Arcebispo Dom Jaime afirma-se assustado com espectro de violência
O arcebispo mediador do Acordo Geral de Paz, entre outros bispos católicos africanos, encontra-se em Roma, a participar no Sínodo Africano.
Beira (Canalmoz) - No quatro de 17º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz, o arcebispo da Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, dirigiu uma circular aos fiéis da igreja católica de Sofala, em torno do espectro de violência, estratégias de violência, de intimidação, perseguição, confrontos e tensões entre partidos e alguns órgãos eleitorais, tendo recordado que “o início da preparação ou campanha assustaram-nos” particularmente por ter incidido na sua arquidiocese (Sofala).
De acordo com aquele documento, que foi lido em todas as paróquias no domingo passado, e a que a nossa Reportagem teve acesso, “tratando-se da nossa Arquidiocese que é toda a província de Sofala, temos particular sensibilidade e preocupações porquanto voltamos a ouvir falar dos “homens armados” nalguns distritos, reforço de polícias especiais, de altas preocupações políticas”.
O Arcebispo Dom Jaime pretende referir-se ao estado de tensão entre membros das principais forças concorrentes, a Frelimo e Renamo, que lançaram-se em acusações sobre a existência da força residual da “perdiz”, composta de 150 homens, e que tem sido, como habitualmente, objecto de troca de acusações entre os dois antigos beligerantes.
Aliás, a despeito da segurança da Renamo, o deputado da Renamo, Rui de Sousa, disse então, na Beira, numa conferência de imprensa, que “a Frelimo tem um Plano-Mestre que visa causar um banho de sangue nas eleições que se avizinham. O tal plano está sob coordenação do senhor ministro do interior, José Pacheco, na qualidade de membro da Comissão Política do “batuque e maçaroca” e em coordenação com o Comando Geral da PRM e comandantes provinciais das zonas centro e norte, muito concretamente Sofala e Tete, sobretudo as zonas onde o partido dominante não goza de simpatia, tal como de Sousa afirmou.
O comandante provincial da Polícia de Sofala, Zacarias Cossa, viria então a reagir da seguinte maneira: “as acusações da Renamo foram difundidas por uma das televisões nacionais. Este assunto é sorumático. Estou-lhes a poupar, porque não posso pronunciar-me com a mesma liberdade que eles usam para dizer coisas sem nexo. Se eu tivesse diria que o assunto é psiquiátrico. Porquê é que vamos atacar Marínguè e Inhaminga? É o cúmulo de absurdo. Eles estão à procura de bode expiatório para justificar descalabro eleitoral”.
Acrescentou que “mal ficaríamos nós em Sofala se todos aqueles males verificados no início da campanha eleitoral e outros nesses últimos dias se se concentrassem na província e nossa Arquidiocese. Daí a nossa oração de Paz à nossa Padroeira. Que os homens e mulheres de Sofala, particularmente os jovens, se deixem guiar pelas recomendações da Conferência Episcopal de Moçambique e do Conselho Islâmico que passaram já para o público. Fazeis bem ler, reler deixar-vos guiar por eles nos actos políticos em ordem às próximas eleições de 28 de Outubro.”
A referida circular com o número 5/09 explica que o mês de Outubro é dedicado universalmente e “mais por nós da arquidiocese da Beira” à nossa Senhora do Rosário, sendo que será marcado por orações das comunidades cristãs. No dia 4 de Outubro, em devoção àquela Padroeira, o Santo Padre Bento XVI “convocou toda a Igreja para estudar a melhor maneira de transmitir aos povos africanos o Evangelho da Reconciliação da Justiça e Paz”.
Refira-se que Dom Jaime, entre outros bispos católicos africanos, encontram-se em Roma, a participar no Sínodo Africano.
(Adelino Timóteo)
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