Brown propõe refundação do Banco Mundial e FMI
O PRIMEIRO-MINISTRO britânico, Gordon Brown, apresentou quinta-feira a líderes da União Europeia “um documento sobre as reformas mais importantes para a criação de um novo Bretton Woods”, designadamente o Banco Mundial (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ao chegar à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, onde os governantes europeus concluíram ontem uma cimeira dois dias, Brown defendeu a necessidade de uma “reconstrução da arquitectura financeira internacional” para adaptar a economia às mudanças mundiais e pediu que a União Europeia lidere o caminho.
“Essa reconstrução pede exactamente a mesma visão que mostramos nos anos 40, quando criamos o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial (BIRD) e a ONU (Nações Unidas)”, afirmou.
Assinados em 1944 pelos países mais industrializados na época, os acordos conhecidos como Bretton Woods (cidade americana que foi cenário das negociações) estabeleceram as regras para as relações comerciais e financeiras internacionais.
Brown propõe, por exemplo, que as 30 principais instituições financeiras multinacionais sejam supervisionadas por colégios internacionais em vez da supervisão individual realizada hoje por reguladores nacionais.
Em conferência de Imprensa no final do primeiro dia de reuniões, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que os 27 deram apoio unânime à ideia de Brown de “refundar” o sistema financeiro mundial, que ele agora apresentará ao Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, com quem deve se reunir no sábado, em Camp David.
Para dar início a esse processo, a UE quer convocar para Novembro uma reunião entre o G8 (Grupo dos oito países mais industrializados e a Rússia) e economias emergentes, entre elas o Brasil, China, Índia e África do Sul. A Espanha defendeu que o FMI e o Banco Mundial também participem da discussão.
A iniciativa do primeiro-ministro britânico conta com o apoio da França, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia.
“No momento em que vimos que as agências de classificação (de risco) não funcionam como deveriam e que o FMI não pôde jogar o papel forte que esperávamos, seria irresponsável não pensar numa conferência mundial para enfrentar todos esses problemas”, disse o Primeiro-Ministro francês, François Fillon.
“Não é necessário se deter à localização geográfica nem às condições históricas de Bretton Woods”, acrescentou o francês.
Por seu turno, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a criação de “uma nova forma de capitalismo, baseada em valores que coloquem as finanças ao serviço das empresas e dos cidadãos, não o contrário”.
Também o Ministro espanhol de Economia, Pedro Solbes, disse-se favorável à iniciativa, mas afirmou que “qualquer revisão do sistema financeiro internacional tem que contar com um apoio muito sólido dos principais actores da economia mundial”.
Maputo, Sexta-Feira, 17 de Outubro de 2008; In Notícias
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