Cresce o número de "VIP´s" na Cadeia Civil

Diodino Cambaza e Antenor Pereira juntam-se a Manhenje e Cia…

- PGR faz casamento perfeito com a imprensa tal como é apanágio nas democracias em crescendo

- Paulo Zucula, actual ministro dos Transportes e Comunicações, livrou-se da primeira "calamidade não natural" numa das instituições sob sua tutela

Maputo (Canal de Moçambique) – A última acção visível da Procuradoria-geral da República (PGR), pelo facto da estonteante velocidade, foi, sem dúvidas, a detenção de Diodino Cambaza e Antenor Pereira, respectivamente Presidente do Conselho de Administração dos Aeroportos de Moçambique e Administrador Financeiro. A nomeação de Antenor Pereira para aquele cargo, vinha sendo contestada como arbitrária por não ter seguido os procedimentos normais e a mesma ser descrita como feita na base de “amiguismo”.
Ressalve-se neste processo, o facto da PGR partir para a investigação, a partir de factos tornados públicos em primeira-mão pelo semanário ZAMBEZE na sua edição de 11 de Setembro passado, num artigo da co-autoria de Fernando Veloso e Luís Nhachote.
O referido dossier, com suporte documental na onda de desvario a que aquela empresa pública estava entregue, onde despontam laivos de nepotismo, corrupção, aparentemente orquestrados pela estrutura «Cambaza», foi produzido por trabalhadores da ADM que o fizeram não só chegar à Inspecção Geral das Finanças, na pessoa do Inspector Jorge Marcelino, mas também a parte da comunicação social independente. O primeiro semanário que teve o dossier nas mãos, não o difundiu por razões que se encontram, confinadas no "segredo dos Deuses". O ZAMBEZE acabaria por publicá-lo imediatamente.
Entretanto o «Canal de Moçambique», soube que no último encontro que o Drº Augusto Raul Paulino manteve com alguns órgãos de comunicação social, para o qual o «Canal de Moçambique» e o «Zambeze» não foram convidados, numa atitude claramente discriminatória empreendida por uma instituição pública e que aqui se deixa registada. Nesse encontro (como sempre, de uma ou de outra forma acabamos por estar por dentro…) um reputado jornalista teria abordado a questão do referido dossier, querendo saber o que a PRG iria fazer caso a matéria fosse exposta. Um dos presentes, confidenciou-nos que o PGR foi cauteloso nas suas declarações. Quem se sentiu mal foi um jornalista sénior do semanário que tinha a matéria em mãos e a manteve embargada.
Os referidos encontros do PRG com a imprensa acontecem de tempos em tempos. A seguir a esse encontro, o Zambeze e o Canal de Moçambique com os elementos na mão, deram o devido tratamento da matéria e pelos factos correntes o Estado está finalmente a agir.

Os factos do saque

A suspeita de que algo de anormal se estava a passar na empresa pública ADM, é consubstanciada na alegação de que o actual Concelho de Administração mandara recolher na tesouraria, após a tomada de posse do novo Concelho de Administração (CA), os livros de cheques das contas 66555591.0001 em meticais e 66555591.0004 em dólares americanos, ambas no BCI-Fomento. Na carta denuncia os trabalhadores, acrescentam que o PCA "Acto contínuo, mandou vedar o acesso às mesmas pela Internet bank, via pela qual a tesouraria acompanha regularmente a movimentação das contas da empresa". Na carta na posse do Canal de Moçambique, adianta-se que no último trimestre de 2007 "as duas contas passaram a ter um carácter restrito/privativo e as movimentações confidenciais, no segredo apenas do PCA/Administração".

Baixa dos extractos bancários

Dos extractos bancários das contas supracitadas, cujos os saldos estão em poder deste jornal, nota-se que no período que vai de Novembro de 2007 a Maio do ano corrente, a conta em meticais baixou de cerca de 8,6 milhões de meticais para 195 mil meticais, e a conta em dólares de 1,2 milhões para 560 mil, isto no período de Dezembro de 2007 a Maio do ano corrente. Em outras palavras, em cerca de seis meses as contas dos ADM tiveram movimentos fabulosos. Veja a titulo ilustrativo como a equipa liderada por Diodino Cambaza - , tido como pessoa próxima do presidente da República, Armando Guebuza que o terá indicado para aquele posto -, movimentou a conta em dólares no dia 27 de Dezembro, procedeu a uma transferência de 25.000 USD para a conta de Antenor Pereira. "Este senhor é administrador financeiro da empresa e, não existe situação alguma legal que justifique tão insólita transacção".
No dia 2 de Maio corrente, de acordo com a copia do cheque nº 8025796, foi levantado em numerário o valor de 62.500 dólares americanos, o que segundo os trabalhadores "não deixa de ser insólito em relação às praticas normais da empresa. No dia seguinte foi descontado um cheque de 30.000 USD".
Os trabalhadores preocupados, ressalvam, na carta dirigida à inspecção das Finanças, "a presunção de inocência" do seu PCA e CA, mas apelando que aquela instituição intervenha no sentido de, "eventualmente na posse dos extractos dos meses em falta, instar a administração da empresa a apresentar evidencias de não ter havido uso indevido de pelo menos 7 milhões de meticais e 750 mil U$D". Adianta-se que "A mesma – auditoria – deve também provar que não houve premeditação, dolo e muito menos o aproveitamento da confusão para beneficio próprio em qualquer das transacções ocorridas".

Casas para o CA

O Canal, está na posse de uma acta NR.46/CA/2007, com as assinaturas dos membros do CA dos ADM. Essa acta reporta as matérias discutidas nesse encontro e suas respectivas deliberações. O quinto ponto refere-se a aquisição de imóveis. Outro documento de fazer bradar aos céus é o «contracto promessa de compra e venda» de uma moradia, que o PCA e sua respectiva esposa, Graciete Matias Macuácua, adquiriram à «SML – Shell Moçambique, Limitada» no valor de USD 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil dólares).
Aliadas a esta sumptuosa casa, localizada na avenida Kim Ill Sung nº 1219, cidade de Maputo, outras existem em bairros de luxo da capital moçambicana. Enfim, como se vai dizendo em alguns sectores da opinião pública nacional com boa disposição, o ministro Paulo Zucula, livrou-se assim da primeira "calamidade não natural" – pelo facto de ter liderado o INGC com calamidades de calamidades de facto. A equipa do Dr.º Augusto Raul Paulino, na PGR fez assim o seu primeiro casamento com a imprensa. Teve de se servir de matéria que não lhe foi dada a conhecer por aqueles de quem se gosta de rodear…mas os tempos são outros e já não há muito espaço para se esconderem falcatruas…

(Luís Nhachote e Celso Manguana)