Monday 31 August 2009

A partir da RDCongo: Hidroeléctrica para servir Europa sofre criticas

UMA organização que avalia projectos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional criticou severamente, semana passada, planos para abastecer residências na Europa, de electricidade gerada em África.

O Projecto Bretton Woods concentrou-se, na sua avaliação, num projecto para a construção proximamente de uma barragem hidroeléctrica na região de Grand Inga, na RDCongo, que segundo a BBC, se trata de um empreendimento financiado pelo Banco Mundial, que incluirá um pacote para o fornecimento de electricidade a regiões do sul da Europa, através de um cabo subterrâneo.

A fonte sublinha o facto de menos 30 por cento de cidadãos africanos terem acesso à electricidade, e na RDCongo a situação ser ainda mais grave, com apenas sete por cento dos congoleses a beneficiarem de electricidade.

Mas, apesar da necessidade desesperada de energia eléctrica no Congo, Anders Lustgarten, do Projecto Bretton Woods, disse ser pouco provável que o povo congolês beneficie da barragem hidroeléctrica de Grand Inga, que será a maior do mundo.

“Apesar de milhares de milhões de dólares da dívida criada por este projecto terem de ser pagos pelo governo congolês, não vejo como é que o povo irá beneficiar. Toda a energia eléctrica será usada ou pelas minas do país, ou para exportar para outros mercados”, afirmou Lustgarten, em declarações à BBC.

O Banco Mundial sustenta que por forma a garantir os financiamentos, o projecto da hidroeléctrica congolesa precisa de apoios europeus, mas Lustgarten entende que fazer chegar a electricidade à Europa “será uma operação complexa”.

“Eles vão construir um cabo eléctrico de alta tensão a partir do rio Congo, para atravessar o território do Sahara Ocidental, Darfur, Egipto, Mediterrâneo, até à Europa. Quão complicado, perigoso, difícil, ridículo e incrivelmente caro será fazer isso para que os europeus usem electricidade gerada pelo rio Congo. Enquanto isso, as pessoas que vivem ao lado do rio, há várias gerações, continuará sem receber nada”, censurou Lustgarten, concluindo: “Não é a primeira vez que África será usada para gerar energia para a Europa. O continente já é um importante fornecedor de petróleo, e no mês passado foi assinado um acordo para se transportar gás da Nigéria para vários países europeus. Entretanto, a maior parte dos africanos continua sem electricidade”.
Maputo, Segunda-Feira, 31 de Agosto de 2009:: Notícias

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