Saturday 30 August 2008

Carta Aberta a Juventude da Frelimo

SINAIS DE DECADÊNCIA DA FRELIMO: O CASO HAMA THAY
(Um manifesto da Juventude Moçambicana inconformada)


Por: Emanuel de Nazareth & Manuel de Araújo.

Num semanário local, o General Hama Thay, brindou os Moçambicanos com a mais fina dama do seu grandioso cérebro. Este Homem que já assumiu as mais distintas posições civis e militares, que içou a bandeira nacional em Tete aquando da independência, deu a conhecer, livre e espontaneamente, a posição oficial da Frelimo com relação ao conceito alternância dentro do Partidão. Nesta entrevista ficamos a conhecer, de forma mais coloquial, realística e profunda a verdadeira acepção da famigerada divisa: a força da mudança e renovação na continuidade.

Um dos pressupostos básicos da democracia é a continua renovação dos agentes políticos no seu próprio seio. A Frelimo, partido idóneo, experiente e sapiente, encarnou este princípio a nível discursivo e, como corolário disto, adoptou a frase que se tornou o ex-libris da campanha passada: mudança na continuidade.

Os dois princípios lapidares acima descritos e destacados à negrito, procuram mostrar que a Frelimo é um partido galvanizador da alternância, tolerância, inovação e, mais importante, da inclusão.

O tipo de eleição que o Partidão primou para nomeação do Presidente e do Secretário – Geral, estiveram sempre envoltos em clima nem sempre pacífico. Porém, este Partido sempre bateu-se com todos os meios para transparecer ao Povo, uma imagem de partido coeso, uno e guiado por consensos quase sacramentais. Na verdade se diga que algumas fagulhas de crespação, aparente intolerância para nova geração e imposição da vontade da geração nacionalista libertadora, foram inevitavelmente lançadas aos ares e o povo sorveu a poeira que resultou desses confrontos indisfarçáveis. Está ainda impregnado na memória dos Moçambicanos, as vaias e humilhações pelo que passaram jovens reformadores com Felício Zacarias e Hélder Muteia quando ousaram concorrer com o todo poderoso Guebuza. Um dos líderes históricos da Frelimo que, alias, auto-intitulou-se a verdadeira personificação da Frente de Libertação, tendo afirmado de pulmões cheios, ao jeito do monarca Francês Luiís XIV: eu sou a Frelimo. Chegou a colocar em causa a militância e existência política de Muteia com um questionamento que ficou indelével na história de Moçambique: quem é esse miúdo?.

As últimas declarações de Hama Thay , dissiparam todas as dúvidas que ainda pairavam sobre a lealdade e sintonia entre o discurso e a prática na Frelimo. Hama Thay, cansado de repetir um discurso que não condiz com a consciência e pragmática da Comissão Política, mandou para o brejo toda a retórica cosmética da Freli e disse categoricamente que o Poder não pode ser entregue aos jovens, pois, estes, nada mais sabem que aperfeiçoarem-se na arte de bebericar e vender o País.




Como Jovens que somos, ficamos no mínimo escandalizados. Primeiro porque nunca pensamos que a soberania do País tivesse um preço, aliás, se fizermos um paralelismo com o julgamento do Semanario Zambeze, ocorrido esta semana numa das instancias judiciais deste pais, diríamos que nunca pensamos que o País estivesse cotado no comércio a um valor tão baixo e ínfimo, e segundo porque nunca achamos que houvesse sequer possibilidade de colocar no mercado um território que a história da própria Frelimo mostra que muito sangue foi derramado justamente porque nem politica, nem jurídica e nem filosoficamente uma nação pudesse ser alienada sob qualquer forma.
Quando o nosso General fala na possibilidade de se vender o País é, certamente, porque parte de um pressuposto objectivo em que essa venda, de alguma forma já começou a ser feita, daí ele temer que os jovens venham esgotar os pequenos retalhos do País que ainda sobejam, aliás, como dizia um comentador de televisão: se bem que ainda resta alguma coisa para vender. Simpatizamos com um conceito que foi também engendrado pelo comentador supracitado, de preconceito de proximidade, referindo-se a um erro de leitura social quando o Generalíssimo diz que os Jovens só sabem beber e mais nada, como se tivessem o culto e veneração do Whisky. Esta leitura, como foi dito, é uma aberração generalística do que ele convive mais proximamente à nível doméstico (em casa) e no Partido (OJM). Ao tentar projectar para sociedade o que o General vê e vive no seu seio, cometeu um disparate intelectual, resvalou num grosseiro dislate e mostrou a verdadeira face de toda a geração dos gestores do gatilho.

Na entrevista em causa, ficou provado que a Frelimo tem mais discurso que prática no que tange a passagem do testemunho aos mais jovens, que o primado está centrado na continuidade que na mudança. Essa de dizer que um Jovem nem sequer pode dirigir a Escola da Frelimo porque se calhar nem os estatutos conhece é que foi o bolo na cereja El General! Quer dizer, até no seio do próprio Partido os jovens continuam a ser tratados como párias, um conjunto de fedelhos que só servem para aumentar o número de votos, para levantar mais alto os gritos nas campanhas e seguir os gestores do gatilho como meras ovelhas que caminham inocentemente rumo a guilhotina. Senhor General, desta vez vocês deram uma oportunidade nobre a Juventude para perceber até que ponto a senilidade Mugabiana está a alastrar-se perigosamente para a varanda do Índico ou vice-versa. Jovens da nossa terra! Chegou a hora, acordai desse sono letal que o ópio da Freli nos mergulhou e levantei, dizei não, UNI-VOS.

Quando algumas vozes ébrias vem defender a teoria de que a verdadeira oposição está dentro da Frelimo, quando a Juventude nela não tem direito nem a mugir e nem a tugir, quando ela é manipulada e manietada como marionetes em circo (tais como EM, AB, PJ) isso significa que a juventude Frelimista é uma massa amorfa dentro do Partido, em suma que não existe oposição nenhuma dentro da Frelimo, mas apenas uma voz única que se propaga como um trovão tirano e implacável desde a década 60 vinda de Tanganhica. Vocês Jovens da Frelimo é que deveriam ser os catalizadores da tal oposição interna, mas nada fazem, não falam, não debatem publicamente, não escrevem, não propõem nada que seja alternativo aos gestores do gatilho, em fim, não passam de carneiros que caminham inocentemente rumo a guilhotina. A troco de uns copos em Bilene, uns pobres lanches durante as campanhas, um emprego na função pública, uns negócios fora-da-lei é suficiente para subjugarem a vossa consciência como construtores da dinâmica social, para resvalarem num bando miserável de conformados com migalhas materiais que caem da fausta mesa da geração nacionalista libertadora. É por essa razão que eles mesmo não vos respeitam e vos tratam como se fossem uns lambe «rabos» compulsivos. Pobres de vós juventude da Frelimo, pobres de vós que arrastam para o saco de farinha podre, toda uma juventude nacional à mando de um «bando» das zonas comerciais libertadas. Em fim vocês se estão tornando profissionais, a nível planetário, da técnica do escovassapatismo e lambebotismo.

Não existe oposição interna na Frelimo, é um erro grasso falar disso quando nenhuma voz irreverente ressoa do antro daquele Partido, quando não emerge social e politicamente nenhuma facção que se mostre publicamente como genuína alternativa aos celerados da libertação. A Frelimo não vai crescer se os jovens não se libertarem das garras draconianas da linha orientadora central e os abusos, a corrupção e a captura do Estado pela Comissão Política vai se perpetuar até ao dia em, que todos eles estiverem definitivamente entrincheirados nos respectivos féretros. Mas ai, eles já terão deixado o seu maior legado: um punhado de jovens desorientados, não treinados, porque não tiveram oportunidade para tal, mas, o mais grave, é deixarem a gestão do País entregue a uma Juventude que a única coisa que veneram, de forma sacramental, é a acumulação patrimonial destemida à moda Guebuziana. Em suma, jovens com ambição material, exímios em acumular maquiavelicamente riqueza, mas intelectualmente defeituosos e politicamente cínicos e descomprometidos. Totalmente aversos aos nobres ideais que levaram Mondlane a abandonar o conforto das Nações Unidas pelas espinhosas florestas de Moçambique, de arma em punho e cérebro repleto de ideais supramateriais.

Essa estorieta de oposição interna é uma estratégia psicologicamente bem engendrada, para dar impressão aos militantes jovens de que o que eles fazem dentro do Partido é um pleno exercício de democracia e, nesta falsa convicção, ficarem satisfeitos pelo ópio que o libertadores lhes vão administrando. Acordem jovens, não veem que no meio essa hipocrisia toda, os veteranos vão tornando o Estado cada vez mais castrense e acumulando cada vez mais fortuna, terra, mulheres e, sobretudo, depauperando de forma ostensiva e desenfreada o tesouro público?. De facto, como escreveu recentemente um sociólogo, Moçambicano, por detrás da ilógica de um comportamento é preciso encontrar a lógica de um sistema social cerrado, com regras. Só existirá uma verdadeira oposição dentro da Frelimo quando se irradiar em definitivo a tanganhicanização do Partido e do Estado.

Em resumo podemos resumir nos seguintes pontos as fragilidade dos pronunciamentos de Hama Thay:
 Visão microscópica (casa e Partido) projectada para um campo macroscópico (País).
 Intransigência total e completa em passar o testemunho voluntária e lealmente para as gerações mais novas (tal e qual Mugabe).
 Demonstração flagrante de que a Frelimo é um partido que abraçou a mudança na continuidade apenas como um trocadilho discursivo e não como uma prática.
 Desrespeito absoluto por toda Juventude Moçambicana
 Visão do País como património privado da geração libertadora.
 Falta de visão dialéctica do poder político




Para Moçambique sair do marasmo em que se encontra, precisa descartar os gestores do gatilho por gestores da esferográfica e do teclado. Se tínhamos alguma dívida para com os libertadores, temos que decretar publica e unilateralmente a prescrição desse endividamento, por ter expirado o prazo, pois, nenhuma dívida contraída por homens é eterna.

É hora de dizer basta! É hora de ressaltar John Kennedy e dizer que ‘já não é tempo de perguntar ao teus pais o que ele pode fazer por ti, mas sim perguntar o que podes fazer por ele’. Jovens da minha terra! Ouço ao longe o canto de cisne dos libertadores, dobremos os sinos e cantemos bem algo a melodia do crepúsculo dos politicamente finados.

E como bem o disse o candidato americano do partido democrata, Barack Obama ‘chegou a hora da mudanca’ e os jovens do meu pais devem assumi-la! Sonhem alto jovens! Sonhem para que Mocambique deixe de ser a cauda do mundo! A geracao do 25 de Setembro libertou o pais! A geracao do 8 de Marco ‘aguentou’ com o pais quando milhares de tecnocratas foram obriganos a abandonar o pais, a geracao da democracia, limpou o totalitarismo e leninismo do nosso solo patrio e trouxe a democracia. A nossa geracao, que e a geracao da paz e do desenvolvimento tem por missao consolidar a paz, a democracia e promover o crescimento e o desenvolvimento politico, economico e social desta patria indica.


Gritai! E façai com que gritem! Paz, Democracia e Desenvolvimento!

2 comments:

Anonymous said...

É verdade! É preciso fazer-se alguma coisa... estamos no sono profundo.

Anonymous said...

O Renamista Manuel de Araujo naao se desfaz da FRELIMO. Nao consegue contruir um discurso politico sem citar a palavra FRELIMO.