Monday, 3 November 2008

A OPINIAO DE JAIME CUAMBE

PONTO DE VISTA - Maturidade à prova!

UMA vez mais na História da jovem e saudável democracia nacional os moçambicanos vão pôr a prova o seu grau de maturidade política, de civismo, tolerância de convivência pacífica e de harmonia social.

É já amanhã que arranca oficialmente nas 43 cidades e vilas municipais, a campanha eleitoral para as terceiras eleições autárquicas a realizarem-se a 19 de Novembro do ano corrente. Um pleito em que os eleitores vão às urnas para eleger os futuros presidentes dos Conselhos Municipais e os deputados das respectivas assembleias locais.

Durante o período em que decorrer este exercício democrático, os concorrentes a presidentes das autarquias, os partidos e coligações partidárias, os grupos independentes que se inscreveram na Comissão Nacional de Eleições (CNE) para concorrerem neste pleito, vão apresentar ao eleitorado os seus manifestos políticos, espelhando as linhas gerais daquilo que são as suas propostas de estratégia de governação caso vençam o sufrágio.

É um exercício de namoro aos votantes, votantes estes que no final do dia e através do voto secreto e directo vão escolher quem, de facto, serão os seus dirigentes autárquicos ao nível dos conselhos municipais e das assembleias respectivas, isto porque o eleitor fará a sua escolha livre e em função dos programas que cada concorrente apresentar.

Nesta jornada, os concorrentes procurarão ao máximo conquistar as simpatias dos eleitores, não sendo raras as vezes que até se prometerão mundos e fundos e onde a demagogia e a hipocrisia muitas vezes juntar-se-ão aos discursos coerentes e realistas que só o eleitor saberá escolher na urna através do voto. Não são também poucas as vezes em que alguns dos actores activos nesta corrida exacerbarão os seus ânimos políticos, chegando mesmo ao extremo de perturbarem o ambiente sereno, ordeiro e calmo que se pretende seja um processo político que é uma das mais altas expressões de democracia em todo o mundo.

Porém, a experiência do processo democrático moçambicano tem provado que os eleitores sempre souberam fazer jus aos seus valores cívicos, à sua maturidade, elevada consciência política, espírito de tolerância e de convivência pacífica. Aliás são estes mesmos valores que sempre colocaram Moçambique no grupo dos poucos países internacionalmente respeitados pelo seu alto grau de civismo e capacidade de convivência politica na diferença.

Qualquer que for a tentativa de perturbação do curso normal da campanha eleitoral certamente que não contará com a adesão e simpatia dos eleitores, pois a violência e os desacatos não fazem parte da sua maneira de ser e de estar. Os dezasseis anos de pacificação em Moçambique são a prova mais que evidente desta capacidade dos moçambicanos de repulsar a violência e abraçar a paz e a concórdia.

A disputa política tem regras e não pode, a pretexto de objectivos simulados, valer-se de truques e artimanhas para inverter o percurso para a consolidação da democracia.

Os concorrentes que ganharem o sufrágio de 19 de Novembro próximo, sabem que terão o olhar crítico e avaliador dos eleitores, ao passo que os que perderem devem organizar-se para serem alternativa. É assim a democracia e é assim que os moçambicanos seguem a sua trajectória, sem queimar etapas, sem sobressaltos, nem desacatos.

Por isso, repito, é a partir de amanhã que os moçambicanos preencherão as ricas páginas da sua História ao iniciar com uma campanha eleitoral observando os mais altos padrões de civismo e maturidade que os eleitores, sem dúvidas, irão demonstrar.

É também nestas eleições autárquicas onde os eleitores moçambicanos vão provar que não é gazetando às urnas que emitirão qualquer que seja o sinal político. Votar é um acto de cidadania e é uma expressão genuína de democracia. É nas urnas onde nós exprimimos e emitimos os sinais políticos sejam eles contra ou a favor de qualquer que seja a governação e governantes. É nas urnas e na força do voto onde se operam as mudanças ou se legitimam aqueles governantes que os eleitores acham que correspondem às suas expectativas.

Parafraseando o jornalista Salomão Moiane, num recente debate televisivo, quem não vota está a se auto-excluir do processo de tomada de decisões e, portanto, não deveria, em princípio, ter o direito a protestar caso as coisas venham a andar mal, porque quem se auto-exclui da votação não tem direito à palavra.

Algumas elites urbanas, quais profetas da desgraça, já prognosticam um elevado grau de abstenções nas eleições autárquicas de 19 de Novembro. Porém, todos os argumentos que possam sustentar os seus prognósticos cairão em saco roto se esse sentimento não for traduzido pela via do voto. Esta é uma das formas mais genuínas de convivência democrática.
Jaime Cuambe in Noticias, Maputo, Segunda-Feira, 3 de Novembro de 2008.

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