Monday, 15 September 2008

A Opiniao de Ralph Dannheisser sobre eleies nos EUA

Campanhas Presidenciais Tentam Ganhar Eleitores Afro-Americanos
Mais afluência às urnas, preferência por Democratas, podiam mudar eleições


Washington – Ambos os partidos políticos estão a cortejar os eleitores afro-americanos nas eleições presidenciais de 2008, que todos concordam, devem estar extremamente próximas.
Os democratas parecem ter uma vantagem: os negros têm sido a componente chave da base do partido há mais de quatro décadas e essa tendência provavelmente aumentará porque os democratas escolheram Barack Obama como o primeiro candidato presidencial afro-americano dum importante partido político norte-americano.
Com a orientação do voto afro-americano aparentemente garantida, o volume desse voto torna-se um factor decisivo. Os democratas procurarão maximizar a afluência às urnas, em particular nos estados em que a população afro-americana é maior e se prevê que haja pouca diferença no resultado das eleições. Nesses estados, o seu voto pode fazer pender a balança.
Os republicanos não perderam o voto afro-americano. O seu candidato presidencial, John McCain, tal como Obama, tem-se dirigido a conferências nacionais de grupos de interesse como NAACP e National Urban League.
Ele incidiu em questões relativas a educação e oportunidades económicas e comprometeu-se com “a grande e honrosa causa da igualdade de oportunidades”.


McCain foi aplaudido na conferência da Urban League pela sua “abordagem franca” de uma pergunta da audiência sobre porque é que tinha votado em 1983 contra um feriado federal para o defensor dos direitos civis Martin Luther King Jr. “Porque estava enganado”, disse ele.
Ambas as campanhas publicaram nos seus websites páginas dirigidas aos afro-americanos.
A página da “Coligação Afro-Americana” de McCain trata das mesmas questões de educação e oportunidades que realçou nos seus discursos: “Na sociedade de hoje e no mundo em que as crianças de hoje e amanhã irão viver, a capacidade de concorrer e ter êxito será ditada pela qualidade da educação”.
O site de Obama, mais extenso, “Afro-Americanos por Obama” opta por uma abordagem mais emocional, começando com uma citação dum discurso de 2007 comemorando as campanhas pelos direitos civis dos anos 60: “Estou aqui porque alguém marchou. Estou aqui porque todos vocês se sacrificaram por mim. Ergo-me nos ombros de gigantes”.
“Não há melhor defensor dos Afro-Americanos do que Barack Obama”, segundo o site. “Barack conhece a vossa história porque é a sua história. As causas que vos são caras têm sido as causas da sua vida. Barack passou toda a sua carreira a lutar por justiça”.


LEALDADE PARTIDÁRIA PRESENTEMENTE FAVORECE DEMOCRATAS
Historicamente, os negros nem sempre estiveram tão aliados ao Partido Democrata. Uma ligação ao Partido Republicano desde o primeiro presidente republicano, Abraham Lincoln nos anos 60 do século 19, não mudou até à era do New Deal do democrata Franklin Roosevelt nos anos 30 e 40 do século vinte. Os anos 60 trouxeram mais consolidação quando o democrata Lyndon Johnson abriu caminho a legislação sobre direitos civis e direito ao voto.
Os dados das sondagens indicam que o voto negro a favor dos democratas atingiu o máximo de 94% para Johnson em 1964 e nunca mais desceu abaixo de 82% desde então.
A vantagem democrata é sublinhada num guia da convenção publicado a 22 de Agosto pelo Centro Conjunto para Estudos Políticos e Económicos, uma instituição apartidária de investigação, que se dedica às questões das minorias.


“As mudanças demográficas e políticas juntamente com as bases da campanha de Obama e a organização na Internet, podem mudar o mapa eleitoral” de 2004, quando o republicano George W. Bush foi reeleito à presidência, diz o relatório do centro.
Notando que vários estados chave ganhos por Bush – incluindo Indiana, Ohio e Virgínia – têm grandes populações afro-americanas, conclui que “a julgar pela participação dos negros nas primárias presidenciais de 2008, em que a sua afluência aumentou 115%, as perspectivas dos democratas parecem excepcionalmente boas”.
Contrariamente, diz o centro, “as perspectivas dum aumento no voto negro republicano [de 11% em 2004] são inexistentes”.
Num guia do companheiro para a convenção republicana, publicado a 29 de Agosto, o grupo prevê sérias dificuldades com os eleitores afro-americanos para McCain. Ambos os estudos são da autoria de David Bositis, o analista político principal do centro.
“John McCain provavelmente terá uma fatia historicamente pequena do voto negro”, escreve Bositis, citando “a candidatura histórica do Senador Obama, o entusiasmo profundo e genuíno por ele na comunidade negra, e a associação de Senador McCain com o Presidente Bush, um figura extremamente impopular entre os afro-americanos”.


Tais resultados das eleições não seriam surpreendentes, considerando as enormes margens conseguidas por Obama entre eleitores negros durante as primárias democratas com relação a Hillary Clinton. As últimas sondagens mostraram que Obama obtinha continuamente percentagens na casa dos 70, 80 e até 90%.
O recenseamento dos eleitores de 2008 mostra os negros muito atrás dos brancos tanto no recenseamento como na votação. Os dados do Escritório de Recenseamento dos EUA mostram que em 2004 a diferença era de 3.5 pontos percentuais no recenseamento e 4.0 na votação.
O estudo do Centro Conjunto mostra que o papel dos afro-americanos na política partidária se está a expandir e que essa expansão está maioritariamente no lado democrata. A Convenção Nacional Democrata deste ano incluiu um recorde de 1.079 delegados negros, ou 24.3% do total. Pelo contrário, os republicanos tiveram apenas 36 delegados, ou 1.5% do total.

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