Friday 7 August 2009

Durante as presidências abertas

Fantasma de “7 milhões” persegue Guebuza

Em Mussorize, na província de Manica, o presidente da República foi brindado com denúncias populares, informando que os membros da Comissão Consultiva local cobram dinheiro para atribuírem verbas a partir do famoso fundo dos 7 milhões para projectos de iniciativa local

Manica (Canalmoz) – O presidente da República não podia ter terminado a presidência aberta à província de Manica com uma melhor informação para lhe provar, mais uma vez, que o Fundo de Apoio a Iniciativas Locais está, de facto, a levar para os distritos a corrupção. Foi brindado com novas histórias de “irregularidades” relacionadas com a aplicação dos famosos 7 milhões introduzidos pelo seu governo.
No seu último dia de visita à província de Manica, Guebuza recebeu queixas da população local denunciando os membros do Conselho Consultivo Distrital. Foi dito a Armando Guebuza que membros do seu governo ao nível local estão a cobrar comissões aos interessados em beneficiar de fundos. Em suma, exigem comissões para aprovarem os projectos. Algo muito semelhante ao que há muito se sabe que acontece a outros níveis mais altos. É afinal a reprodução nos distritos do mal que graça no País a outros níveis.
Como sempre, o chefe do Estado limitou-se a prometer que será dado seguimento às denúncias, mas, mais uma vez, ficou evidente que os 7 milhões alocados aos distritos e entregues à pessoas de competência técnica duvidosa para a sua gestão, estão a “descentralizar a corrupção” para os distritos.
Os cidadãos que se pronunciaram sobre tais casos solicitaram ao presidente da Republica, o aperfeiçoamento dos mecanismos de controlo do fundo, para que não sejam distribuídos por pessoas desonestas e consequentemente desviados para fins ilícitos, em detrimento dos objectivos para os quais foi criado o Fundo para fomento de iniciáticas locais.
Sem indicar nomes dos burladores, claramente por temer represálias, Vundzissa Jossias, levatou-se, durante o comício presidencial, para dizer que “membros do conselho consultivo distrital de Mossurize têm vindo a condicionar a atribuição dos fundos” aos mutuários, a comissões exorbitantes, o que, na sua óptica, dificulta a implementação de projectos desenhados e, consequentemente, afecta o processo dos reembolsos.
“Há pessoas que se pautam pela cobrança de comissões, para que alguém seja enquadrado na lista dos beneficiários dos vulgo 7 milhões”, disse Vundzissa Jossias.
Não houve só denúncias de casos de corrupção ao nível de quem decide sobre a atribuição de verbas do fundo para iniciativas locais. Houve também denúncias de má actuação na Educação, na Polícia de Transito e em várias outras instituições públicas. Foram várias as queixas contra funcionários e dirigentes. São acusados de apatia e de violação de direitos laborais.
Vundzissa Jossias falando do seu projecto com que concorre a verba do fundo de iniciativa local diz que já submeteu a proposta em 2007, mas “foi reprovado, porque não possuía 5000 meticais para o respectivo pagamento de comissão à pessoa que trata dos respectivos FIL”. Não revelou o nome do corrupto.
Quanto à Policia de Transito na região foi dito que os agentes cobram ilicitamente valores avultados em vez de multas, tendo tornado insustentável aos cidadãos terem um carro em Mossurize. “Um moçambicano circula muito à vontade com o seu carro no estrangeiro (Africa do Sul), mas em Espungabera está difícil aturar os policias”, disseram cidadãos ao PR no último dia da sua visita áquela região do País .
Quanto ao sector da Educação, os atrasos ou falta de salários para funcionários públicos foram denunciados.
Foi reclamada a abertura de uma instituição bancária.
Foi também salientada a falta de ponte sobre o rio Mossurize, e vincada a necessidade de asfaltagem ou melhoramento da estrada nacional Dombe-Espungabera.
Pelo lote de problemas apresentados ao chefe do Estado ficou claro que a zona tem estado esquecida pelos sucessivos governos.
No entanto, Armando Guebuza, em clara pré-campanha eleitoral a coberto de “Presidência Aberta”, declarou que “o Governo vai resolver as inquietações colocadas, mas tudo faz-se passo a passo, não tudo duma vez”.
O chefe de Estado que está em fim de mandato e é um dos candidatos às presidenciais de 28 de Outubro próximo, acrescentou que “todas as questões apresentadas mostram a ânsia que o povo tem de sair o mais rapidamente possível da pobreza e de ver resolvidos os problemas que ainda constituem obstáculos no caminho rumo ao fim deste mal”.

(José Jeco)

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