Ganhar a Maioria no Colégio Eleitoral
Candidato republicano John McCain faz campanha em Ohio um dos estados mais divididos.
O sistema de Colégio Eleitoral torna a eleição do presidente dos Estados Unidos muito mais complicada do que contar simplesmente todos os votos populares. Os principais partidos políticos têm que formular estratégias para ganhar os poucos “estados decisivos” que podem decidir as eleições.
David Mark é editor principal em Politico e politico.com, publicações impressa e on-line cobrindo a política nacional dos EUA.
Este artigo aparecerá no próximo número de Setembro de eJournal USA, The Electoral College
Por David Mark
Os americanos votam pelo presidente dos Estados Unidos de quatro em quatro anos, mas, embora pareça estranho, não há eleições nacionais. Em vez disso, os americanos votam em 51 eleições em 51 estados e no Distrito de Columbia (a capital Washington). Somados, estes totais constituem o Colégio Eleitoral e decidem as campanhas presidenciais.
Juntar uma maioria do Colégio Eleitoral é uma tarefa complexa. As campanhas presidenciais passam inúmeras horas a definir estratégias para chegarem ao número mágico de 270 votos, uma maioria do total de 538. Conseguir uma maioria do Colégio Eleitoral significa inevitavelmente gastar um tempo precioso e recursos num estado à custa de outro. Nas últimas semanas antes do dia das eleições, as campanhas devem tomar diariamente decisões difíceis sobre os estados que devem ser visados seriamente e os que devem ser abandonados. Escolher os estados errados para fazer campanha significa a diferença entre ganhar a Casa Branca e ficar de fora no dia da tomada de posse, 20 de Janeiro.
Contudo, as realidades políticas significam que a maioria dos estados, cerca de 30, são com certeza democratas ou republicanos e não há grande discórdia. Gastar tempo e dinheiro nestes estados seguros seria um desperdício sério para qualquer das campanhas.
Campo de Jogos Estático
A primeira década do século 21 mostrou que há cada vez menos objectivos óbvios do que nas eleições presidenciais anteriores. Extraordinariamente, houve pouca mudança no mapa eleitoral entre as eleições presidenciais de 2000 e 2004. Na verdade, apenas três estados mudaram de lado: Iowa e New México que deixaram de apoiar o candidato democrata Al Gore em 2000 e passaram a apoiar o republicano Presidente George W. Bush em 2004 e New Hampshire, que apoiou Bush em 2000 mas passou a apoiar o candidato democrata John Kerry quatro anos depois. Este é um dos mapas presidenciais mais estático na memória recente.
Contudo, em 2004, 13 estados foram decididos por sete ou menos pontos percentuais: Colorado, Florida, Iowa, Michigan, Minnesota, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New Mexico, Ohio, Oregon, Pennsylvania, e Wisconsin. Assim, em 2008 os estrategas da campanha para o candidato republicano John McCain e para o porta- estandarte democrata Barack Obama estão à procura de formas de expandir o campo de jogo e pôr em campo mais votos do Colégio Eleitoral dos estados.
Por exemplo, o plano de Obama consiste em alargar o mapa eleitoral desafiando McCain em estados tipicamente republicanos, incluindo North Carolina, Missouri, e Montana. Entretanto, a estratégia de McCain, pretende concorrer em estados que votaram recentemente a favor dos democratas como a Pensilvânia, onde Obama foi estrondosamente derrotado nas primárias pela Senadora Hillary Clinton, e Michigan onde Obama não concorreu nas primárias. Os responsáveis de ambas as campanhas prevêem com confiança que irão roubar estados, que têm estado na coluna do outro partido em eleições recentes.
Estratégias do Colégio Eleitoral
A rota de Obama para os 270 votos necessários começa por manter cada estado ganho por John Kerry em 2004 e incidir em meia dúzia de estados que os assessores de Obama julgam prontos para a conversão. Kerry ganhou 252 votos eleitorais. Para conseguir mais 18, Obama terá como alvo Iowa, Virginia, North Carolina, New Mexico, Nevada, e Colorado, entre outros. A sua lista também inclui Ohio, onde perdeu nas primárias a favor de Hillary Clinton mas que, nas eleições intermédias, mudou de forma extraordinária para os democratas. Por seu lado, McCain espera que os eleitores o ajudem a manter o Ohio, que tem sido fundamental para o sucesso republicano nas duas últimas eleições presidenciais, e converter Michigan, Pennsylvania, e Wisconsin ao lado republicano.
Mas às vezes, as estratégias das campanhas para o Colégio Eleitoral visando um estado não são tudo o que parecem. Muitas vezes as campanhas arranjam ardis para dar a impressão de que estão a gastar grandes quantias para ganhar um estado, quando na realidade não têm essa intenção. A ideia é obrigar as campanhas rivais a gastar tempo e dinheiro preciosos em estados que normalmente considerariam seguros a fim de defenderem o seu próprio território.
Um exemplo clássico desta estratégia “falsa” aconteceu nos últimos dias quentes da campanha presidencial de 2000, quando o vice-presidente democrata Al Gore se candidatou para suceder ao seu chefe o Presidente Bill Clinton, enquanto o candidato republicano era o governador do Texas, George W. Bush. Em Outubro de 2000, apenas umas semanas antes do dia das eleições, a campanha de Bush tomou a decisão questionável de fazer anúncios dispendiosos na rádio e televisão na Califórnia, que, com 54 votos eleitorais (agora tem 55), é o filão principal da política presidencial. A equipa de Bush gastou mais de mil milhões de USD em anúncios nos dispendiosos mercados dos média da Califórnia - Los Angeles, San Francisco, e San Diego – e o candidato à vice-presidência Dick Cheney gastou um dia precioso a fazer campanha nos últimos dias da mesma.
O candidato democrata Barack Obama faz campanha em Ohio, onde perdeu as primárias para Hillary Clinton.
Mas em Ohio, a campanha de Gore saiu demasiado cedo e negou a si mesma a eventual oportunidade de ganhar os 21 votos eleitorais do estado. Embora a campanha de Gore contasse com uma grande vitória republicana em Ohio, Bush ganhou por apenas 3.5 pontos percentuais. Com mais atenção, o resultado estadual poderia ter sido diferente e a vitória teria mais do que garantido a presidência para Gore.
Os candidatos de 2008 mencionaram igualmente vários estados como possibilidades de serem competitivos; na realidade, provavelmente não serão. Os assessores de Obama disseram que alguns estados em que tencionam fazer campanha, como Georgia, Missouri, Montana, e North Carolina, podem, em última análise, passar de republicanos para democratas. Mas o resultado de fazer um esforço aí obrigaria McCain a gastar dinheiro ou a ir fazer campanha no que seria um terreno seguro em vez de utilizar esses recursos em estados cruciais como o Ohio.
O Vencedor Leva Tudo
Para os estrategas da campanha presidencial, um dos aspectos mais frustrantes do Colégio Eleitoral é a regra em quase todos os estados de que o vencedor da votação estadual fica com todos os votos desse estado, independentemente da margem. George W. Bush obteve a famosa vitória de em 2000 na Florida, e a presidência, por 537 votos em mais de 6 milhões votados no Sunshine State. Contudo, até essa margem pequeníssima, tornada oficial só depois de 36 dias de disputas legais e duma decisão do Supremo Tribunal parando a contagem em todo o estado, bastou para dar à plataforma republicana todos os votos do estado.
Em 1988, o candidato republicano George H.W. Bush ganhou 426 votos do Colégio Eleitoral contra 112 para o governador de Massachusetts, Michael Dukakis, o candidato democrata, fazendo com que parecesse uma vitória desequilibrada. Mas as margens de vitória de Bush em muitos estados foram relativamente estreitas, contribuindo para uma vitória fraca (Califórnia, 51% a 48%; Connecticut, 52% a 47%; Illinois, 51% a 49%; Maryland, 51% a 48%; Missouri, 52% a 48%; New Mexico, 52% a 47%; Pennsylvania 51% a 48%; Vermont, 51% a 48%). As diferenças nos votos noutros estados ricos em Colégio Eleitoral não foram consideravelmente superiores. Com uma campanha mais reactiva aos ataques que lhe eram dirigidos e sendo mais agressiva nas questões agendadas, os Democratas podiam ter ganho.
E em 2000, Gore perdeu New Hampshire por 48.1% contra 46.8%. Isso provou ser uma margem crucial pois os quatro votos eleitorais de New Hampshire teriam dado a Gore uma maioria no Colégio Eleitoral de 271, tornando irrelevantes os resultados da disputada Florida. Também uma vitória para Gore no seu estado natal do Tennessee em 2000, teria concluído as eleições. Em vez disso, os 11 votos eleitorais do Tennessee foram para Bush, por cerca de 4 pontos percentuais, fazendo de Gore o primeiro candidato presidencial a perder o seu estado natal desde o democrata George McGovern em 1972, e contribuindo para perder a presidência.
Elegibilidade nas Eleições Gerai
Quando os eleitores nas primárias democratas e republicanas votam pelo candidato do seu partido, muitas vezes têm em consideração não só o candidato que preferem com base nos temas e nas suas qualidades pessoais, mas também no que tem mais hipóteses de vencer as eleições gerais em Novembro.
Essa a principal razão pela qual John Kerry ganhou a nomeação democrata em 2004 ao antigo governador de Vermont Howard Dean. Logo no começo do ciclo de eleições, as fortes críticas de Dean à guerra no Iraque e às políticas da administração Bush impeliram-no da obscuridade para a linha da frente das primárias presidenciais democratas. A sua retórica ardente atraiu os eleitores nas primárias que se sentiam frustrados por muitos dos líderes do seu próprio partido no Congresso não se terem mostrado dispostos a desafiar Bush agressivamente.
Mas o desempenho irregular de Dean na campanha e a sua inexperiência em política nacional levaram os eleitores a escolher Kerry, senador há cerca de 20 anos, nas primárias democratas. Kerry era previsível e um orador sem inspiração, mas útil, que julgaram ser um oponente mais duro contra Bush. Após as primárias, um engraçado disse que os democratas “cortejaram Dean, casaram-se com Kerry”.
O mapa do Colégio Eleitoral tornou-se uma questão importante na luta pela nomeação democrata em 2008. Na corrida que durou seis meses e não foi decidida enquanto todos os estados não votaram, Hillary Clinton argumentou que devia ser a candidata do seu partido porque tinha mais hipóteses do que o seu rival Obama de vencer o candidato republicano John McCain nas eleições gerais.
Clinton sublinhou as suas vitórias nas primárias em estados decisivos como Ohio, Pennsylvania, e West Virgínia. O argumento parece não ter convencido os democratas, que escolheram Obama como candidato do seu partido para enfrentar McCain.
Os democratas irão descobrir a 4 de Novembro se o eleitorado valida a escolha do candidato feita pelo partido. Afinal, uma coligação de Colégio Eleitoral vencedora é um alvo em mudança constante nas campanhas. Talvez ainda mais irritante: é virtualmente a única faceta do governo Americano em que o vencedor com maior número de votos numa eleição não é automaticamente o vencedor. Enquanto as campanhas de Obama e McCain trabalham freneticamente nas últimas semanas das eleições para reunirem pelo menos 270 votos, o que pode parecer uma combinação vencedora num dia, pode falhar da única forma que importa: a contagem estado a estado no dia das eleições.
As opiniões expressas neste artigo não reflectem necessariamente as opiniões ou políticas do governo dos EUA.
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