Wednesday, 26 August 2009

Distribuição dos célebres “7 milhões” aos distritos

Recebemos dinheiro sem experiência de gestão

- assume o secretario permanente da Angónia, em entrevista ao Canalmoz

Tete (Canalmoz) – Num balanço efectuado pelo secretário permanente do distrito de Angónia, Francisco Pedro Carvalho, em entrevista ao Canalmoz, ele deu conta de que aquele distrito não conseguiu honrar com os seus compromissos. Referia-se aos desvios de aplicação do fundo destinado aos investimentos de iniciativa local, os célebres 7 milhões de meticais.
O mesmo interlocutor indicou que o distrito precisava de ter tido instrução prévia, ou seja, deveria ter formado pessoal para gerir tal importância, antes da alocação do fundo de investimento ao distrito.
Francisco Pedro Carvalho foi, entretanto dizendo que mais de 14 milhões de meticais locados no decurso dos anos 2006 e 2007, foram aplicados na reabilitação de infra-estruturas como o campo distrital, talho da vila, reabilitação do mercado central, construção de duas casas para residência de funcionários, aquisição de chapas para a cobertura de salas de aulas, pavimentação da via de acesso à residência oficial do administrador e de acesso ao edifício da administração e compra de mobiliários.
Afirmou também, categoricamente, que apesar do “desvio na aplicação” dos famosos sete milhões, nos anos acima referidos, “o distrito tem estado a registar um aumento de níveis de produção de comida, criação de mais postos de trabalho e geração de rendimento”. Sublinhou ainda que isso se deveu à realização de acções com tendência a consciencializar ou capacitar os gestores do fundo. “Em 2008, direccionámos o orçamento, pela primeira vez, para o financiamento de 97 projectos, sendo 60 para a produção de comida, 24 para a geração de rendimento e 13 para geração de emprego, num universo de 184 projectos apresentados ao nível do distrito.”
Anunciou que estes projectos beneficiaram 675 famílias e criaram cerca de 254 novos postos de trabalho.
“Atingimos um crescimento de cerca de 75%”, disse a fonte que estamos a citar.

Rembolso abaixo dos 50%

Tratando-se de uso do fundo em projectos do próprio Estado, como se pode perceber pela sua enumeração, atrás, seria de esperar que houvesse lugar a reembolso. Contudo, durante a sua intervenção, Francisco Pedro Carvalho deu a conhecer que o processo de reembolso do fundo de iniciativa local, referente ao ano 2008, foi muito abaixo das expectativas pois os valores locados são já de vários anos, mas reconheceu que tal atraso se deve à natureza da implementação do investimento.
“Há quem investe na produção agrícola, alguns no fomento pecuário e outros ainda no comércio; e o período de reembolso depende mais da actividade em que o beneficiário aposta”, diz.
Afirma que até ao momento já foram reembolsados valores que não atingem os 50% do que foi locado. Mas foi dizendo: “estamos a trabalhar junto das comunidades e dos conselhos consultivos para acelerarmos o processo, de modo a que tenhamos, até finais deste ano, o valor suficiente para o financiamento de mais projectos”.

(José Mirione)

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