Saturday, 8 November 2008

EDITORIAL DO SAVANA

COM A DEVIDA VENIA REPRODUZIMOS AQUI O eDITORIAL DO sEMANARIO SAVANA DESTA SEMANA!

Barack Obama: A mudança em que acreditamos
Whaooo! Isto foi mesmo uma maratona; uma eleição histórica, como muitos a caracterizaram. E não é exagero. Com a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais da última Terça, os Estados Unidos efectuaram uma mudança dramática na sua estrutura política interna, que poderá alterar o futuro daquele gigantesco país de uma forma que muitos nunca teriam imaginado há mais de dois séculos, quando a
América foi fundada.
Não foram só os Estados Unidos que mudaram. Todo o mundo mudou. Depois do sismo político da última Terça-Feira, é perfeitamente justo acreditar que nada é impossível. E a esperança que muitos de nós temos é que se trate de uma transformação positiva.
Outra coisa não se pode esperar, depois de oito anos da presidência de George Bush, indubitavelmente o pior Presidente da história moderna dos Estados Unidos.
É verdade que Obama é o primeiro negro a atingir o posto governamental mais poderoso do mundo. Isso é histórico, não restam dúvidas. Para muitos africanos é uma fonte de orgulho que um dos seus tenha conseguido tal feito. Como também serve de uma lição para os racistas mais primitivos do nosso planeta que defendem que as minorias nos seus países não devem ter direitos.
Mas é importante notar que se fosse só pelo facto de ser negro, ele nunca teria ganho as eleições. Os negros nos Estados Unidos são uma segunda minoria depois dos hispânicos, que só a sua expressão de voto não pode mudar nada. Obama só conseguiu a vitória porque um vasto segmento do eleitorado americano — brancos, negros, asiáticos, hispânicos — estavam tão desesperados que a determinação de mudar o curso
da história do seu país era irresistível.
Foram jovens estudantes, operários, académicos, intelectuais, artistas de renome, profissionais, pessoas da classe média e alta, pensadores políticos (incluindo republicanos), gente de todos os estratos sociais e de todas as raças que entenderam que a sua sobrevivência como nação dependia da sua capacidade de transformar radicalmente a forma como durante os últimos oito anos George Bush olhava e interagia com o resto do mundo.
Por isso, o significado mais importante da vitória de Obama reside naquilo que ela representa para o futuro do povo americano e da humanidade. Seria demagogia não reconhecer o poder dos Estados Unidos e a influência que o país projecta para o resto do mundo. E isso ficou mais do que provado com a eclosão, este
ano, da actual crise financeira e económica que tendo como epicentro os Estados Unidos, espalhou-se para o resto do mundo, obrigando governos a recorrerem ao tesouro público para evitar uma catástrofe económica mundial. É o velho adágio segundo o qual quando os Estados Unidos espirram, o resto do mundo apanha a
constipação.
Inspirando-se nos ideais do “sonho” de Martin Luther King, Obama incendiou o seu país e o mundo com uma mensagem de esperança, unidade e mudança. “Na mudança acreditamos”, foi a palavra de ordem da sua campanha.
Esse momento de mudança já chegou. Poucos na América e no mundo estão preparados para esperar até ao dia 20 de Janeiro, data em que ele será investido no seu novo cargo, passando a tomar conta dos destinos de biliões de cidadãos em todo o mundo.
Com a economia mundial em profunda crise, e os Estados Unidos envolvidos em duas frentes militares complexas, a agenda de trabalho do novo Presidente está totalmente preenchida mesmo antes de ele assumir as suas novas funções.
Mas o seu sucesso nessa espinhosa missão passará, necessariamente, por ele abandonar o unilateralismo do seu predecessor e engajar o resto do mundo num diálogo construtivo cujo objectivo final será o estabelecimento de uma nova arquitectura política internacional, baseada no respeito mútuo e observância dos instrumentos internacionais aprovados ao nível das Nações Unidas. A ideia de que os interesses
americanos nunca devem ser sujeitos ao escrutínio internacional já provou que é estruturalmente limitada. E a América só poderá continuar a ser uma grande nação, rica na sua diversidade, quanto mais cedo os seus dirigentes se aperceberem e reconhecerem esse facto.

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