Wednesday, 16 April 2008

A OPINIAO DE António da Cunha Duarte Justo

Um povo sem ressonância individual passa a viver em estádio de inveja, passando esta a motivar o seu agir, resultante dum povo soldado com os desertores da precariedade.
Os nossos políticos na Europa agem irresponsavelmente ao destruírem sistematicamente a camada social média em favor das multinacionais, fomentando a sua degradação em benefício dum estado dependente com um povo proletário carente. O esfomeado reduz a sua felicidade a
um estômago com apetite mas sem fome. O seu nível de felicidade é limitado à oscilação entre o apetite e a fome. Os povos da Europa, porém, não se contentarão com isso.
O cidadão da sociedade moderna, integrado num regime estatal com foros de burgo, veio substituir o burguês. O Estado actual, porém, implementado por um socialismo desalmado e por um capitalismo irresponsável fazem do cidadão um proletário. O regime parece viver melhor do fomento de figuras passageiras, de novos-ricos, atados à sua trela à custa dum cidadão esvaziado de sentido, sem Deus nem tradição. É a dinâmica das leis do mercado aplicada ao estado: tudo
se torna mercadoria, o resto é preço.
O sistema partidário, com uma organização de filiados mínima a nível social, apoderou-se do Estado, vivendo duma estratégia agravante que reduz a participação cívica ao voto eleitoral. Embora de diferentes opções e orientações, os partidos preparam, sem disso serem conscientes a forma de estado proletária e autoritária, um estado nomenclatura de que nos são exemplo a Rússia e a China.
Em Portugal, o problema é extremamente presente devido ao nevoeiro de Abril que, por um lado
criou ilusões no povo e o desmotivou por outro. (O exemplo da política de ensino é um dos exemplos mais crassos provando que os nossos políticos ainda não desceram do mundo da ideologia, para poderem contactar com o mundo da realidade moderna, que exige, de Portugal,
para poder subsistir dignamente, uma aposta total na inteligência da nação através do ensino. O
arrivismo indisciplinado pode ser uma possibilidade no mundo da política, mas não no mundo real!
Este exige grande competência, disciplina, maleabilidade e persistência). O sistema de formação de opinião dentro do partido não é democrático, como Também o não é a sua estrutura, no seu âmago. O cidadão não tem influência nem oportunidade de se exercitar em democracia. Assim se
fomenta uma sociedade ovelha com alguns cabritos, sempre esfomeados, à espreita da sua
chance, como se pode ver na sua maneira de se reproduzirem na TV…
Os que têm mais cio parecem
conseguir os mais altos postos. Em relação à comunidade, aparecem frescos, gananciosos e libidinosos, com propensão para o autismo.
Abusa-se da democracia reduzindo tudo ao banal da opinião. Verdade é a soma das opiniões,
independentemente da razão. Por isso os governos não apostam no melhor nem no bom mas apenas no possível, no temporário eleitoral.
Assim, cedem ao facilitismo duma vida enganadora não se preocupando em investir no saber
exigente e sério para se elevar o nível da opinião dum país. Parece ser suficiente à filosofia de que no reino dos “cegos” quem tem um olho é rei! …
A mudança terá de começar pelas elites. O grande problema do 25 de Abril foi os partidos terem-se assenhoreado dele. Antes tinha-se um senhor de Portugal, depois assenhorearam-se dele os Soares e comparsas. O povo estava lá só para aplaudir; parece que para eles as eleições não passam de actos de aplauso!... Em nome dum ismo pretende instalar-se outro. Se um se agarrava à nação, o outro agarra-se à democracia. Em cada mudança o povo lá está para se
alegrar com as novas cores da festa. A conta é-lhes apresentada depois.
Com o 25 de Abril passou-se dum autoritarismo pessoal para um autoritarismo de pessoas nos
partidos. Revoluções parecem reduzir-se a ocupações. O tempo já traz, por si, o progresso mas as
revoluções têm a vantagem de lhe conferir maior sincronia em relação aos biótopos vizinhos.
Para um Portugal mais democrático e mais moderno seria necessário que os partidos
portugueses procedessem a uma revisão fundamental dos seus programas à luz da nação e dum
futuro humanista. Para isso será mais que óbvio purificá-los dum espírito superficial do imediatismo e materialismo que o 25 de Abril lhes inspirou. O autoritarismo
pessoal e ideológico, o jacobinismo presente de influência francesa, e outras barbaridades
posteriores têm impedido Portugal da sua independência cultural e dum progresso orgânico. Portugal merece mais do que a importação de cópias desaferidas! Portugal precisa de originais, de originais com erros, mas originais, para poder aprender dos erros que faz.
Portugal já deveria estar farto de De cidadão para proletário. In diário da Zambézia

1 comment:

Anonymous said...

Boa ideia!
Parabéns
M.M.