Monday 21 April 2008

A OPINIÃO de Rondinho Calavete

O AZAR DE SER ZAMBEZIANO


Juventude zambeziana em “águas turvas”

Incrível. Levei dias a procurar um título adequado para falar um pouco da juventude Zambeziana. Não foi fácil. Usei todas minhas ferramentas das capacidades que Deus me deu.
Mas não foi fácil conseguir este título a altura, que por sinal e também outro azar de ser zambeziano.
Mas porque que eu sempre falo de azar de ser zambeziano? Esta pergunta fui feito por mais de de quinhentos leitores do DZ entre zambezianos, mocambicanos e estrangeiros. A minha esposta foi muito pontual e nem precisei de dar voltas. Aliás, esse é meu caracter de não dar voltas. Sou directo. Respondi sim, que na Zambézia acontecem coisas anormais o que em todo o país
não acontece senão mesmo no mundo inteiro. Por outras palavras, zambeziano por natureza é grande cobarde. Diz sim agora, volta e meia muda de ideias com um não bem firme. Zambeziano é invejoso, egoísta e sabotador. Muitas vezes tenho recomendado os que me fazem esta pergunta, a ficarem atentos nas reportagens provenientes da Zambézia em todos medias. Ai,
consigo selar a boca de todos e passam a viver o quotidiano.
Passados dias, eis os mesmos me ligam ou vão a internet a me dizer que de facto tinha ou tenho tido razão.
Mas para mim, o que me interessa não é a razão. O que me interessa seria a mudança de mentalidade do pacato zambeziano. Há que crescer e marchar dentro da globalidade. O meu
assunto desta vez não é de azarento e não azarento.
O meu assunto e sobre JUVENTUDE.
Para quem conheceu Zambézia nas décadas 80 a 2000, Zambézia, principalmente a sua capital
Quelimane, tinha uma juventude muito forte. Uma juventude recreativa. Uma juventude que organizava convívios, sabadares, saraus culturais. Uma juventude sugestiva. Uma juventude
agressiva na ambição de se destacar para o bem comum. Uma juventude
unida.
Foi o caso dos SÁLDICOS, da AEZA que eu mesmo criei e fui o primeiro presidente com apoio do Dr. Orlando Candua quando era director provincial de Educação. Do FONGJUZA que eu criei e fui o primeiro presidente. Da AMIZA onde eu fui colaborador. Da JONUZA onde eu fui membro do corpo directivo com Serafim Chagunda, do CEDEA no qual fui coordenei apesar de pouco tempo, do JORNAL NOVO HORIZONTE no qual eu fui fundador e coordenador na
Pré-Universitária 25 de Setembro, dos RELÂMPAGOS, dos NHAKATENDEWAS e NHAKATINHOS, da ARO JUVENIL com Sebas de entre muitos grupos.
Naquele tempo não tinhamos dinheiro. Se tinhamos era muito pouco. A direcção provincial de cultura, juventude e desportos nem tinha meios. Lutávamos sempre com o director Magunga que depois foi substituido pelo director Pedro Câmara. Sabiamos que não tinham dinheiro mas sempre ficaram do nosso lado. Pedro Câmara deu o que podia dar na medida do possível. Ali na casa de Cultura, todas sextas-feiras, Sábados e domingos haviam bailes e tardes dançantes. O professor SEBAS como era conhecido Sebastião Cuinica, movimentava os sabadares no desportivo. Eu e outros, pilotávamos a recreação na Pré- Universitária 25 de Setembro. Tudo
em união e com pouco dinheiro.
Naqueles tempos não havia fundos do FNUAP e nem se falava da famosa GERAÇÃO BIZ que só gasta dinheiro para inglês ver. Não havia direcção provincial da juventude e desportos. As vezes tirávamos um pouco do nosso salário para pequenas despesas. Tudo isso porque a juventude mostrava interesse e porque tinha alguém para lhes direcionar. A nossa juventude sempre
está pronta. Basta ter indivíduo certo e capaz em sua frente.
Hoje, tudo morreu. Falar de recreação é um tabu. Com tantos Empresários, Madeireiros,
Comerciantes, Hoteleiros e outros que circulam por ai, ninguém se digna em patrocinar pelo menos pequenas actividades da juventude.
Recordo-me muito bem que o senhor Pio Matos impulsionava muito o movimento associativo juvenil. Esta a me parecer que o município lhe mergulhou na miopia e já não vê essa
camada juvenil. A Dra Lina Portugal, também era outra impulsionadora.
Aliás, quando era minha chefe na 25 de Setembro, sempre lutava para que eu e os meus colegas fizéssemos algo recreativo e faziamos. Agora que é directora provincial já esqueceu aquela
dinâmica que tinha. O professor Silvestre era outro impulsionador. O professor Cumpeu era outro maestro. Mas onde é que vocês andam?
Velhice, ou falta de oportunidade? Não podem ajudar o director provincial da juventude e desportos? Vocês não estão a ver esta lacuna?
Senhor Pio Matos, não pode sacudir um pouco o seu bolso como fazia com o Estrela vermelha? Ai no município não tem uma rubricazita para assuntos da juventude? No município não tem vereador ou director para a área da juventude?
Qualquer das maneiras, tudo depende do nosso empenho e urge a necessidade de ajudar os nossos governantes de modo a ver essa lacuna na área da juventude. Acredito que o governador Muária tem a missao de inverter a situação. Não interessa existência de uma direcção só para
justificar duodécimos ou fundos de doadores.
Tenho toda certeza de que na véspera das eleições os políticos andarão atrás da juventude para seus interesses. São os mesmos que hoje se esqueceram em dar mão a juventude. Quero sublinhar ao meu caro leitor de que não estou a falar de OJM. Estou a falar de jovens sem cor
partidária.
De acordo com a carta Africana da juventude, fruto da conferência dos Ministros da União Africana da área da juventude que teve lugar nos dias 26 à 28 de Maio de 2006 em Addis Abeba,
Etiópia, esta conferência reconheceu que a juventude é um parceiro e constitui uma mais valia e um prérequisito para o desenvolvimento sustentável e para a paz e prosperidade da África, através do seu incomparável contributo para o desenvolvimento presente e futuro.
Esta mesma conferência considerou que a promoção e a proteção dos direitos da juventude
também implicam o cumprimento de deveres tanto pelos jovens como por todos os outros actores da sociedade.
Logo, Zambézia não é uma ilha e muito menos a sua juventude. Ouvi dizer que na Assembleia da
República há deputados do circulo eleitoral da Zambézia para a área da juventude. Será verdade? Esses tais deputados têm nome? Têm acções na área da juventude? Fazem algo para a
juventude? Se fazem o que é que fizeram?
O que tenho visto aqui no sul do país, de facto os deputados jovens trabalham. Só para citar um exemplo, o jovem deputado Edmundo Galiza Matos Jr, é um batalhador. Galiza tem acções visíveis. Galiza tem nome.
Galiza age.
E nós outros?
Apenas aumentamos o número de deputados para diminuir a nossa pobreza e também apanhar a boleia de angariar um dos ex-famosos Rangers entre outras regalias. Eu nunca senti presença de um deputado jovem do circulo eleitoral da Zambézia, senão aquelas poucas vergonhas de
acusações entre conterrâneos. Razão pela qual, questiono se de facto existirá ali na AR alguém perdido da Zambézia a defender a juventude. Não sei.
Até quando então, o deputado jovem vai ter a consciência dos assuntos que directa ou indirectamente lhe afecta? Até quando um ou mais dirigentes jovens zambezianos vão manter essa apatia, essa inoperância e essa incapacidade de gestão?
Sei que a verdade dói. Mas não há como. As coisas devem ser ditas para corrigir os nossos erros. Chega de discursos vazios. Chega de relatórios fantasmas para agradar o chefão.
Chega de acomodar camaradas e vamos colocar pessoas certas e capazes, pois precisamos de homens valentes. E_mail:rocavil@gmail.com

1 comment:

Nelson said...

Essa carta me mexeu as saudades do CAJEPU dos anos 90. Tempo bom aquele. Realmente sem muito dinheiro fazia-se muitas coisas e boas....