Johannesburgo, 1º nov (Lusa) - A convenção de dissidentes do partido sul-africano Congresso Nacional Africano (ANC, no poder desde 1994), começou neste sábado em Sandton, norte de Johannesburgo, centro econômico do país, para definir um programa político para o novo partido de oposição.
O antigo membro do partido de situação Mosioua “Terror” Lekota disse, no discurso de abertura, que os sul-africanos têm que desafiar a liderança do ANC se não querem correr o risco de regressar ao “estilo da era apartheid”.
Lekota, que foi ovacionado pela multidão, afirmou que a atual liderança do ANC já não estava empenhada nos princípios democráticos adotados pelo país em 1994.
“As atuais forças políticas dominantes estão agora determinadas em abusar do poder em benefício dos seus interesses pessoais”, disse.
Cerca de 7 mil pessoas chegaram na sexta-feira à capital econômica sul-africana para participar da convenção. Contudo, um terço dos participantes - número superior ao esperado - não poderá participar dos dois dias de debates e assistirá num estádio da cidade, onde foi instalado um telão.
A convenção foi aberta por Lyndall Shope-Mafole, a nova diretora de comunicações do novo partido, que se demitiu do ANC na sexta-feira. Após um curto discurso, os delegados, vindos das nove províncias sul-africanas, cantaram o hino nacional.
Os participantes se dividem entre antigos militantes de camadas intermediárias do ANC que se demitiram, eleitores que estão desiludidos com a desigualdade social do país nestes 14 anos de governos do ANC, até simples curiosos, que não se vêem em nenhuma das atuais forças políticas e procuram uma alternativa.
Muitos deles vêm de províncias distantes, como o Cabo Oriental, a mais de mil quilômetros de distância de Johannesburgo, até ao Free State, onde nasceu Lekota, também onde seu futuro partido poderá conquistar mais eleitores.
Alguns partidos da oposição parlamentar enviaram representantes na convenção nacional, com destaque para a maior força de oposição ao ANC, a Aliança Democrática (AD), representado pela prefeita de uma das principais cidades sul-africanas, a Cidade do Cabo, Helen Zille.
Falta de apoio
Para a maioria dos analistas sul-africanos, se a nova formação política contar apenas com Lekota (ex-ministro da Defesa dos executivos de Thabo Mbeki) e Shilowa (ex-chefe do executivo provincial de Gauteng), a confortável maioria do ANC no parlamento não deverá estar ameaçada.
Os dois políticos esperam contar com mais adesões das mais altas esferas do ANC que não gostaram da forma como o ex-presidente Mbeki foi demitido da presidência, antes do termo do seu segundo mandato, mas nem o próprio Mbeki manifestou apoio explícito à formação embrionária.
A semana passada foi dominada por uma troca de correspondência, publicada na imprensa local, entre Mbeki e o presidente do ANC, Jacob Zuma, pela qual deu para perceber que Mbeki não foi sequer consultado pelos promotores da nova formação, embora seu nome tenha sido utilizado por ambos os lados com objetivos propagandísticos.
Thabo Mbeki e Lekota foram duramente derrotados na conferência nacional do ANC em Polokwane, em dezembro de 2007, tendo perdido por completo não só os lugares que detinham nas estruturas de topo do movimento, como a sua influência política no seio do Congresso Nacional Africano.
Novo governo
Cerca de sete meses depois da conferência nacional, Mbeki acabaria por ser coagido pelo seu partido a abandonar a presidência, depois do juiz Chris Nicholson, que mandou arquivar o segundo processo-crime por corrupção e fraude contra Jacob Zuma, ter dito que descobriu sinais de interferência direta da presidência no sistema judicial para processar o líder do partido.
Perante os fatos, não restou a Zuma e ao ANC outra alternativa senão retirar o apoio político a Mbeki, nomeando para dirigir o país até às eleições gerais de 2009 o vice-presidente do ANC, Kgalema Motlanthe.
No executivo foram mantidos muitos dos antigos ministros, com exceção dos claramente fiéis a Mbeki e aos mais criticados pela sociedade, como a ministra da Saúde e o da Segurança.
As tensões entre “Zumistas” e "Mbekistas” têm sido desde então evidentes, com militantes do ANC insultando e fazendo ameaças de morte contra Lekota, Shilowa e os seus apoiadores em algumas reuniões públicas em semanas recentes.
Jacob Zuma apelou na sexta-feira aos militantes do partido para que sejam tolerantes em relação a todos os adversários políticos e exigiu que “não tomassem quaisquer ações negativas resultantes da sua irritação”.
“Desejamos aos aventureiros boa sorte e estamos satisfeitos por eles se terem demitido do ANC. Esperamos que a convenção desmascare muitos outros que, esperamos, venham a deixar o ANC em paz sem demoras”, disse na ocasião Zuma.
O lançamento do novo partido de oposição está previsto para 16 de dezembro.
LUSA – 01.11.2008
Two women dead and two hurt in suspected stabbing at flat on Christmas Day
-
A man has been arrested on suspicion of murder and attempted murder after
the incident, police say.
1 hour ago
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