Sob pressão do ANC

Presidente Mbeki apresenta pedido de demissão ao Parlamento

• Estão criadas as condições para Jacob Zuma ascender à Presidência da República da África do Sul

Pretória (Canal de Moçambique) - Numa mensagem dirigida à Nação ontem à noite, o chefe de Estado sul-africano, Thabo Mbeki, anunciou ter enviado ao presidente do Parlamento o seu pedido de demissão. A medida surge na sequência de uma decisão tomada pelo Conselho Nacional Executivo do ANC no sentido de Mbeki renunciar ao cargo. Trata-se, na prática, de um voto de não-confiança da nova direcção do ANC no actual presidente sul-africano. Depois de um tribunal em Durban ter ilibado o presidente do ANC, Jacob Zuma, de todas as alegações de corrupção que lhe haviam sido imputadas pela Procuradoria-Geral da Republica, estão agora reunidas condições para Zuma poder vir a tornar-se presidente da África do Sul.
Num discurso comedido, Thabo Mbeki reiterou a sua lealdade ao ANC, frisando que estava disposto a cumprir com as decisões tomadas pelo partido. Mbeki recordou os sucessos alcançados durante a sua presidência, tanto a nível nacional como internacional, deixando claro que havia ainda muito por fazer para arrancar o país da miséria que afecta a esmagadora maioria da população. Mbeki reconheceu que a par de uma classe opulenta, persiste ainda a pobreza no seio do povo da África do Sul. O presidente cessante sul-africano reiterou o seu respeito pela independência do sistema judicial do país, não obstante o seu executivo ter em diversas ocasiões sido alvo de críticas por parte desse mesmo sistema.
Continuando a referir-se ao sistema judicial, Mbeki aproveitou para falar sobre o caso jurídico envolvendo Jacob Zuma, e que acabou por ditar o seu afastamento da presidência da África do Sul. Mbeki sublinhou que em nenhum momento havia influenciado ou interferido na forma de actuar da Procuradoria-Geral da Republica na cruzada por esta movida contra Zuma. O presidente cessante da África do Sul reagia ao veredicto pronunciado pelo juiz Chris Nicholson que julgou o caso Zuma. Na sua sentença pronunciada a semana passada, ilibando o actual presidente do ANC, Jacob Zuma, o juiz Nicholson afirmou que o caso havia sido alvo de “interferências políticas”.
Prevê-se que figuras leais a Thabo Mbeki durante a disputa que o opôs a Jacob Zumba, venham igualmente a apresentar o pedido de demissão. Entre estas conta-se a vice-presidente da África do Sul, Phumzile Mlambo-Ngcuka. O ministro das finanças, Trevor Manuel, deverá continuar no governo.
Nos temos da Constituição da África do Sul, o Parlamento tem 30 dias para eleger um novo presidente da República. Até à realização das próximas eleições gerais, previstas para 2009, o país será governado por um presidente interino, que se julga venha a ser o actual vice-presidente do Parlamento sul-africano, Baleka Mbete. Para poder ser eleito presidente da República antes das eleições de 2009, Jacob Zumba teria de regressar ao Parlamento, necessitando para tal de uma decisão do partido destinada a alterar a composição da lista de deputados.

(Redacção / IOL)



2008-09-22 06:23:00