Wednesday, 17 September 2008

EDITORIAL DO ZAMBEZE

Atenção aos “BUFOS” e assessores de imagem armados em jornalistas!

Em jeito de bula-bula, como se tornou hábito, o semanário domingueiro resolveu presentear o nosso colega Luís Nhachote com um cínico “prémio de reportagem” sobre os “Contornos do Narcotráfico em Moçambique” e vai daí sugere que ao invés de publicar o que recolheu de várias fontes policiais e outras, muitas delas documentais, deveria o jornalista ter antes apoiado a polícia moçambicana na investigação do crime organizado e narcotráfico no seu próprio país. São opiniões que como é óbvio respeitamos, mas que não podemos deixar passar sem aqui deixarmos a posição do ZAMBEZE sobre esta matéria.
No jornal ZAMBEZE partimos do princípio que os jornalistas não são polícias embora possam trabalhar com as polícias para poderem ter também a versão delas sobre as matérias em que seja necessário conhecer as suas sensibilidades. Se e quando for esse o caso…
Acreditamos que ser jornalista não é ser simultaneamente assessor de imprensa ou de relações públicas de empresas, nem estar ao serviço de forças policiais.
Em sentido figurado, acreditamos que devemos ter o direito de poder estar de manhã com George Bush e mais tarde com Bin Laden.
Não temos de andar a ouvir pessoas ou municiarmo-nos de documentação disponível num lado sobre alguma matéria para depois a irmos fornecer à outra parte ou outras partes, sem publicarmos. Respeitamos demasiado as polícias pelo bem que possam proporcionar às comunidades que se destinam a servir, mas toda a colaboração que nos sentimos na obrigação de lhes prestar é pública e através das páginas dos jornais.
A imprensa obriga-se a fazer o chamado depósito legal das suas edições na Procuradoria Geral da República e será exclusivamente a esta que caberá investigar e fazer as pontes que entender com as autoridades policiais. Assim o entendemos. É pública a nossa contribuição.
Nós não somos polícias e recusamo-nos a ser “bufos”.
Lamentamos é que haja indivíduos que se dizem colegas e afinal venham publicamente assumir-se como “bufos” em vez de defenderam a classe e o jornalismo.
Como se não bastasse para ilustrar o ridículo a que se prestam certas figuras que até se atrevem a dar aulas de jornalismo em instituições de ensino superior, constatámos também na última edição do mesmo semanário domingueiro que este correu a dar espaço ao ex-ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, para responder a acusações que lhe foram feitas em denuncias dos trabalhadores da empresa pública de Aeroportos de Moçambique, publicadas na última edição do ZAMBEZE e a que este jornal, ao publicá-las, deixou escrito pretender dar seguimento, continuando a tratar das matérias em próximas edições em respeito pelo direito ao contraditório. Entranhámos tão servil atitude de antecipação dos afoitos colegas domingueiros mas cedo nos chegou a resposta. Jorge Matine, director do Semanário DOMINGO acumulou essas funções com a de assessor de Informação da Empresa de Aeroportos de Moçambique, recendo mensalmente honorários por isso. Esteve nessa dualidade de funções – director do DOMINGO e assessor da Aeroportos de Moçambique – até assumir cumulativamente as funções de administrador-delegado da Sociedade Notícias, SARL. Por isso não nos admira que este tipo de “jornalistas” corram a enganar o público com peças de lavagem de imagem.
Por aqui nos ficamos à espera agora que o Domingo insista com os seus amigos da Polícia “com boca pequena”, mais prontidão combativa com os dados já adiantados e que há muito não eram desconhecidos dela, como nos contaram as autoridades citadas nos artigos por nós publicados da autoria de Luís Nhachote e pessoas de outras instituições nacionais com responsabilidades sobre a matéria tratada nos artigos. Que tudo faça quem pode para que de níveis de decisão não surjam impedimentos ao trabalho de muitos zelosos e esforçados agentes, tantas vezes mandados manterem-se quietos. (Z)

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