Bulha acusado de "usar" Polícia à paisana para reprimir eleitores que não alinham consigo
Beira (Canal de Moçambique) - O candidato pelo partido Frelimo à presidência do Município da Beira, Lourenço Bulha, já está a ser acusado de ter começado a lançar uma onda de intimidação contra os munícipes que tentam resistir aos seus apelos de voto nele e no seu partido nas eleições autárquicas marcadas para o próximo dia 19 de Novembro.
Para o efeito, Bulha numa clara violação da Lei Eleitoral por estar a apelar ao voto de si mesmo antes do início da campanha eleitoral marcado para o dia 4 de Novembro, tem usado agentes da PRM à paisana em diferentes zonas da Cidade da Beira que chegam a conduzir à Esquadra cidadãos que se manifestem contra a sua candidatura à presidência do Município da Beira.
Ontem, quarta-feira, o "Canal de Moçambique" ouviu um jovem que chegou a ser recolhido a 5ª Esquadra da Cidade da Beira por ter-se distanciado dos apelos ao voto que a comitiva liderada por Lourenço Bulha lançara no Mercado do Maquinino.
O referido jovem, que identificou-se com o nome de Nelson Sibanda, revelou-nos que chegou a ser detido na cela daquela esquadra “durante cerca de 1 hora e 40 minutos” depois de ter respondido a um dos acompanhantes do candidato da Frelimo que em visita àquele local, que não tinha nada a ver com aquela visita ao mercado.
“Eu estava fora do mercado a comprar um bolo. Quando vi o grupo que estava ali, aproximei-me e alguém disse-me: que o senhor não se esquece que aqui onde estamos parados é para votar em nós. Respondi: não voto em vocês porque também não me esqueço que onde ando e durmo Daviz é que é o meu pai. Dali ficou o problema comigo”, desabafou Nelson Sibanda.
A fonte conta que só por isso foi imediatamente conduzido à 5.ª Esquadra sem ter sido algemado. Sibanda acrescentou que “na Esquadra uma das agentes da Polícia que lá encontrava-se ao ouvir os seus depoimentos conduziu-me à cela alegando que eu não podia falar de Daviz Simango”.
“Na cela encontrei outras pessoas detidas que tentaram provocar-me e lutei com elas para defender-me. Pouco tempo depois a polícia chamou-me dizendo que podia sair porque era maluco”.
Além deste cidadão de nome Nelson Sibanda, um outro cidadão, que por sinal é um dos representantes dos vendedores na Comissão do Mercado do Maquinino na Cidade da Beira, disse-nos que quase que também ia sendo detido durante a passagem de Lourenço Bulho por aquele local.
Domingos Cauio contou ao «Canal de Moçambique» que aproximou-se do local por onde Bulha passava quando apercebeu-se que o jovem Nelson Sibanda estava em apuros com os homens que se supõe serem da segurança do candidato do partido do "batuque e da maçaroca" no Município da Beira.
“Vi o homem a ser puxado pelas calças. O Bulha já tinha entrado no mercado e tentei acompanhar o seu movimento. À saída, fui interpelado por 6 homens que procuraram saber o meu nome. Viram se o meu nome constava de uma lista que traziam e depois de confirmarem perguntaram o que estava a fazer naquele local. Eu disse que estava a trabalhar porque eles entraram no mercado sem pedir autorização. Aí disseram que não os podia seguir porque não fazia parte do grupo”, conta Cauio indicando que pouco depois foi “ameaçado de ser detido”.
“Os tais capangas de Bulha, chegaram a me exibir algemas num gesto de intimidação o que me levou a afastar-me do local”.
Cauio referiu ainda que o candidato do partido Frelimo que “fazia-se acompanhar de alguns membros da bancada daquele partido na Assembleia Municipal da Beira, estava efectivamente a apelar ao voto sustentando que o Mercado do Maquinino está desorganizado e que caso votasse nele nas próximas autárquicas, ele estaria em condições de melhorar o mercado”.
“Ele, o próprio Bulha, em conversa com vários vendedores estava a dizer: votem em mim. Estão a ver essa cara, dizia”, segundo Domingos Cauio.
A Lei N. 18/2007, de 18 de Fevereiro, que regula a realização das Eleições Autárquicas no seu artigo 27, proíbe a realização de campanha eleitoral de qualquer candidato antes do tempo estipulado pela Comissão Nacional de Eleições. Mas a luta pelapelo governo da autarquia está cerrada.
Até este momento, Lourenço Bulha é um dos candidatos à presidência do Município da Beira que tem vindo a movimentar-se por algumas zonas da Cidade da Beira procurando ganhar simpatias dos beirenses. O outro candidato que também tem estado em contacto com o eleitorado é Daviz Simango que vai apresentar-se, nesta corrida à sua própria sucessão, como independente.
O grande ausente é Manuel Pererira, candidato da Renamo que não se sabe ao certo quando é que vai apresentar-se ao público da Beira. É deputado pela Renamo na Assembleia da República e continua ausente do município.
O PDD, partido presidido por Raul Domingos, um outro excluído da Renamo por Afonso Dhlakama, tem também um candidato: Chico Romão. Na concentração, na Beira, para evocar a Paz assinada em Roma a 04 de Outubro de 1992, Chico Romão e Daviz Simango estiveram juntos na Praça da Paz. Contudo, Romão ainda não fez a sua apresentação pública como candidato a Edil da capital da província de Sofala.
(Zaqueu Ndawina)
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