Wednesday 12 August 2009

A Opiniao de Noe Nhantumbo!

PÉRIPLO DE HILLARY CLINTON…
Nada de novo como se previa…

A Secretária de Estado americana tem estado a percorrer algumas capitais africanas em nome de uma nova política externa de seu país. Depois de Obama ter visitado o Gana era de esperar que a chefe da diplomacia americana viesse ao continente no seu primeiro ano no cargo. Com agendas multiformes e sem tempo para realmente aferir muitos dos assuntos que acontecem sob o seu pelouro deve ser duro e complicado ser secretário de estado eficiente e em cima dos acontecimentos. Só possuindo um equipa bem apetrechada e com poderes de agir é que se pode obter resultados num domínio tão vasto e com tantas obrigações.
Afinal quem almeja ser grande potência ou se afirma grande potência tem responsabilidades e tarefas acrescidas. Não faz sentido nem lógica se queixar de muito trabalho ou de sua complexidade.
Quando já se previa que a viagem de Clinton à África nada de novo significaria isso está sendo confirmado. A diplomacia continua a ser ditada pelos mesmos preceitos e regras. O interesse pelos recursos considerados estratégicos como o petróleo e os interesses geo-políticos ditaram a escolha de capitais a visitar como parece evidente. A capacidade de influenciar a actuação de países africanos por parte de alguns dos visitados também contribuíu para ditar onde ir e onde não ir como é o caso da África do Sul. Não me admiraria que a Guiné Equatorial também fosse visitada porque na administração anterior seu chefe de estado teve tapete vermelho na América. O petróleo fala uma língua que todos entendem e que todos aceitam como a linguagem do dólar. Fala-se e chama-se a procedimentos como o tomado pela senhora Clinton de pragmatismo e não há como negar que os países tem interesses concretos que muitas vezes diferem da demagogia oficial. Ela mesmo já havia dito que no seu relacionamento com os China, os EUA iriam adoptar uma postura realística e que os direitos humanos abusados pelos chineses não iriam interferir nisso.
Também em África a inclusão de Angola e da RDC no seu roteiro mostram que mesmo indo contra pontos de vista de ONG´s de seu país que condenam e classificam de roubalheira o que a liderança angolana faz, a administração americana é muito susceptível ao lobby do petróleo. Ela, Hillary, decerto que sabe que José Eduardo dos Santos tem milhões de dólares congelados na Suiça por alegadamente sua origem ser ilícita. O seu convite à última reunião dos G-7 na Itália é sintomático de uma tentativa do Ocidente se contrapor aos avanços da política externa chinesa bem como a sua infliltração em países ricos em recuros do continente africano. Nada acontece por acaso.
Ela também sabe que na RDC muito do que acontece está declaradamente tingido de ilicitudes e crimes contra a pessoa humana. O simples facto de se dialogar com determinado tipo de pessoas dá-lhes uma legitimidade que não merecem. Não que se fechem as portas do diálogo a ditadores ou gente de natureza duvidosa. Mas tem sido atitudes deste tipo que tem permitido que em África floresçam ditatuduras e mascaradas de democracias sem nenhum conteúdo. Fecham-se os olhos ao que acontece em países específicos e depois diz-se que se procede desse modo porque assim se ajuda o desenvolvimento económico desses países.
Há mentiras embrulhada com a verdade nesta coisa de política externa. Muito do que se pretende não se realiza porque há sempre alguma coisa que o impede.
As voltas que se dão no panorama internacional só mostram que cada um se deve defender. Ninguém virá em nosso socorro altruisticamente. Mesmo aqueles que se declaram nossos amigos e parceiros fazem-no e agem com perfeito conhecimento de seus intereses e os limites até onde irão em relação à parceira e amizade que hoje exibem.
De Washington não virá nenhum milagre. Uma visita de Hillary nada mudará e se algum ganho houver deve ser no domínio da indústria hoteleira ou de venda de combustíveis para as aeronaves utilizadas.
Está mais claro do que nunca que devem ser os partidos políticos a lutar para que seus países mudem de rumo e sigam por novos caminhos de democracia real.
As fraudes eleitorais e a apropriação de todas as oportunidades económicas e financeiras por um grupo restrito de cidadãos só serão erradicadas com o trabalho quotidiano dos africanos e não através de afirmações ou proclamações desta Hillary Clinton ou de outro chefe de relações externas de Londres ou Paris.
Cada um toma conta do que é seu e do que lhe diz respeito.. se agora se inclui a questão de mudanças climáticas na agenda das visitas a países como a África do Sul é porque já se ganhou plena consiciência de que elas afectam todos.
Mas porque por exemplo com a malária e o HIV que não tem tanta influência na vidas dos países como os EUA, seus governos intervém no assunto como se fosse por caridade. E os africanos, muitas vezes ficam a espera de submeter projectos por si desenhados a doadores do Norte, como se isso fosse erradicar tais males.
Muito há ainda que aprender no relacionamento com as potências...

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