CONSELHOS DE ANCIÃOS, FILANTROPIA E ACÇÕES HUMANITÁRIAS
NADA DISSO SUBSTITUI A DEMOCRACIA E O DESENVOLVIMENTO...
Com ou sem visita de Carter, Anan e Graça Machel a Harare a situação real no Zimbabwe não vai mudar. O peso da autocracia, o desrespeito pelos dirteitos humanos, a violência política superam de longe os paliativos que se tenta aplicar como solução naquele país.
A relutância em fazer valer o voto popupar que colocou a Zanu na oposição, a teimosia em relegar a vontade dos cidadãos votantes constitui uma violação grave dos preceitos democráticos e uma afronta a todo um povo.
Embora a situação humanitária naquele país mereça a atenção e preocupação de todos, é importante dizer que o mal trata-se ou cura-se pela raíz.
Neste caso conhece-se perfeitamente a origem do mal. Uma minoria de governantes que estavam habituados a usar a dispor de um país conforme lhes apetecia, uma clique de políticos e militares usando a capa de um ditador senil não quer entregar o poder a quem venceu nas eleições possíveis. Nem todo o peso da violência pré e pós eleitoral não conseguiu sufocar a vontade de um povo em ver-se livre de uma autocracia doentia, criminosa e anti-patriótica.
Reconhecemos o peso e significado que acções filantrópicas tem quando o sofrimento é a palavra do dia. Sabemos que os integrantes das missões humanitárias são em geral bem intecionados. Só que os seus esforços não são fundamentais nem vão mudar o regime de Harare.
Enquanto a SADC e a União Africana se negarem a imprimir com rigor as medidas adequadas para por fim ao sofrimento do povo zimabweano através da pressão efectiva para que Mugabe e seu regime entreguem o poder aos vencedores das eleições, continuaremos a mercê de soluções parciais que não atacam a raíz dos problemas.
Nunca se viu um derrotado exigir um poder que o povo lhe negou através das urnas. Porquê esta indecisão ou decisão de fazer o MDC compartilhar o poder com um partido que foi efectivamente derrotado? Onde está a razão de tanta hesitação por parte dos líderes da SADC em empurrarem Mugabe para a reforma?
Carter, Annan, ou Graça Machel podem ter as melhores intenções do mundo mas na prática seus esforços estão condenados ao fracasso porque agem a partir de pressupostos que não tem nada a haver com a situação real. O que querem é ver para depois procurar reunir apoios internacionais poara uma causa humaniária digna. Mas o ditador de Harare tem outras preocupações. O problema do Zimbabwe é politico. Sujeitar um povo a uma dittadura desumana e atroz, condenar seus concidadãos a fome e a morte precoce só porque não se quer abandonar o poder, a força de uma corte e entourage que tem o receio real de perder posição de predominância são as questões que tem de ser atacadas e resolvidas.
A SADC, os zimbabweanos a União Africana, devem continuar a pressionar o regime de Mugabe não no sentido de que este aceite uma partilha ilógica do poder mas para que abandone pura e siplesmente a cena politica. Mesmo pela idade Mugabe já deveria estar pensando seriamente em ir para a reforma.
Ou há instrumentos de pressão que podem ser usados para resolver a situação ou então outras soluções devem ser equacionadas.
Os líderes da SADC tem com eles a chave da solução do problema zimbabweano.
Só que estes não estão dispostos a usar dop leverage que possuem. Mugabe, velho companheiro das lutas de libertação deve ter alguns trunfos que se usados poderiam comprometer a imagem de seus compadres. Ou não será assim? De outrop modo não se compreende a razão de tanta hesitação e recusa de fazer valer a vontade do povo daquele país.
Esperemos que os Anciãos das nações Unidas usem as suas possibilidades para pressionar de outro modo mais efectivo o ditador de Harare. Ao nível do governo de seus países julgo que tanto Carter como Graça Machel poderiam ter mais resultados. Se Maputo acedesse a agir com mais rigor e em defesa do povo do Zimbabwe e não de um velho companmheiro de armas os resultados seriam outros. Ela entanto que membro do Comité Central do partido no poder em Moçambique talvez tenha, naquele forum que traça as políticas governamentais, possibilidade de fazer a sua voz. Ou será que tudo está decidido e vista grossa que o governo faz parte do pacote de medidas recomendadas para lidar com a situação?
Carter, democrata e antigo presidente dos EUA, deveria empreender esforços no sentido de influenciar o governo de seu país a agir através dos meios que tem ao nível do FMI e Banco Mundial, da coopertação bilateral e da sua posição no Coinselho de Sengurança da ONU. É possível pressionar Mugabe e levá-lo a aceitar o veredicto popular.
A questão está na vontade que governos tenham de aplicar os preceitos de uma nova maneira de conduzir as relações internacionais e acautelar os interesses dos povos. Se as agendas forem determinadas pelos supostos interesses estratégicos que quase sempre coincidem com os das corporações multinacionais, então o sofrimento continuará por mais tempo.
A diplomacia do lucro está a frente de tudo.
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