Tuesday 1 December 2009

Conversão de carros a gás

Made in Mozambique é um fiasco

- considera Dalilo Ibrahimo, director da Enpex

Maputo (Canalmoz) - O facto de o Estado moçambicano não estar a converter os seus carros para funcionarem a gás está a gerar polémica no seio da empresa que se dedica a conversão de motores de carros. O Governo está a contrariar o que havia prometido, segundo fontes da empresa. Prometeu incentivar o uso de gás natural principalmente nos carros mas passado já um ano e meio, o Estado só converteu “apenas dois dos seus carros para uso a gás”. E mesmo esta conversão, pelo que nos indicam, surgiu apenas depois de alguns artigos publicados pelo Canalmoz e pelo Canal de Moçambique-semanário.
Por outro lado, verifica-se ainda, segundo nos revelaram fontes habilitadas, que a empresa Transportes Públicos de Maputo, TPM, desistiu do projecto de uso de gás natural nos autocarros.
O director da Enpex, Dalilo Ibrahimo, uma empresa especializada para assistência e conversão de motores de carros normais em consumidores de gás natural, questiona a eficácia do Made in Mozambique, pelo facto de que o Governo não estar a valorizar o seu produto nacional, gás, para consumo nas viaturas.
Falando à nossa reportagem a propósito do governo não estar a honrar o compromisso que assumiu de transformar as viaturas para passarem a consumir gás natural que se produz no País, Dalilo Ibraimo disse que “o Made in Mozambique é um tremendo fiasco”. “Apenas é usado em certos casos e para beneficiar alguns”, conclui.
Danilo Ibraimo recorda o anúncio da primeira-ministra Luísa Diogo que promete subida de preços dos combustíveis líquidos em 2010 e lembra que o gás que se produz no País pode ser uma solução. Mas para esta fonte, o facto do governo continuar a não considerar o uso de gás consolida a ideia de que o Governo não está interessado em promover o gás nacional.
“Se de facto houvesse algum interesse, o Governo faria o possível para promover o uso de gás, ao invés de importar combustíveis líquidos, que saem mais caros para os consumidores”, opina.
“Este facto vem ainda consolidar a contradição: o Ministério da Energia tinha prometido que seriam os primeiros a converterem seus carros, mas nada fez”.
O governo manifestou a pretensão de promoção e incentivo do uso de gás natural mas vê-se agora que isso não passou de conversa para enganar. Por parte do Estado, apesar do discurso político pouco ou nada está a ser feito para promoção do gás como combustível.
O director-geral da Enpex disse que isto prova uma vez mais que o Governo moçambicano não está interessado em promover o gás.
A fonte defende que o Governo ao menos deveria cumprir com sua promessa, criando mecanismos de promoção e de conversão dos carros do Estado. Mas não cumpre com o que prometeu. É a evidência do desinteresse por parte do Estado. Depois de um ano e meio, converteu, apenas “esta semana, dois carros, num universo de 2 mil carros que dispõe”.
De acordo com a fonte, “o Governo moçambicano deve criar políticas e mecanismos claros sobre a promoção do uso de gás”.
“O Estado deveria, pelo menos, reduzir certas taxas para as pessoas que têm seus carros movidos a gás, para poder angariar mais aderência”.
Para a fonte, o que está plasmado na I série número 22, do Boletim da República de 4 de Junho, na sua Resolução de 10/ 2009, sobre a estratégia do Governo reduzir a dependência económica e de importação de combustíveis fosseis e promover e incentivar a utilização de veículos, é apenas um jogo político. Em suma, mais uma das muitas promessas que não passam disso mesmo.

(António Frades)

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