IMPORTAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA, LEGISLAÇÃO PERMISSIVA OU SIMPLESMENTE NADA?
As vezes somos colhidos de surpresa por afirmações de representantes do patronato local sobre a inexistência de quadros moçambicanos capazes de levar a cabo determinadas empreitadas. Fala-se de know-how como se fosse coisa de outro mundo que os moçambicanos não conheçam ou que não possuem.
Não queremos dizer que em coisas bastante específicas não haja necessidade de importar mão de obra estrangeira. Também não queremos dizer que não haja necessidade de imprimir uma dinâmica diferente no processo de transferência de tecnologias.
O que recusamos aceitar por não corresponder a verdade é que os moçambicanos não saibam fazer nada ou que se usem justificações esfarrapadas para sustentar a importação de mão de obra estrangeira.
Moçambique precisa de apurar a sua legislação tanto no que se refere a emigração como nos aspectos ligados a autorização de trabalho para estrangeiros. Todos os países tem legislação específica para os casos acima referidos.
Não se pode aceitar que tudo que apareça na “rede seja peixe” pois não é e todos sabemos disso.
Precisamos de aprender com os que sabem mais do que nós mas isso não deve ser sinónimo de uma política que aceita tudo mesmo que prejudique os mocambicanos.
Num passado bem recente, quando havia guerra civil no país, quase não havia estrangeiros trabalhando e o país não deixou de produzir por causa disso.
Mesmo em áreas relativamente sofisticadas como a dos gasoudutos, indústria cervejeira, condutores eléctricos, construção de estradas e pontes as coisas funcionavam a contento.
No domínio da produção agro-pecuária os níveis alcançados eram satisfatórios. Era um modelo diferente de produção que enquadrava os recursos humanos de maneira diferente mas nem por isso se pode dizer que Moçambique tivesse algum dia parado.
Moçambicanos com experência professional pré-independência, outros da geração do 8 de Março, outros formados no estrangeiro, juntamente com assessores cooperantes garantiam o funcionamento de uma máquina económica que tinha os seus resultados.
Uma coisa é a necessidade de se acelerar o processo de aprendizagem de novas tecnologias e outra é a importação maciça de mão de obra estrangeira sem obedecer a critérios que defendam os recursos humanos nacionais.
Procura-se atribuir a culpa do insucesso a uma coisa quando na verdade se trata de uma falta de enquadramento adequado dos recursos humanos existents.
Estamos vendo por exemplo os EUA equacionarem a penalização de empresas que exportam indústrias para países com mão de obra mais barata e que fogem ao fisco colocando lucros em paraísos fiscais. Quando há falta de recursos há que procurar soluções. Há toda uma tendência internacional de legislar a favor de interesses identificados como os nacionais. Só nós é que parecemos distraídos ou incapazes de ter um governo que pensa e perspectiva.
Aceitamos todo o tipo de imposições em nome da necessidade de atrair investimento estrangeiro e nesse preocesso acabamos até de importar as indústrias que os outros não querem e caricatamente sem contrapartidas financeiras conhecidas ou razoáveis. Chamamos governar a exercícios que nada tem a haver com o assunto.
Um governo que impõe uma agenda que não consegue resolver os problemas dos seus cidadãos, que se limita a fazer vista grossa quando é chamado a responsabilidade e de uma maneira normalmente arrogante, não serve os interesses nacionais.
É responsabilidade de todos intervir no que se refere ao país e não se pode deixar tudo nas mãos de quem por hábito até tem apresentado resultados muito sofríveis.
A situação é grave e instituições como a CTA aparecendo quase sempre a boleia do executivo precisam de aprender a trabalhar e a pensar de uma maneira a altura dos desafios nacionais. Depositar toda a confiança em alguma coisa que mais parece uma confraria de interesses e ignorar positivamente pontos de vista de quadrantes nacionais úteis tem se revelado fatal para muitas iniciativas que poderiam estar acontecendo.
Tratar da questão de mão de obra estrangeira e de outros assuntos pertinentes tem de ser visto como algo indispensável no quadro de um movimento que signifique repensar activamente sobre a governação nacional.
Os retiros dos “camaradas” podem ter a sua utilidade mas porque acontecem num ambiente restrito e sujeito a obediência e disciplina partidária tem muito espaço para a liberdade de expressão genuina.
Nesta questão de país temos de ter toda atenção como cidadãos.
Dos nossos deputados está visto que muito pouco podemos esperar. Uma vez satisfeitas as suas regalias e salários perdem capacidade de pensar e agir.
Há que deixar de entregar o “ouro aos bandidos”…
Hamas says female hostage killed in northern Gaza
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The woman's identity has not been revealed and it is unclear how or when
she is said to have died.
55 minutes ago
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