Tuesday, 6 January 2009

2008 aos olhos de Raul Senda do SAVANA

Com a devida venia partilhamos aqui, a seleccao dos principais acontecimentos de 2008, de acordo com a visao de Raul Senda do Savana de 2 de Janeiro de 2009

Cheias, revoltas, linchamentos, prisões e assassinatos marcam o ano
Por Raul Senda

As cheias que fustigaram o vale do Zambeze em Janeiro passado, a revolta popular de 5de Fevereiro, a onda de linchamentos, a instabilidade do Governo de Armando Guebuza, as fugas de perigosos cadastrados das cadeias, o elevado custo de vida e os assassinatos de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) marcam pela negativa o ano de 2008.
2008 foi ainda marcado pela prisão de altas personalidades, mexidas no seio das Forças de Defesa e Segurança bem como o “renuncio” da actividade política de Afonso Dhlakama. A vitória da equipa feminina de basquetebol do Desportivo de Maputo no campeonato Africano e a qualificação dos “Mambas” para a segunda fase do CAN e
Mundial floriram os moçambicanos em 2008. Siga os momentos marcantes de cada um dos meses de 2008.
Janeiro
Tal como em 2007, o ano de 2008 não começou de boa forma para o povo moçambicano, sobretudo das zonas Sul e Centro do país. As populações das bacias de Zambeze, Púnguè e Búzi foram afectadas pelas inundações. O sofrimento popular prolongou-se até Fevereiro e atingiu mais zonas do país.
Nestes dois meses o quadro foi caracterizado pela ocorrência de chuvas e inundações que assolaram as províncias de Inhambane, Sofala, Manica e Nampula. Cerca 101 mil pessoas foram afectadas, dos quais vinte pareceram, 60 mil hectares de culturas diversas destruídas e o Governo obrigado a alocar 43 milhões de dólares
para fazer face as calamidades. Os danos não foram maiores devido à interverção inteligente do INGC.
A PRM interceptou um camião, no troço entre o distrito de Caia em Sofala e Inchope em Manica, que transportava 39 crianças com idades compreendidas entre seis e 16 anos. O caso levantou suspeitas de se tratar de trafico de crianças. Ainda em Janeiro, a Polícia lançou-se contra camponeses de Manhiça, em Maputo, quando
estes manifestavam-se, pacificamente, contra uma suposta usurpação das suas terras por grandes latifundiários.
Populares recorrem a linchamentos para reivindicar o recrudescimento da criminalidade.
Fevereiro
Este foi o mês do ano. A cidade de Maputo e arredores acordou no dia 5 de Fevereiro agitada. Em causa estava a revolta popular causada pela subida de preços de “Chapa 100”. Cerca de uma dezena perdeu a vida e perto de meia centena ficaram feridas. Reporta-se ainda o saque de lojas e queima de viaturas. O Governo e os transportadores rendem-se ao povo e recuaram. As manifestações ganham um efeito dominó e continuaram pelo resto do país.
- O distrito de Machaze, província de Manica, é abalado por um sismo de cinco graus na escala de Richter.
- Populares assaltam esquadra da PRM na cidade de Chimoio, exigindo justiça.
Março
Armando Guebuza mexe no seu Governo e nas Forças Armadas. Numa assentada, Guebuza exonerou quatro ministros, nomeadamente Alcinda Abreu, dos Negócios Estrangeiros e Cooperação; Esperança Machavela, da Justiça; Luciano de Castro, da Coordenação de Acção Ambiental; e António Munguambe, dos Transportes e Comunicações. Em substituição, Guebuza nomeou, respectivamente Oldemiro Baloi, Benvinda Levy, Alcinda Cruz e Paulo Zucula.
A mexidas alastraram-se ao Estado Maior-General, onde Guebuza exonera o respectivo chefe, Lagos Lidimo, e o seu adjunto, Mateus Ngonhamo. Em substituição, o Presidente da Republica nomeia Paulo Macaringue, para chefe, e Olímpio Cambora, como adjunto. No mesmo mês, o PR exonerou Tobias Dai do cargo de Ministro de Defesa e, em sua substituição, indicou o engenheiro Filipe Nhussi, até então quadro da empresa pública CFM.
O estadista moçambicano lança a Iniciativa Presidencial para a Saúde Materna, do Recém-Nascido e da Criança.
Ainda em Março, as províncias de Nampula e Zambézia são fustigadas pelo ciclone “Jokwe”. A tempestade
resultou na morte de quatro pessoas, 40 mil desalojadas, extensas áreas cultivadas ficaram submersas e/ou destruídas. Governo aloca 4.6 milhões de dólares minimizar o sofrimento das vitimas.
Antigos trabalhadores moçambicanos na Antiga Alemanha do Leste (RDA), vulgo Madjermanes, “assaltaram” o Gabinete da Ministra do Trabalho para pedir explicações pela sua alegada interferência no exercício do seu direito cívico de manifestação.
Abril
A Ministra do Trabalho, Helena Taipo, desmantela uma alegada rede de negociatas no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e ordena a suspensão do contrato que a empresa MOZ IT Lda tinha firmado com a INSS.
A auditoria descobre um desfalque financeiro na ordem de oito milhões de dólares norte-americanos e o respectivo director, Abílio Mussane, é exonerado das suas funções.
Maio
-A Polícia sul-africana neutraliza uma suposta traficante de raparigas para exploração sexual na África do Sul de nome Aldina Hermenegildo dos Santos, mais conhecida por Diana.
- Guebuza ataca os seus críticos classificando-os de apóstolos da desgraça.
- No meio de muito contestação, sobretudo da bancada parlamentar da Renamo União Eleitoral, o Procurador Geral da República (PGR), Augusto Paulino, foi ao parlamento apresentar o seu primeiro informe.
- Um ano depois da sua inauguração, a Barragem de Massingir, cuja reabilitação custou 60 milhões de dólares norte americanos, regista um grave incidente. Uma das comportas da Barragem rompeu, situação que resultou na perda de água e alagamento de vários hectares de terras provocando prejuízos na ordem de13 milhões de dólares
norte-americanos. Cria-se uma comissão de inquérito para investigar as causas do incidente.
Moçambicanos trabalhadores e residentes na vizinha África do Sul são surpreendidos por actos de violência e assassinatos protagonizados por sul-africanos revoltados com as precárias condições devida a que estão votados.
Junho
Arranca, nas instalações do Comando da PRM na Cidade de Maputo, o julgamento de seis indivíduos acusados da tentativa de assassinato de Albano Silva, em 1999, quando este era assistente do Banco Comercial de Moçambique. Nesse crime eram acusados os réus Ayob e Nini Satar, Paulo Danger Man, Fernando Magno, Dudú e Anibalzinho. O tribunal absolveu os seis réus por não ter se provado o seu envolvimento.
Julho
- O ministro do Interior, José Pacheco, efectua mudanças na PRM e movimenta os comandantes provinciais de Maputo cidade e província bem como os directores de algumas direcções nacionais.
- O antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela, completa 90 anos e é homenageado em Londres. A cidade de Xai-Xai, capital provincial de Gaza, acolhe o Festival Nacional de Cultura.
Agosto
David Alone, membro do Conselho de Estado e quadro sénior da Renamo perde a vida.
Renamo afasta Daviz Simango de candidato a sua própria sucessão na presidência do município da Beira. A Frelimo afasta Eneas Comiche e no seu lugar lança David Simango para concorrer a presidência do município de Maputo.
Oito anos depois, a vila sede do distrito de Moamba volta a comunicar, por estrada, com o posto administrativo de Sabie, com a inauguração da ponte sobre o rio Incomati.
Setembro
A Procuradoria da República ao nível da cidade de Maputo faz a primeira detenção de vulto. Almerino Manhenje, antigo ministro de Interior e dos Assuntos de Defesa e Segurança na Presidência da República no reinado de
Joaquim Chissano, juntamente com oito colaboradores seus, incluindo o PCA do INSS. Todos recolhem à cadeia em conexão com o alegado desvio de 220 milhões de meticais no Ministério do Interior.
Desmobilizados de guerra ensaiam uma manifestação, mas são imediatamente reprimidos pela Polícia. Cerca de uma dezena pessoas consideradas cabecilhas dos desacatos foram detidos e conduzidos as celas do Comando da Cidade de Maputo.
Lula da Silva faz a sua segunda visita a Moçambique e anuncia que as obras da construção da fábrica de antiretrovirais vão finalmente arrancar. Mas Lula insurge-se contra os atrasos da obra, bem como a inércia no arranque efectivo da exploração do carvão de Moatize.
Daviz Simango apresenta-se como candidato independente para a presidência do município da Beira.
Outubro
O PCA da empresa Aeroportos de Moçambique, Deodino Cambaza, por or-dens da Procuradora da República na cidade de Maputo, recolhe à cadeia indiciado de desvio de fundos da empresa.
Criminosos dinamitam caixas automáticas de “Millennium bim” nas cidades de Maputo de Matola.
O ex-Primeiro Ministro moçambicano, Pascoal Mocumbi, foi hospitalizado numa clínica na Cidade sul-africana de Cabo por causa de problemas cardiovasculares.
Afonso Dhlkama expulsa Deviz Simango da Renamo alegadamente por ter desrespeitado a disciplina partidária.
Novembro
Três antigos funcionários do ex-Banco Austral foram detidos em conexão com o caso de assassinato do economista moçambicano, António Siba-Siba Macuacua, em Agosto de 2001. Um agente da PRM é brutalmente assassinado na cidade de Maputo.
O país acolhe as terceiras eleições autárquicas e a Renamo e os seus candidatos são estrondosamente derrotados pela Frelimo e Daviz Simango ganha a presidência do município da Beira.
Uma dezena de reclusos morre na Cadeia Central da Machava vítimas de cólera.
Dezembro Três agentes da PRM, incluindo um de alta patente, são brutalmente assassinados na cidade de Maputo e Matola. A segunda Esquadra da PRM na Matola é novamente assaltada pelos criminosos. Dez detidos fogem duma esquadra na Matola.
Armando Guebuza exonera o Comandante Geral da Polícia, Custódio Pinto e para seu lugar coloca Jorge Khálau, ate então adjunto.
Três perigosos cadastrados, nomeadamente Anibalzinho, Todinho e Samito evadem-se das celas do Comando da PRM na cidade de Maputo e seis guardas são imediatamente detidas. O Ministério do Interior ordena a criação de uma comissão de Inquérito que concluiu que a fuga foi facilitada por agentes da alta patente, nomeadamente o
ex. comandante da cidade de Maputo, o director de Ordem e Segurança Pública, o chefe das operações e o responsável pelas celas do Comando da PRM na cidade de Maputo.
O ministro de Interior exonera todos responsáveis pela PRM na cidade de Maputo.
-Guebuza vai ao Parlamento dizer que o Estado da Nação é Bom.

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