Editorial DO ZAMBEZE: Digam-nos lá senhores Dhlakama e Mazanga

A Renamo escangalhada como está opõe-se a quem e a quê?

A partir de agora de que Oposição estamos a falar? Será que a Renamo no estado em que está, com uma direcção totalmente desasjustada e a dar sinais de uma desorganização sem precedentes, rodeada por militantes espalhados por todo o país, revoltados com os insucessos do seu partido, ainda é alguma oposição? Se é, opõe-se a quê?
Digam lá senhores Afonso Dhlakama e o seu porta-voz, dr. Fernando Mazanga!...
Quem tem aparecido em público a falar em nome do Partido fala de tudo menos do desastre eleitoral. Está claramente a querer desviar as atenções do essencial. E o fundamental de que Dhlakama não fala e Mazanga também não, tem a ver com o descalabro dos candidatos escolhidos pela direcção da Renamo em quase todos os municípios. Dizem mal de Dionísio Quelhas, de Colaço, de Manuel Araújo, de Ismael Mussa, de Agostinho Ussore e de muitos outros, mas esquecem-se de dizer que eles estiveram no terreno a ajudar a Renamo a vencer na Beira e a conseguir actas e editais de todas as assembleias e por lá não se viu ninguém dos que Mazanga elogia. Nem ao menos se viu Dhlakama ou Mazanga a apoiar o candidato oficial do seu Partido. Ninguém os viu no País. Porquê? Para culparem os outros do descalabro? Quem tem nas suas mãos os cofres do Partido? Quem deixou as províncias depenadas e sem dinheiro enquanto por Maputo o fausto de certos membros da Renamo continua a ser notório.
Saberá Mazanga, que foi com todas as actas e editais, que o Gabinete Eleitoral de Daviz Mbepo Simango juntou, que a Renamo que Mazanga elogia foi capaz de interpor o recurso sobre os resultados para a Assembleia Municipal da Beira que dão maioria absoluta à Frelimo que de facto não a tem? Será que Mazanga é capaz de reconhecer que se não fossem os militantes da Renamo que mandaram passear Manuel Pereira e empurraram Daviz Simango para se recandidatar contra a decisão da direcção da Renamo em Maputo, a Renamo levava uma abada de 100% na Beira e nem um deputado metia? Já reparou na diferença entre os votos da Renamo, que são dos que foram atrás de Daviz Simango, e os votos do candidato Pereira? Várias dezenas de milhar de votos de diferença. Pereira conseguiu apenas pouco mais de 2 mil votos. Mazanga ignora isso?
Será Mazanga capaz de reconhecer que ele não foi capaz de ir sequer a Xai-Xai, sua província natal, ajudar o candidato do seu partido a vencer ou pelo menos a ter um resultado que não seja a vergonha que foi o que a Renamo conseguiu em Gaza?
Será a direcção da Renamo ou o seu porta-voz capaz de deixar de fazer dos outros moçambicanos estúpidos e aceitar que esta direcção é totalmente incapaz? O incapaz pode não ser Dhlakama (?), mas é seguramente quem o rodeia. Quem é afinal?
Saberá Mazanga que em público os seus correligionários falam da sua dupla face? Sabe que em público se fala à boca cheia que Mazanga depois de dizer mal dos “intelectuais” lhes telefona a pedir desculpas?
Porque continuará Mazanga a enganar os militantes do partido e os demais moçambicanos que esperam que os partidos se organizem para governarem o país em alternância e por forma a que isto não vire outra vez uma ditadura?
Saberá o dr. Mazanga que os militantes da Renamo, os simpatizantes e milhões de moçambicanos interessados em ter uma oposição capaz de discutir o poder e conquistá-lo ao Partido Frelimo, não estão mais para ouvir as asneiras de um porta-voz que tudo indica irá acabar como o porta-voz de Sudan Hussain do Iraque que só se apercebeu das suas mentiras quando o cano de um tanque inimigo quase o pendurou pelo cinto das calças?
Tenha vergonha amigo Fernando Mazanga. Desista de andar por aí a enganar a Imprensa e os moçambicanos. Pense um pouco mais em si e na dignidade da sua família. Não desça tão baixo.
O país precisa urgentemente de uma oposição que em 2009 ainda vá a tempo de fazer algo que não seja tão humilhante como os resultados das eleições autárquicas. Porque não fala antes aos moçambicanos que abraçaram o projecto Renamo – se é que ainda existe algum projecto credível com esse nome – que eles realmente têm razão e o presidente Dhlakama está realmente errado? Porque não se junta aos que querem ver uma Renamo que dignifique os que morreram por ela? Reaparecer capaz de recuperar o prestígio é a meta, porque não se mete nessa empreitada em vez de andar por ai a repetir baboseiras?
O que temos visto estes anos todos é uma Renamo com altos e baixos, às vezes muito próxima de somar pontos a valer e a dar sinais de tanta popularidade que até se acredita que vai chegar a conseguir protagonizar a primeira grande alternância de poder no País, mas de repente o que tem sucedido é que é da sua própria direcção que parte o que de pior podia acontecer. Porquê senhor Mazanga?
Não se sabe porque razão a direcção da Renamo se comporta de tal maneira, mas é sintomático que todas as grandes crises comecem antes de pleitos e já em momentos que nada pode ser feito para remediar o efeito dos disparates. São disparates que geralmente ocorrem em véspera de eleições. Suspeita-se até que alguém ande a vender o projecto do partido em seu benefício pessoal, a troco de minas e outras benesses… Disparates que independentemente do que haja por trás deles passam ao eleitorado a imagem de uma Renamo incapaz e irresponsável, a quem não se pode confiar o poder autárquico ou o poder de Estado.
Temos visto uma Renamo que se orgulha de ter quadros jovens e com elevada formação. Mas depois quando surgem as abadas eleitorais a direcção da Renamo diz que não tem nada a ver com isso e diz que esses quadros não prestam? Quem foi que gastou o dinheiro do Orçamento Geral do Estado? Ninguém viu material eleitoral da Renamo nas autarquias onde houve eleições? O senhor Mazanga é capaz de vir a público explicar aos militantes do partido onde é gasto tanto dinheiro do OGE? Será na sua “barraca” e por isso não lhe convém abordar o tema?
Quando os feitos dos intelectuais elevam a patamares altos, o prestígio do seu Partido e da oposição, como foi no caso das inconstitucionalidades que um “ceguinho” como o Senhor Mazanga não viu nem nunca será capaz de ver outras com o espírito quadrado que anda a mostrar, o senhor vem a público tirar dividendos do trabalho dos outros. Porque não tem a decência de vir a público reconhecer que foram os disparates da direcção do partido, de quem lhe paga o salário ao fim do mês, que conduziram à derrota eleitoral na maioria das autarquias?
Não terá a direcção da Renamo entendido que os seus militantes é que justificam a existência do partido e que sem militantes a direcção fica a girar no vazio com a perspectiva de qualquer dia levar o partido para o precipício e ficar sem deputados na Assembleia da República?
A direcção da Renamo não sabe entender que foram os combatentes todos que fizeram a guerra e não só alguns, quem conseguiu forçar o governo de partido único a mudar e a aceitar uma nova Constituição da República?
A direcção da Renamo o que quer afinal quando fala em democracia e depois não faz congressos para legitimar os seus órgãos? Acha que os moçambicanos são estúpidos para não perceberem que não é democrata nenhum aquele que se comporta como os membros da direcção da Renamo estão a comportar-se?
Saindo os tais intelectuais, o senhor Mazanga ou a direcção da Renamo garantem que o partido vence as eleições provinciais, legislativas? E se for Dhlakama vence as presidenciais de 2009? E se a derrota for pior do que foi agora nas autárquicas? A quem atribuirão as culpas? Aos generais, brigadeiros, coronéis e outros combatentes por daí deixados ao deus dará e a dizerem-se traídos?
Haja decência meus senhores. Deixem-se de continuarem a encher o saco das baboseiras. Basta de tretas! Promovam o congresso e tenham vergonha na cara, por favor. Submetam-se a votos no partido, sem serem os senhores a escolher os delegados mas sim as verdadeiras base, e vejam se ainda há espaço para os senhores. Deixem-se de expulsar pessoas de bem. Aprendam a ser educados. Ao menos isso. Já toda a gente entendeu que quem se porta como os senhores se estão a portar não tem onde cair morto. Sujeitem-se aos princípios elementares da verdadeira democracia. Deixem os militantes dizer-vos nas urnas se é em vocês que eles confiam para dirigir o partido ou preferem outros. Aceitem eleições directas no partido. Sigam os mais elementares bons costumes democráticos. Deixem-se de enganar os moçambicanos de bem que ainda são aos milhares e até mesmo milhões, na Renamo. Estão é fartos de aldrabões. Já andam todos sem paciência.

(Z)