Monday, 3 March 2008

ECOS DA HOLANDA, POR ANGELO MUNGUAMBE


PR engasgado com questão do Zimbabwe

“Moçambique vive hoje um clima de paz, próprio para atrair investimentos. Isto porque o conflito interno que durou 16 anos teve dois adversários, ambos interessados na paz, faltando-lhes apenas oportunidades, e que sabiam que a agressão era fomentada a partir do exterior” – Armando Guebuza

“Quero acreditar que a negociação com Mugabe vai dar certo. Os zimbabweanos
realmente não estão satisfeitos, mas há uma nova Constituição, e eles em conjunto vão
definir o país que precisam” - idem

“Não confundam os chineses, não são só eles quem retira a nossa madeira. Há muita
mais gente metida nisto” - PR

“Queremos sugerir ao PR a retirada do símbolo da arma na bandeira nacional, porque não faz sentido com a paz da qual nos orgulhamos” - mensagem dos moçambicanos na diáspora

Holanda (Canal de Mocambique) - O Presidente da República Armando Guebuza em discurso a semana passada no Instituto de Relações Internacionais de Clingesdale, na Holanda, falou das potencialidades de Moçambique pósguerra, e fez uma incursão sobre a questão do Zimbabwe e do Congo.
Mais adiante o PR dissertou sobre outras áreas de interesse económico, e no final do dia conviveu com a comunidade moçambicana na diáspora.
Sobre a questão politica nacional, Guebuza assegurou aos presentes no encontro que o país vive um clima de intensa harmonia e de paz, mercê do esforço conjunto entre a Frelimo e a Renamo, e que estes dois beligerantes há muito precisavam da paz, só que não encontravam oportunidades, e ambos estavam conscientes da interferência
externa que atiçava os ânimos.
“Hoje gozamos de credibilidade e confiança no mundo graças à manutenção desta paz consubstanciada na liberdade de imprensa, e outros ângulos democráticos” -disse o chefe de Estado Armando Guebuza.
Sobre o facto de gozarmos de paz, e na região se verificarem conflitos mais concretamente no Zimbabwe e no Congo, Guebuza confrontado viu-se momentaneamente engasgado e nervoso, mas sorrindo afirmou: “Esta é a minha modesta opinião e não reflecte o sentimento da União Africana (UA). Quero acreditar que internamente os
zimbabweanos terão a solução do seu problema. O povo realmente anda desencontrado com o seu Presidente da República, mas há uma nova Constituição e juntos eles vão definir o país que querem”.
Insistindo, um dos presentes quis saber junto do PR, o que se teria falado
na última reunião da UA de Addis Abeba sobre o Zimbabwe, ao que Guebuza respondeu: “Em Addis Abeba falamos das cheias que assolam a região e da solidariedade para com Moçambique gravemente assolado (risos). Ouvimos também alguma informação vinda do presidente Mbeki, da RAS, na qualidade de mediador do conflito, que nos garantiu que não estava desesperado, e que os zimbabweanos teriam a solução do seu problema.”
Sobre o Congo, cauteloso, Guebuza avançou que se tratava de um conflito interno de dimensão incomensurável, mas que “os últimos desenvolvimentos eram encorajadores e tudo apontava para um final de harmonia e reconciliação entre as partes.”
Não confundam os chineses No final do dia, e num encontro com a comunidade de Benelux, composta de moçambicanos residentes na Holanda, Bélgica e no Luxemburgo, O PR foi confrontado com algumas questões levantadas pelos membros da comunidade, e algumas das respostas de Guebuza foram motivo de gargalhada.
Na sua alocução, os membros da comunidade de Benelux questionaram as razões dos motins do 5 de Fevereiro, falaram da corrupção no Pais, do abuso do meio ambiente, das Alfândegas, e da suposta delapidação da madeira nacional por chineses, engrandecendo a sua indústria imobiliária e do registo de maus tratos aos moçambicanos nas obras onde actuam empresas chinesas. Em resposta a esta última questão Guebuza disse: “Não confundam os chineses. Temos boas relações com a China e como qualquer outro país com intenções de investir, eles são bem vindos ao nosso país. Eu não sei se são só os chineses a roubar madeira como vocês dizem. Deixem-se de preconceitos rácicos. Há muita mais gente de outras nacionalidades envolvida no
roubo da madeira do Pais”.
Armada na Bandeira Sobre a manutenção da arma na bandeira nacional, o PR começou por se rir, e disse: “Caros compatriotas, a conquista da independência foi graças ao uso das armas. Ela ali onde está na bandeira fala da nossa histária. Vocês não gostam da vossa história? Mesmo aqui na Europa onde vocês vivem, alguns hinos destes países falam de canhões (risos) e isso enaltece a história destes países.
O 5 de Fevereiro Sobre os acontecimentos do 5 de Fevereiro, em Maputo e Matola, Guebuza disse estar consciente das reivindicações mas que as pessoas não deviam destruir aquilo que custou a conquistar, tendo por outro lado aconselhado aos membros da comunidade de Benelux a ler o jornal Noticias e ouvir a RM e a TVM se quiserem respostas sobre as outras questões por si levantadas. Sobre a outra Comunicação Social escrita, falada e televisiva nem a mais pequena menção.
“Se quiserem respostas sobre as vossas inquietações e saber da realidade do vosso pais leiam o jornal Noticias e ouçam a RM e a TVM, porque esta tudo lá” - disse
Guebuza, tendo acto continuo Venâncio Massingue, o ministro da Ciência e
Tecnologia se levantado e ditado o endereço electrónico do Notícias…

Acordos

No final da sua visita à Holanda, e numa breve conferência de imprensa, Guebuza falou dos acordos alcançados entre os dois Estados e das perspectivas de
investimento.
“Há boas indicações, estamos satisfeitos com o nível das negociações”.
Entretanto o repórter do Canal de Moçambique e do Semanário Zambeze que
acompanha esta deslocação do chefe de estado quis saber do PR se havia alguma
indicação sobre como sair do problema dos transportes no país: - Sr PR, ontem
foi ministro dos transportes, e hoje na qualidade de presidente da República visita
a Holanda, um país potencialmente evoluído na arena dos transportes. Dada
a sua experiência na área e pela crise que se vive no país, que soluções se podem
esperar?
Armando Guebuza respondeu: “As crises devem resolvidas internamente. Aquilo que vier de fora deve ser um complemento. Nós temos que fazer o papel principal. Os holandeses assumem que podem ajudar na gestão do transporte público e no caminho de ferro por forma a sairmos do marasmo dos transportes”.
“Mas tudo ainda são ideias, e as delegações dos dois países nos próximos tempos vão trabalhar intensamente nesta área” - concluiu.

Holanda retirou apoio à Justiça

A terminar o PR disse que o facto do reino da Holanda ter retirado o seu apoio
ao sector da Justiça em Moçambique não encerra o ciclo de ajuda. “Eles acham que
com o dinheiro que dão no global, que são 18 milhões de Euros/ano, podemos
repartir uma fatia para o sector da justiça”.

(Ângelo Munguambe, na Holanda)
Maputo (Canal de Moçambique) -WWW.CANAL

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