O CENTRO de Promoção da Agricultura (CEPAGRI) afirma estarem a ser investidos cerca de 710 milhões de dólares em projectos de produção de etanol com base na cana-de-açúcar em Moçambique. Dados a que a AIM teve acesso indicam que em 2008 o Governo aprovou mais um projecto de etanol na província de Manica, elevando para dois os grandes empreendimentos nesta área desde 2007. A área total atribuída foi de 48 mil hectares, com uma produção prevista de 440 milhões de litros, criando-se entre sete mil e 10 mil postos de trabalho.
Segundo o CEPAGRI, para além dos projectos aprovados existem várias propostas para a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar e mapira doce, numa altura em que a produção de biocombustíveis está a tornar-se mais atraente. Tais projectos e manifestação de interesse visam a produção em grande escala, principalmente nas províncias de Maputo, Gaza, Manica, Sofala, Zambézia e Cabo Delgado, embora ainda não esteja a ser produzido o etanol para uso como biocombustível.
Existe uma pequena destilaria na Açucareira de Buzi, que produz álcool com base no melaço da Açucareira de Moçambique, fundamentalmente para fins medicinais, com capacidade de três milhões de litros por ano, estando a laborar desde 2006.
Embora prevaleça a ideia de utilizar o melaço produzido em algumas das quatro açucareiras actualmente em funcionamento, designadamente Maragra, Xinavane, Marromeu e Mafambisse, os novos projectos são baseados na produção do etanol a partir a cana-de-açúcar. “Se todos estes projectos fossem concretizados, poderiam resultar, até 2020, numa área entre 80 mil e 130 mil hectares cultivados, uma produção entre 835 milhões e 1.6 bilião de litros de etanol, dependendo da área cultivada e dos rendimentos agrícolas e industriais”, refere fonte do CEPAGRI.
O mercado principal para os projectos do etanol é a União Europeia, dado que o consumo moçambicano ainda se apresenta muito reduzido, situando-se em 20 milhões de litros com mistura de 10 por cento de gasolina.
Refira-se que a União Europeia acaba de aprovar uma directiva que estabelece uma meta de utilização de pelo menos 10 por cento de energias renováveis, incluindo biocombustiveis, no sector dos transportes, até 2020, e 20 por cento na matriz energética total. Analistas consideram que embora esta medida crie um mercado previsível para os biocombustiveis, apenas os produzidos de uma maneira sustentável, do ponto de vista ambiental e social ,serão considerados parte da meta.
A AIM soube que a Associação dos Produtores do Açúcar de Moçambique (APAMO) expandiu o seu âmbito de acção, para incluir os produtores de etanol e co-geração de energia para além do açúcar.
Este ano a indústria açucareira deverá produzir cerca de 419.208 toneladas de açúcar, o que representa um aumento de 68 por cento em relação ao ano passado, em que a produção foi de 250.191 toneladas. Este aumento da produção do açúcar resulta do incremento em 37 por cento da área da cana e do melhoramento do rendimento agrícola previsto para 2009, que poderá atingir os 21 por cento.
Maputo, Terça-Feira, 14 de Abril de 2009. Notícias
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