Sunday, 4 January 2009

Em todas as modalidades: Zambézia com fraco desempenho -

Setenciam técnicos e jornalistas desportivos

O DESEMPENHO desportivo da província da Zambézia no ano passado foi um autêntico descalabro. Quem assim afirma são técnicos e jornalistas desportivos, acusando os gestores desportivos e o Governo de nada terem feito para salvar o desporto no seu todo. A não qualificação do Ferroviário de Quelimane para o Moçambola, falta de apoios à equipa da APolitécnica, que esteve na Liga Nacional de Básquete, e a existência nos clubes de gestores sem emprego que procuram a todo o custo dilapidar os parcos recursos existentes são, entre outros, os motivos do fraco desempenho desportivo apontados pelos nossos entrevistados.

Geraldo Machemba, mestrado em Ciências Desportivas pela Universidade de Kiev, na Rússia, afirmou quando abordado pela nossa Reportagem que o desporto federado teve um péssimo desempenho, a excepto o futsal que tem vindo a dar alegrias e honra a província da Zambézia nas provas nacionais. Afirmou que os clubes, tanto os que estavam nas provas nacionais como a nível da província, não tiveram apoio moral do Governo e os gestores desportivos que estão à frente dos clubes não têm profissão e refugiam-se neles para dilapidar os parcos recursos que existem.

Um gestor desportivo deve empenhar-se na procura de parcerias e acordos com o empresariado para que as dificuldades que enfrentam sejam superadas; o que estamos a assistir actualmente é o contrário: dirigentes que não estão comprometidos com o desporto e a apatia dos sócios em decidir mudar o cenário estão afundar os clubes, disse a fonte para quem os clubes de renome na província com infra-estruturas desportivas de fazer inveja não estão a ser suficientemente rentabilizados para meter dinheiro nos seus cofres.

Manuel Pinto, técnico desportivo, partilha a opinião de que o desempenho da província no domínio desportivo foi bastante negativo. Segundo ele, o Ferroviário de Quelimane tinha tudo para se qualificar para o Moçambola, mas os seus dirigentes não estavam preocupados com a transição, mas com outros interesses ocultos prejudiciais aos dos sócios que pagam quotas todos os meses. É aborrecido ver gente que se candidata com promessas de levar o nosso desporto avante, mas quando lá chega as agendas são contrárias aos compromissos que assumiu perante os sócios; há gente que está no desporto por outros interesses; assim Zambézia nunca irá longe, disse o nosso entrevistado para uma vez mais afirmar que o desporto na província da Zambézia vai de mal a pior perante o olhar complacente do Governo que deveria agir para inverter a actual situação.

Rosário dos Santos, repórter desportivo da Rádio Moçambique, corroborou com a apreciação dos nossos dois entrevistados sobre o desempenho desportivo da província da Zambézia no ano 2008. Acho que a província da Zambézia não teve sucessos este ano, disse para depois questionar como é que uma província com quatro milhões de habitantes não consegue ter uma equipa no nacional? Para o nosso entrevistado um dos maiores problemas são as querelas entre os clubes que não ajudam para se ultrapassar certos problemas. Apontou o facto do Benfica que não quis ceder o seu Pavilhão à APolitécnica para trabalhos de preparação com vista à sua participação na Liga Nacional de Basquetebol. Rosário Dos Santos afirmou que neste caso, nem os clubes, nem o Governo apareceram para resolver um problema pequeno como esse que acabou prejudicando toda a província da Zambézia.
Tudo quanto se tinha planificado não aconteceu; o Ferroviário deveria estar no Moçambola quando tinha tudo à sua mercê, o Governo esteve longe de acarinhar e os problemas de índole organizacional continuam a afundar o nosso desporto; o Governo da Zambézia tinha o plano de construir no campo da Maganja da Costa, mas não foi possível; perante um quadro de incumprimento sem justificação podemos afirmar com muita propriedade que o desporto não está nas prioridades dos decisores políticos, disse a fonte.

Cadre Zacarias é jornalista da Televisão de Moçambique que considera também que houve fraca prestação da Zambézia no desporto em 2008. Observou que os planos traçados não foram cumpridos e os gestores desportivos não assumem com a devida seriedade os seus objectivos quando estão nos clubes. "Porquê o Benfica não cedeu o Pavilhão à APolitécnica treinar?. Será tarefa de um gestor desportivo proibir o uso DJM pavilhão para outro clube treinar para representar a província? Questionou o nosso entrevistado, que não deixou de lamentar o facto de o Governo ter culpas no cartório não só neste caso como também não conseguiu legalizar os clubes e associações desportivas como tinha prometido.

O nosso entrevistado entende que o Governo distribuiu bolas aos clubes nos distritos, mas já deveria começar a oferecer esse material aos clubes para formarem escolas de jogadores.

Virgílio António, da Rádio Moçambique, considerou de negativo o desempenho desportivo da província da Zambézia. "Não fazer absolutamente nada virou moda é uma maneira de ser e estar no desporto por parte dos gestores e do Governo; a província não se qualificou para o Moçambola, APolitécnica, que era a esperança no básquete, lutou muito, mas não conseguiu; o Governo não acarinhou, pelo menos para negociar um bom pavilhão para treinos; para além disso temos dirigentes muito oportunistas no mau sentido e a província está mal e ninguém repara nisso", desabafou.

Entretanto, a província da Zambézia não tem logrado bons resultados no panorama desportivo nacional por causa da improvisação e desorganização tremenda a vários níveis. Actualmente, nem futebol, nem básquete, nem uma outra modalidade pode salvar a honra e bom nome da província da Zambézia.

A APolitécnica lançou ainda em 2008 um movimento desportivo e cultural para Quelimane e Nicoadala. O objectivo principal passava pela massificação do desporto nas camadas mais jovens e incrementar a consciência cultural, mas não encontrou o devido acarinhamento por parte das estruturas governamentais e administrativas. Era, em princípio, um projecto sério que em dois anos e meio poderia dar frutos bastante bons à província da Zambézia na descoberta de talentos.

JOCAS ACHAR; Maputo, 3 de Janeiro de 2009. In Notícias

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