Wednesday 25 February 2009

Nampula: No caso “agarra chuva”

MÉDICOS TRADICIONAIS REIVINDICAM ENVOLVIMENTO

A Associação dos Médicos Tradicionais reivindica o seu envolvimento no chamado caso dos “agarra chuva”, que provocou pelo menos três mortos e inúmeros feridos na província da Zambézia.
Dezenas de detenções foram efectuadas, depois de violentos incidentes provocados por uma crença que atribui a certas pessoas a situação de escassez de chuva que se vive naquele ponto do centro de Moçambique. O nosso correspondente EF em Maputo tem as últimas informações.
Segundo as informações em nosso poder, de entre as acusações que pesam sobre cerca de três dezenas de pessoas detidas na sequência dos incidentes, constam as de homicídio e fogo posto, em resultado do qual mais de duas dezenas de habitações foram
destruídas deixando mais de uma centena de desalojados. As autoridades policiais prometeram mão contra os responsáveis pela violência e foi o que aconteceu, tendo o próprio Comandante Geral da Polícia aliás feito questão de viajar até Zambézia aonde pôde acompanhar “in loco” o que está a ser feito para manter a situação sob controlo,.
Jorge Khalau acusou “oportunismo por alguns elementos da população (...) cidadãos
de má fé, com intenções ilícitas”.
Aquela alta patente da polícia Moçambicana prometeu “continuar no encalce dos bandidos que andaram a criar confusão no seio da população. Essas pessoas serão
levadas ao tribunal.
O fenómeno “agarra chuva”, tem como premissa crenças locais que atribuem a determinadas pessoas poderes mágicos que lhes permitem supostamente impedir a queda da chuva. No caso da Zambézia as vítimas dos recentes actos de violência são maioritariamente jovens cuja actividade de extracção de sal e secagem de peixe, por
exemplo, depende sobremaneira do sol, ou seja da ausência de chuva. O assunto tem estado a ocupar a atenção da opinião pública e em particular dos órgãos de comunicação locais. Há dias mereceu mesmo um editorial do matutino de maior circulação do país, o Notícias, que em alusão às detenções feitas no seguimento dos incidentes avisa que “prendem-se os cabecilhas mas não se prende a crença e não se
ameaça o mito”, estive a citar. O Curandeiro Aurélio Morais é da Zambézia e conhecido membro da Associação dos Médicos Tradicionais, AMETRAMO, oficialmente registada. “Acho que as nossas autoridades podiam trabalhar directamente com a AMETRAMO.
Sentimos excluídos porque tudo o que tem a ver com a tradição ou feitiço dizem
que o Médico Tradicional é que está envolvido. O Médico Tradicional já está organizado, numa associação, pelo que a AMETRAMO está à espera que as autoridades, sempre que houver violência numa comunidade por caso de feitiçaria que contacte a AMETRAMO, que está representada em todas as províncias e distritos”. Wf
Wamphula Fax

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