Tuesday, 7 April 2009

Manuel dos Santos admite vitória de Chalé Ossufo

Partido de Afonso Dhlakama adopta fuga para frente em Nacala-Porto

* A decisão do candidato se declarar unilateralmente por vencido e contrariar assim a Renamo, já teve reacção a partir da Beira. O partido não concorda que o edil cessante tenha admitido a derrota “Ele (Manuel dos Santos) sabe que lhe roubaram votos. Houve fraude, sim senhor. Nós denunciamos, e quando o Conselho Constitucional valida uma eleição fraudulenta abre portas à violência, ameaça a paz e a democracia.” – Fernando Mbararamo, delegado político da Renamo na província de Sofala

Beira (Canal de Moçambique) – Manuel dos Santos, edil de Nacala, cidade portuária na província de Nampula, que foi a semana passada proclamado pelo Conselho Constitucional vencido na segunda volta das eleições para a presidência do município de 11 de Fevereiro último, decidiu unilateralmente aceitar a vitória do seu rival Chalé Ossufo, candidato da Frelimo, e dessa forma contrariar Afonso Dhlakama, líder da Renamo que foi proponente da sua candidatura. Os primeiros ecos chegam-nos da Beira. O delegado político da Renamo em Sofala, Fernando Mbararano, veio o terreiro, no último sábado, dizer que hoje edil Manuel dos Santos vai entregar as chaves do Município de Nacala-Porto à Frelimo, por receio de represálias e perseguições, uma posição pessoal com que a “perdiz”, não concorda, mas compreende.
A posição de Manuel dos Santos deita por terra a posição da Renamo até aqui conhecida, segundo a qual o partido de Afonso Dhlakama não iria aceitar uma transição pacífica da edilidade para o candidato vencedor das eleições, alegadamente porque a Frelimo ter promovido “fraude” para assegurar a vitória do seu candidato à segunda volta das eleições autárquicas em Nacala-Porto.
Falando no sábado numa conferência de imprensa que promoveu com a Comunicação Social baseada na Beira, o delegado político da Renamo em Sofala, Fernando Mbararano afirmou que não obstante a decisão unilateral de Manuel dos Santos, a Renamo não concorda que o edil cessante proceda naquele sentido, dado que “ele sabe que lhe roubaram votos. Houve fraude, sim senhor. Nós denunciamos, e quando o Conselho Constitucional valida uma eleição fraudulenta abre portas à violência, ameaça a paz e a democracia.”

Conselho Constitucional estimula as fraudes, acusa a Renamo

A Renamo entende que o acórdão do Conselho Constitucional (CC) é uma decisão que cai em saco roto, pois em vez de responsabilizar os autores da fraude, aqueles que pintaram os boletins de voto para invalidar os votos de Manuel dos Santos e da “perdiz” estimula aquele tipo de procedimento, onde à partida os que o fizerem nunca serão punidos. O CC negligenciou o nosso caso, e encobriu este tipo de actuação que é uma prática dos apoiantes da Frelimo, desde as primeiras eleições de 1994, disse Mbararamo. E disse mais mais: o CC não lançou nenhuma recomendação para que doravante os que assim agirem sejam punidos.
O acórdão do CC frustra a expectativa dos moçambicanos quanto ao desejo de futuramente termos eleições livres, justas e transparentes, dando, pelo contrário, azo a que no lugar de escrutínios tenhamos verdadeiras farsas.
Mbararano diz que o CC ao referir que a fraude não foi suficiente para alterar o resultado eleitoral, encoraja este tipo de tentação que desvirtua o sentido e a cultura de transparência eleitoral no nosso seio. “O CC bem podia invalidar aquela eleição e mandar convocar novas eleições”, afirmou Fernando Mbararamo.

A posição da Renamo é não entregar as chaves

“A Renamo em Sofala solidariza-se com os seus membros de Nacala-Porto e qualquer posição que estes tomarem para fazer justiça, apoiamos”.
“Apelamos ao povo de Nacala-Porto a não se amedrontar, pois a nossa posição é de não entregarmos as chaves. Moçambique pertence a todos os moçambicanos”, frisou aquele número um de Dhlakama em Sofala.

Homens armados não estão para vandalismo

Entretanto, conforme uma certa imprensa baseada em Maputo, a Renamo tem 300 homens armados espalhados pela cidade de Nampula e Nacala-Porto. Questionado a propósito, Mbararano afirmou que “os referidos militares não estão no terreno para promover vandalismo”. Disse que estão apenas “para guarnecer os responsáveis do partido Renamo”.

Suposto ataque em preparação

No que tange ao alarme que a Renamo lançou sobre a alegada “preparação” de um ataque pela Força de Intervenção Rápida (FIR), uma força da Polícia da República de Moçambique (PRM), contra a sua “base militar” de Marínguè, Mbararano afirmou que caso tal aconteça será uma provocação, e “a Renamo não ficará passiva”.
“Os nossos homens existem ao abrigo do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, em Roma, Itália. Qualquer ataque a eles será da responsabilidade do Presidente Guebuza.”
Mbararamo recordou que “muito recentemente foi lançado um explosivo que detonou junto à cozinha” da «base militar» da Renano “em Marínguè”. “A Policia local responsabilizou a Renamo pelo incidente, quando na verdade foi um grupo de indivíduos organizados que assim agiu. No nosso entender o Governo deveria se ocupar de combater os criminosos e não a nossa guarda que nenhum mal faz.”, frisou o delegado da Renamo na província de Sofala.
Para Mbararano, toda a bulha em torno do desarmamento e ataque à base de Marínguè preenche os discursos da Frelimo, quando se está próximo das eleições gerais, como as que teremos neste ano. “Há dois cenários que levam a Frelimo a proceder desta forma: o Primeiro, a Frelimo não quer que os responsáveis da Renamo tenham protecção para poder agir tal e qual faz Roberto Mugabe a Morgan Tsvangirai, a quem prendem e batem a seu bel-prazer. Eles sabem que não podem fazer o mesmo aqui porque a Renamo tem a sua segurança. Segundo, a Frelimo pretende reduzir a Renamo a areia, tal como o MPLA fez à Unita. Mas aqui não irão conseguir.”, conclui Fernando Mbararamo na Conferência de Imprensa em que se pronunciou para anunciar a solidariedade dos membros da Renamo em Sofala aos seus correligionários em Nacala-Porto numa altura em que o candidato Manuel dos Santos acaba de se reconhecer vencido.

(Adelino Timóteo)

No comments: