A TENTAÇÃO de escrever uma carta ao Deviz Simango é velhota demais para o
meu estilo: não foi logo depois da sua re-indicação para a governação da
cidade da Beira. Foi logo depois da sua indicação para Presidente do MDM.
Não para felicitá-lo ou desfelicitá-lo. Simplesmente para lhe recordar que
os beirenses gostavam dele e por isso mesmo lhe haviam confiado um segundo
mandato.
Que fosse presidente do MDM, sim, mas que tinha nas suas costas também a
simpatia, a confiança, o amor do povo da Beira. Mas depois fiquei
tranquilo. Mas só fiquei tranquilo por pouco tempo pois apareceram coisas
que menos me animaram na sua postura, mas sem querer dizer que tenha
actuado menos bem. Simplesmente menos me animaram as digressões, por tempo
monstro para um gestor público recém-reconduzido, pelas europas, sempre
desejadas, diga-se em abono da verdade, pela África, a tal sempre “altiva
e mística” da nossa bela poesia e por isso muito atractiva.
Ainda me deixei estar, aceitando que depois de uma luta pela sua
recondução à governação da Beira precisasse mesmo de relaxamento ao mesmo
tempo buscando solidariedade, apoios e sei mais o que para o seu MDM. Mas
esqueci-me que lá de fora vem apenas um tipo de apoio, um tipo de
solidariedade. É necessário que apoios, que solidariedade também deve
existir cá dentro. E o tempo corria. Era necessário lançar o partido ao
nível nacional. Construir bases. Foi assim que não podendo perder tempo,
julgo, Deviz pôs-se a visitar alguns distritos de Sofala. Isto logo depois
do seu regresso da Europa. Logo depois do seu regresso de alguns países
africanos. Na Europa também visitou alguns países.
Antes da percepção que tive, por instantes fiquei confuso. Passou-me pela
cabeça que Sofala toda tivesse sido autarcizada. Não. Em visita aos
distritos não estava o presidente do município da Beira. Em visita aos
distritos estava o presidente do MDM. Estava lá para falar do movimento,
dizendo que ele existe e… prontos quer governar. Que os outros já
governaram. Outros ainda não, mas não podem.
Aqui confesso que comecei a ficar surpreendido: nada disto julguei que
Deviz podia fazer, mas lá estava o rapaz do Chiveve por alguns distritos
do Sul com uma enorme corte de apoiantes lançando o partido e os beirenses
à espera que folga houvesse para terem o seu edil a resolver os problemas
da urbe que teimam em nunca acabarem.
Depois foram as viagens a Nampula. Viagens e mais viagens com alguns
incidentes de permeio. Incidentes que poderiam ter sido graves não fosse a
providência. Porque há nalguns políticos deste Moçambique aqueles que não
toleram as diferenças, até quando são de “filhos”. Graças a DEUS tudo
terminou bem, embora ache que os malandros deviam ser cilindrados, mas
como em nome da democracia tudo se tolera, esperemos que ela mesma, a
democracia, se encarregue de os colocar no caminho correcto.
Agora, Deviz. Agora que já sei que vai concorrer a Presidente da
República, agora que já sei que é sua convicção e certeza que a Ponta
Vermelha é o seu destino mais próximo. Agora que estou certo que toda a
sua actuação está polarizada numa presença significativa no Parlamento via
legislativas. Agora que já sei que a sua maior ambição é uma maioria nas
Assembleias provinciais, que é a maneira de dilatação da base de apoio.
Agora que já sei de tudo isso, Deviz. Agora estou certo que não pode estar
a ocupar-se grandemente pelo Chiveve. Não pode, Deviz. Sejamos francos. E
Agora. Agora e por aquilo que sei de si, que sei dos tempos do self, julgo
que em nome da moral, em nome da ética, abdique da governação da Beira e
siga em frente com o MDM. E siga em frente com o projecto da sua campanha
para a presidência da República. É que isto fica complicado e ainda por
cima com a imprecisão das fronteiras entre o presidente do município e o
candidato a PR e os recursos.
Sei que este meu pedido pode sujeitar-se a interpretação diversa, mas
também disso não gosto menos desde que seja expressa, que as diferenças,
no lugar de empobrecer, enriquecem. Porque com o diálogo Moçambique fica a
ganhar. Deviz, os beirenses indicaram, escolheram um homem para os
governar, governar a cidade da Beira, que nalguns casos, para eles
Moçambique é só Beira, e você não está podendo estar com eles. Não está
podendo viver intensamente os problemas deles, como o fez e por isso lhe
reconduziram. Pode até tentar dizer que pretendo distraí-lo, que pretendo
não se sabe o que, mas a verdade é que você não pode estar a dedicar
grande coisa para a cidade da Beira. É de humanos. E Deviz, você é homem.
Djenguenyenye Ndlovu
Maputo, Terça-Feira, 11 de Agosto de 2009:: Notícias
Manmohan Singh, Indian ex-PM and architect of economic reform, dies at 92
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Manmohan Singh was instrumental in bringing India out of economic and
nuclear isolation.
1 hour ago
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