Tuesday, 9 September 2008

Na Matola


Polícia mata cidadão a tiro

• Familiares da vítima exigem responsabilidades à Polícia e esta afirma que a conduta do malogrado era duvidosa. Duas versões diferentes suscitam abertura de inquérito

Maputo (Canal de Moçambique) – Um jovem de 33 anos foi morto a tiro pela Polícia da República de Moçambique (PRM) na noite da passada sexta-feira. Segundo a família do malogrado, o caso deu-se por volta de 20 horas, no Bairro do Fomento, no Município da Matola, quando quatro elementos da PRM que faziam patrulha, entenderam que deviam abrir fogo contra a viatura em que se fazia transportar a vítima, que em vida respondia pelo nome de Joaquim Salomão Nhantumbo. A história foi contada ao «Canal de Moçambique» por Constantino Salomão Nhantumbo, irmão mais velho do malogrado, mas a Polícia tem uma versão diferente.
O irmão do malogrado diz que soube do assassinato do seu irmão através de chamadas telefónicas de alguns conhecidos que assistiram o sucedido. "Desloquei-me ao local, encontrei o meu irmão ainda com vida, levámo-lo ao hospital, mas perdeu a vida pelo caminho", conta Nhantumbo a tentar conter lágrimas.
"A polícia assumiu o assassinato e foi ela que facilitou a recepção do corpo do finado no posto policial da PRM no Hospital Central de Maputo", para ser depositado na morgue, afirmou Constantino Nhantumbo, que agora quer ver responsabilizados os agentes que segundo ele perpetraram o acto.
Quando baleado, o jovem Nhantumbo vinha de um armazém de venda de bebidas, onde fora fazer compras para a sua barraca. Quando o socorro dos familiares chegou no local, a viatura já havia sido vasculhada pela Polícia e dela desapareceram três mil meticais e 500 randes, em dinheiro, bem como os documentos pessoais e dois cartões de banco, entre outros bens que ele possuía na viatura, contam os familiares.
Uma declaração da 3ª Esquadra da Polícia do Município da Matola, onde estão afectos os agentes que atiraram contra o jovem, afirma o desaparecimento destes bens da viatura do malogrado.

Versão da Polícia

O «Canal de Moçambique» contactou o comandante provincial da PRM na província de Maputo, para dar oportunidade à versão das autoridades policiais. Carlos Joaquim Rungo assumiu o assassinato do jovem pelos elementos da Polícia, mas tem uma versão diferente da contada pela família do malogrado.
O Comandante da Polícia ao nível da província de Maputo diz que "os disparos começaram do interior da viatura em que se faziam transportar, para além do jovem assassinado, outros três indivíduos que, no entanto, a Polícia não consegui deter".
Segundo Rungo terá sido em reacção a esses tais disparos dos jovens que a Polícia abriu fogo contra a viatura de marca «Toyota Conquest», de matrícula estrangeira. Aí o jovem Joaquim Nhantumbo é atingido, e os outros elementos que o acompanhavam na viatura “fugiram sem deixar pista”.
Entretanto, Carlos Joaquim Rungo explica por que motivo havia, na zona da ocorrência, elementos da Polícia empunhando armas de guerra. Alega que "é um local de ocorrência habitual de crimes, o que levou os homens da patrulha da PRM a desconfiarem da viatura que transportava o jovem baleado, mandaram-na parar, e eles puseram-se em fuga a disparar contra a polícia".
Embora seja essa a aversão da Polícia sobre o caso, o general Carlos Rungo sublinha que mandou abrir um inquérito para apurar as reais circunstâncias em que este caso se deu, visto que a família do malogrado tem outra versão diferente da versão da brigada que disparou e pôs termos à vida de Joaquim Nhantumbo.

(J.Faduco)

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