Diarreias agudas em Guro

Trinta e sete mortos em apenas três dias

TRINTA e sete pessoas, em sensivelmente três dias perderam a vida nos postos administrativos de Mandie e Nhamassonje, distrito de Guro, província de Manica, vítimas de diarreias agudas acompanhadas de vómitos, que eclodiram no passado dia 30 de Outubro naquela parcela do país.

Paralelamente, disparou de 30 para 89 o número de doentes internados, enquanto o de casos cumulativos notificados ascende a 130. Maior parte dos perecidos e doentes internados são crianças com idade inferior a 14. Os restantes são mulheres.

Na tenda improvisada para enfermaria encontravam-se no sábado 71 doentes em estado crítico, dos 89 doentes que deram entrada naquela unidade em menos de 24 horas. Uma mulher grávida acabou tendo aborto na tenda em consequência de diarreias e vómitos. A paciente teve que ser transferida para o Centro de Saúde de Mandie.

As causas do surto ainda não são conhecidas. O director provincial de Saúde de Manica, Quinhas Fernandes, disse terem sido já enviadas ao Hospital Central da Beira, em Sofala, amostras de fezes, vómitos e água para análises laboratoriais com vista a se determinar o tipo da doença, se se trata de cólera ou outra pandemia provocada por consumo de água contaminada.

O povoado de Chinda, com 500 habitantes, possui de momento uma única fonte de água que, entretanto é salobre. Por falta de alternativa, para além do rio Zambaze, as populações locais e animais, entre domésticos e selvagens, partilham a água duma lagoa situada naquele povoado pertencente à localidade de Massangano.

As autoridades sanitárias locais duvidam tratar-se de cólera, uma vez que segundo Luo Camanguira, chefe da Repartição da Saúde na Comunidade da Direcção Provincial de Manica, apesar dos sintomas serem parecidos com os desta doença, as diarreias são prolongadas, apesar do tratamento e os pacientes resistem mais de quatro dias.

Esta tendência contraria as manifestações da cólera que 24 horas depois de iniciado o tratamento, o paciente começa a apresentar sinais de melhorias, o que não está a acontecer para o caso vertente, porquanto os enfermos sobrevivem mais de quatro dias e não apresentam melhorias.

Os resultados destas análises deverão ser conhecidos hoje, de acordo com Quinhas Fernandes, que considera a situação de “dramática mas controlada”, apesar de o número de casos estar a subir e a doença estar a expandir-se para outras regiões ribeirinhas do Zambeze e Luenha e para outras povoações do distrito de Guro.

Ontem, o governador de Manica, Maurício Vieira assegurou que 40 mil litros de água potável e quantidades não especificadas de alimentos e produtos de higiene e limpeza, já tinham sido despachados para Chinda, região que alberga o maior número de doentes e que constitui o centro das atenções na assistência às vítimas das diarreias e vómitos.

Victor Machirica in Noticias, Maputo, Segunda-Feira, 3 de Novembro de 2008.