaturas. O dinheiro da CNE não foi nada. O MDM a nível nacional lançou só 50 mil camisetas, que custaram de 1.4 milhão de meticais. Se formos a falar de material de propaganda, todo o dinheiro que recebemos foi para este efeito.
Não tem outras fontes de rendimento?
Nós gostaríamos de ter doadores, amigos estrangeiros, milionários a apoiar o partido mas, infelizmente, não temos. Lembro-me que alguém me perguntava se recebiamos dinheiro da Europa, não recebemos dinheiro de nenhum lado, o que temos é boa-fé, temos a nossa capacidade de gestão.
Qual vai ser a sustentabilidade do MDM nos próximos tempos para penetrar no país real?
Nós temos a consciência de que estámos a fazer política, e isso vai precisar de muitos recursos quer financeiros quer humanos e, sobretudo, a nossa disponibilidade como membros seniores do partido para levar avante aquilo que são as nossas pretensões. O MDM não vai olhar muito para os meios provenientes da Assembleia da República, para poder organizar-se e trabalhar. Vai, sim, olhar para uma possibilidade de uma filosofia empresarial. Portanto, o que nós queremos é que o MDM a partir dos seus quadros possa identificar algo, no âmbito duma filosofia empresarial, que possa garantir que haja recursos financeiros provenientes do trabalho e do suor dos próprios membros.
Quais vão ser as áreas?
Já temos, pelo menos, quatro áreas identificadas, mas por questões de ética partidária não convém falar neste momento.
Os resultados das eleições passadas mostram que o MDM tem força nas zonas urbanas do que nas rurais, onde a Frelimo está cada vez mais forte. Como pensam em penetrar nessas zonas?
Temos agora cinco anos de trabalho nas zonas rurais. A estratégia do partido faz questão de ser uma coisa interna, mas terão a oportunidade de ver os quadros do MDM a circular de lés-a-lés nas zonas rurais. Nós vamos trabalhar e vamos conseguir conquistar as zonas rurais e vamos conseguir consolidar a zona urbana.
Vai concorrer na Beira?
São tipos de perguntas que sempre relego aos órgãos do partido. Quando chegar a vez, os órgão do partido vão decidir quem é que vai concorrer. O tempo dirá o que vai acontecer, é uma questão de esperarmos. Há quem diga que uma das soluções para o actual cenário político é a união dos partidos de oposição, Renamo, MDM e PDD (...). Unificar para fazer o quê? O importante é que cada partido trabalhe arduamente e que cada partido conquiste espaço. Cada organização política terá de fazer o máximo de si, buscar confiança das e nas pessoas. O MDM não vê uma vantagem clara em se unir aos outros partidos. Uma coisa é os partidos defenderem lugares na AR, outra é apresentar um projecto de dimensão nacional, uma tese que convença os moçambicanos. Isto é que é mais importante. Sempre apresentaremos argumentos que levem os moçambicanos a reflectir.
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