Beijing diz querer armas de volta
* Banco alemão pretende penhorar armamento para reaver empréstimo mal parado nas mãos do Regime de Harare
A Unidade de Informações Marítimas da Lloyds aventa a hipótese das armas transportadas pelo An Yue Jiang terem sido baldeadas para outro navio no alto mar, utilizando os seis guindastes de que o navio chinês dispõe. Uma outra hipótese, de acordo com a mesma fonte, é o navio ter sido reabastecido no alto mar.
Joanesburgo (Canal de Moçambique) - O jornal «The Namibian», que se publica em Windhoek, noticiou na sua edição de ontem que o navio chinês, An Yue Jiang, que leva a bordo diverso material bélico para o regime de Harare, havia pedido autorização pelas autoridades portuárias de Walvis Bay para ser reabastecido em combustível. O periódico namibiano refere que a embarcação chinesa tencionava atracar no porto de Walvis Bay no dia de ontem, possivelmente na parte da manhã. De acordo com a Unidade de Informações Marítimas (MIU) da seguradora Lloyds, o An Yue Jiang não foi reabastecido no porto de Durban de onde zarpou no passado dia 18, para evitar que o carregamento de armas que transporta nos seus porões fosse apreendido e mantido sob custódia do tribunal daquela cidade. A MIU, que tem vindo a seguir os movimentos do An Yue Jiang por satélite, refere que às 14h20m de ontem (16h20m em Moçambique), o navio havia sido “localizado a 57 milhas náuticas do Cabo da Boa Esperança, possivelmente navegando com destino ao porto de Dar es Salaam, antes de rumar para o seu porto de origem na China.” O jornal «The Namibian» não conseguiu obter nenhum comentário por parte das autoridades namibianas quanto à alegada entrada do navio chinês no porto de Walvis Bay. Em declarações a um canal televisivo na noite de segunda-feira, o ministro da informação da Namíbia, Joel Kaapanda, afirmou que não tinha quaisquer informações a respeito do navio. Não obstante a onda de protestos contra o fornecimento de armas ao regime de Harare, que tem mobilizado sindicatos, trabalhadores portuários, prelados, forças democráticas e organizações não-governamentais, que em conjunto e de forma espontânea se têm vindo a opor ao descarregamento do material bélico a bordo do An Yue Jiang, o ministro Joel Kaapanda manifestou “surpresa” pelo interesse que tem rodeado o caso do navio chinês, acrescentando, “não compreender porque é que este navio é tão especial.” Embora o ministro moçambicano dos transportes e comunicações, Paulo Zucula, tenha referido que o An Yue Jiang tencionava atracar no porto de Luanda, o director do Instituto dos Portos Angolanos, Filomeno Mendonça disse à estacão emissora LAC (Luanda Antena Comercial) que o navio chinês não havia solicitado a entrada em águas territoriais angolanas, não estando autorizado a entrar nos portos angolanos.” Mendonça precisou que o An Yue Jiang “não receberia assistência em Angola.” A Unidade de Informações Marítimas da Lloyds aventa a hipótese das armas transportadas pelo An Yue Jiang terem sido baldeadas para outro navio no alto mar, utilizando os seis guindastes de que o navio chinês dispõe. Uma outra hipótese, de acordo com a mesma fonte, é o navio ter sido reabastecido no alto mar. Por seu turno, uma porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês, Jiang Yu, admitiu a hipótese das 77 toneladas de material bélico a bordo do An Yue Jiang regressarem à China dadas as dificuldades deparadas com a entrega da mercadoria letal ao regime de Harare. Jiang Ju defendeu a transacção do armamento entre o seu país e o regime de Mugabe, dizendo que a mesma não estava relacionada com os últimos acontecimentos no Zimbabwe. A porta-voz do ministério chinês dos estrangeiros alegou que o contrato para a exportação do armamento havia sido assinado o ano passado. As declarações de Jiang Yu, em particular a intenção das autoridades de Beijing em fazer com que a controversa mercadoria a bordo do An Yue Jiang seja devolvida à procedência, têm como pano de fundo movimentações feitas pelo banco alemão, KfW Ipex Bank, junto de instâncias jurídicas internacionais no sentido de penhorar bens pertencentes ao regime de Harare pelo facto deste estar em dívida para com aquela instituição de crédito com sede em Frankfurt. De acordo com Unidade de Informações Marítimas da Lloyds, em 1998, o KfW Ipex Bank concedeu um empréstimo estimado em vários milhões de euros à empresa siderúrgica zimbabweana, Zimbabwe Iron & Steel Co., destinado à construção de uma fábrica de aço, tendo o governo de Robert Mugabe prestado fiança. Ainda segundo aquela unidade da Lloyds, quando foi noticiado que o navio chinês atracaria no porto de Durban, uma agência internacional de colecta de dívidas, contratada pelo referido banco, preparava-se para apreender o armamento a bordo do An Yue Jiang quando este, alertado pelas autoridades governamentais sul-africanas, pôs-se em fuga antes que o oficial de diligências do tribunal daquela cidade pudesse apresentar o mandado judicial ao comandante da embarcação chinesa.
(Redacção / The Namibian / MIU / IRIN)
2008-04-23 08:10:00
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