Estimado Araújo,
Ao enviar o texto ao mocambiqueonline sabia que serias uma das poucas pessoas a reagir. Acho que acertei e isso reforça, mais uma vez, a necessidade de enviar textos dessa natureza, de modo a influenciar mais pessoas a discutir o sector Cultural.
Quanto ao posicionamento que tomaste em 2005 sobre o Sector cultural lamento ter que te decepcionar. Tomei uma posição favorável ao actual quadro. E não me arrependo. Lembro-me até do debate público que tive com a confrade Lina Magaia que comungava da mesma ideia que a tua. Talvez com argumentos diferentes, mas a tese era a mesma. Bom, ainda continuo a pensar que em África a Educação deve estar necessariamente ligada a Cultura (ou o inverso, se quiseres). Agora, não basta só a estrutura é necessário que em termos funcionais isso seja aplicado/concretiza do.
Isto para dizer que devemos olhar o MEC (Ministério da Educação e Cultura) como um Ministério e não a parte Cultural “atrelada” a Educação, como erradamente dizes e acredito que algumas pessoas assim pensam. Pena é que alguns dirigentes também pensam assim como tu!
Só para reforçar o meu raciocínio em apreço, permita-me usar o exemplo da ideia do futuro do seu avô: Imaginemos um cenário em que na escola primária e secundária o aluno tenha a devida educação, com enorme teor cultural. Não achas que ao invés da AEMO e outras associações culturais perseguirem esse estudante no ISRI, seria este a perseguir as instituições culturais e depois tornar-se num bom diplomata?
Caro Manuel de Araujo, com a abordagem apresentada acima não tenciono atirar a culpa aos outros. Aliás longe de mim atirar “pedras para o Lago”. Longe de mim atirar pedras para o rio. Longe de mim atirar pedras para o Oceano. Mas não me parece prudente, por exemplo, que os fazedores de cultura persigam os partidos políticos para serem contemplados nos seus manifestos. Sei que vais dizer que a minha posição cheira a arrogância e ao orgulho desnecessário. Mas cá entre nós ó Manuel, achas que isso fica bem? Ao agirmos assim, não estaríamos a “secundarizar” o sector Cultural? Os partidos afinal não podem fazer aquilo que chamam de auscultação, etc, etc.?
Quase a terminar, penso que não preciso te recordar que os fazedores da cultura têm se aproximado, directa ou indirectamente, de boa parte dessas instituições todas que mencionaste. Eu sei que sabes muito bem disso! Se não sabes devias saber, compatriota!
A terminar mesmo, sem makas, quero agradecer as contribuições dadas. De facto, são valiosas para uma boa reflexão, embora algumas questões que levantaste me pareceu já teres as respostas.
Saudações Literárias
Domi Chirongo
PS: Se houver uma ideia concreta para operacionalizar a participação de Moçambique nas feiras do livro do Malawi em Outubro e Ghana em Novembro por favor apresentem.
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