Wednesday, 4 March 2009

A Opiniao de Noé Nhantumbo

CRIME, NEPOTISMO, NARCOTRÁFICO EMERGEM NA SOPA AFRICANA
Agora as vítimas não são mais peixe miúdo...

Muitos dirão que é um exagero, que os acontecimetos de Bissau não passam da tentativa de golpe de estado por parte de militares ou de um acto de vigança pela morte do chefe do estado maior da força armadas da Guiné-Bissau. O assassinado Nino Vieira foi um golpista e segundo gente que o conheceu como o antigo presidente protuguês Mário Soares, era uma pessoa muito violenta.
Ao nível dos PALOP porque os critérios não são claros nem esta organização possui relevância alguma aparecem vozes a lamentarem a morete de alguém que levou a morte e sofrimento muitos compatriotas. São lágrimas de hipócritas e como sabemos devem se estar a rir do outro lado.
O que se sabia e se murmurava em surdina está emergindo como uma verdade indisfarçável. Muitas das lideranças de países africanos estão de uma maneira que já não se pode esconder, ligadas e associadas a um tipo de crime ou outro, senão a todo o tipo de crimes. Política em África faz-se geralmente com contornos escuros e secretos através de alianças não assinadas e comportando toda uma série de elementos estranhos a política tradicional praticada ou exercida noutras latitudes.
As vítimas mortais que começam a aparecer entre os altos escalões políticos só reflectem o agravar de relações e de conflitos de interesse entre colegas e aqueles que se opõem ao desenvolvimento de suas negociatas. Foi rápido aprenderem que podia ganhar muito dinheiro servindo de rota para o narcotráfico proveniente da América do Sul. Enste negócio para garantir o sucessod a operações era necess’ario envolver gente das mais altas esferas do poder político e militar. A lição foi aprendida em tempo recorde e depressa os fluxos começaram a aumentar. Quem é quem na nomenclatura da África Ocidental que não está ligado ao tráfico de qualquer coisa?
O tempo em peixe miúdo morria ou era eliminado do mapa sem que os orgãos de informação chegassem a saber, em que aconteciam as mais variadas tropelias e tudo acaba entre o silêncio dos participantes mudou de maneira definitiva. Com uma crescente utilização dos portos e aeroportos de alguns países africanos como plataformas e pontos de passagem de drogas para mercados apetecíveis como a Europa, vinda da América do Sul, a África Ocidental viu-se embrulhada numa autêntica corrida narcotráfica com cada operador procurando “puxar a brasa para a sua sardinha”. A utilização de aeroportos e portos só podia acontecer com a colaboração efectiva de algumas pessoas ligadas aos serviços de segurança e com o conhecimento das mais altas autoridades do país. Se na Guiné-Bissau há já algum tempo algumas vozes afirmavam que se tinha transformado em ponto de passagem de droga e até aviões já haviam sido apreendidos, parece que as coisas saíram fora do controle. Uma actividade que decerto enriqueceu alguns guinenses tornou-se em motivo de discórdia entre pessoas da nomenclatura local. Os que queriam que se eliminasse o tráfico e os que aparentemente queriam proteger tais actividades. O que é certo é que a morte de Vieira nas mão dos militares não pode ser explicada unicamente por motivos políticos. O chefe do estado maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau não devia ter ambições de substituir Vieira na cadeira presidencial pelo que tudo indica. No curto espaço de menos de 24 horas morreram duas pessoas vítimas de violência. Na vizinha Guiné-Conacry o filho do recentemente falecido presidente Conté foi detido indiciado de tráfico de drogas.
Mais ao sul do continente aspirantes a presidente de república estão embrulhados em processos judiciais que não param, relacionados com tráfico de influência e negócios ílicitos de armas. Alguns dos colaboradores dessa pessoa já se encontram presas e cumprindo penas. Noutros horizontes o que se sabe é que os filhos da nomenclatura sem acumulação prévia legal conhecida de capital, aparecem nos lugares cimeiros da lista de empresários com mais sucesso à custa obviamente das posições dos progenitores. Um pouco por toda a África é um exibir de fortunas abertamente acumuladas a custa da prática de actos ílicitos. Mulusi, ex-presdinet do malawi está preso numa mistura de processo para impedi-lo de concorrer as eleições próximas e também por desvio de fundos do erário público. Ninguém diz nada sobre nada e tudo caminha como se fosse normal e lícito que se proceda contra as leis vigentes nos diferentes países.
Muitas vezes o que parecem convulsões de natureza política entre adversários que nao se suportam não é mais do que a manifestação de contradições a luz da divisão de um bolo que são os recursos naturais existentes. São estes mesmos recursos naturais que tem adulterado ao longo dos tempos o conteúdo da diplomacia dos outros países em relação aos nossos.
O tráfico ílicito de armas envolvendo presidentes, ex-presidentes e aspirantes a presidente é uma das facetas mais praticadas em África e nisto os actores contam com a colaboração estreita de agentes bem situados nos países produtores de armas. Este tráfico de armamento tem sido a causa das intermináveis guerras em África. A situação de guerra embora desumana não preoucupa em termos práticos os parceiros nem as lideranças africanas que as promovem. A guerra é um dos meios mais rápidos de que se dispõe para enriquecer em África.
Sem guerras haveria democracia política e económica pois a manipulação eleitoral que actualmente constitui prática corrente entre os políticos com as mão sujas pelos crimes, não teria razão de existir. Os mesmos que fabricam resultados nas eleições são aqueles que promovem o crime como meio de acção e maneira de estar entre as lideranças africanas. Mesmo os cegos sabem disso. Os governos de unidade nacional negociados como alternativa actual, onde os opositores vencem as eleições, eram recusados ontem pelas mesmas pessoas que os promovem tanto no Quénia como no Zimbabwe.
Alguns dos países africanos onde se verificam atropelos as normas e procedimentos democráticos são aqueles em que os ditadores se recusam a abandonar o poder e nisto contam com o apoio de alguns filantropos políticos e mentores como o coronel líbio.
Agora que o Nino Vieira foi a vítima estamos a espera de ver o que dirão os habituais defensores dos déspotas africanos. Queremos ver o que dirão certos articulistas da AIM. Estarão também exigindo provas de envolvimento de João Bernadro Vieira em actos ílicitos? Um golpista que é assassinado não deveria ser uma questão de dúvidas ou de consternação porque na verdade esta mesma pessoa não conseguiu respeitar a ordem constitucional. Ou haverá duvidas de Vieira golpeou o seu antecessor?
Para quê tantas “lágrimas de crocodilo” perante factos que sabemos serem normais entre nós?

Noé Nhantumbo

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