Sexta-feira. Coconuts. Figura de cartaz: Stewart Sukuma. Não fui ao Coccu se bem que estava com imensa vontade de lá ter estado. Mas, sabem como é, depois de determinada idade começamo-nos a demarcar de ambientes agitados e procuramos o recanto da família para, nos sofás e, preguiçosamente, accionarmos o botão mágico do controlo remoto e nos deliciarmos da não menos mágica televisão. Mas é sempre a mesma coisa: comprar um par de cervejas ou seja lá o que for e afundamo-nos nos sofás.
Maputo, Quinta-Feira, 20 de Novembro de 2008:: Notícias
A verdade é que dez ou vinte minutos depois estamos a ressonar profundamente. Só que na última sexta-feira não adormeci como já o faço quando joga a minha equipa, o Sporting de Portugal (será mesmo preciso dizer porquê prefiro dormir quando joga o Sporting? Que chatice). Sukuma estava em palco num concerto transmitido em directo e superiormente executado. Está a reeditar o seu último Nkhuvu (recordam-se do memorável concerto do lançamento de Nkuvu, ali no África?). Segundo ficámos a saber, a reedição ficou a dever-se ao acréscimo do tema Alirandzu, num dueto extremamente bem conseguido com esse guru da música moçambicana, o Hortêncio Langa. Alirandzu é um tema que só por si justifica o concerto, na medida em que nos induz implicitamente para uma reflexão sobre o valor cultural e não só da nossa música. Daí que é uma faixa que reclama por direito próprio que esteja inserida no álbum Nkuvu. O concerto foi apimentado por um "naipe" de executantes e instrumentalistas do melhor que temos por cá. A interpretação de Sumanga em dueto com Valdemiro José foi excelente. Este rapaz, o Valdemiro, impressionou-me pela positiva, tem fibra o jovem. Só espero que a saiba aproveitar e se inspire na qualidade e objectividade dos artistas com quem pisou o palco do Cocunuts. Uma vénia para a deslumbrante Lizha James e António "Mahengane" Marcos, que fizeram duetos com Sukuma para cantar Ulombe e Felizminha. Espectacular.
O desfile de qualidade na harmonia de ritmos, sons e voz continuou, pois Sukuma ia nos brindando com o enigmático Majescoral e Luís Represas, emprestando-nos o cheiro da identidade nacional e do valor cultural da nossa música. Foi pena não ter visto os Timbila Muzimba, a quem faço uma respeitável reverência. Para fazer jus no facto de Sukuma escolher a dedo os músicos que o acompanham, daí a impressionante qualidade dos seus concertos, vimos Kaliza, com o acompanhamento das coristas Sezaquiel, e Filó, Nelton Miranda (este rapaz é mesmo bom, dá gosto vê-lo e ouvi-lo), Dódo, Stélio (excelente baterista). Lindo e Simão, na percussão, trouxeram-nos o cheiro da sempre memorável Companhia Nacional de Canto e Dança.
E ainda há promotores a trazer-nos músicas de qualidade duvidosa como figura de cartaz, como se não os tivéssemos por cá com carácter e talento de sobra. Aliás, tenho para mim que se tivermos que trazer músicos de fora, que sejam grandes bandas, malta U2, Queens, Couldplay, Tina Turner, Michael Jackson, Lionel Ritchie, Andreia Bocceli e por aí fora. Músicos de peso.
Porque de outra maneira, não vale a pena. Temos música e músicos quanto baste. Bons. Sukuma é um deles. Ciao.
* Leonel Magaia - leoabranches@yahoo.com.br
UK economy had zero growth between July and September
-
The economy fared worse than previously estimated in the quarter before the
Budget, official figures suggest.
20 minutes ago
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