Wednesday 13 February 2008

COMICHE REPUDIADO PELA POPULACAO



Ecos da greve relativa aos «Chapas 100»


O presidente do município de Maputo foi repudiado durante a sua presidência aberta no Distrito Urbano nº5 por ter criticado a população da cidade de Maputo pela forma como se manifestou no passado dia 5 de Fevereiro, terça-feira de Carnaval.

Maputo (Canal de Moçambique) - O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM), Dr. Eneias Comiche foi, esta semana, repudiado por populares, quando durante a uma por si chamada “presidência aberta”, no distrito municipal no. 5, tentou atirar com as culpas à FEMATRO como entidade que atiçou as manifestações que tiveram lugar no passado dia 5 de Fevereiro por supostamente, segundo o edil, ter sido o responsável pelo aumento das tarifas dos «Chapa 100».
A população descontente chegou mesmo a exigir que o Edil, caso continuasse a ter o mesmo fio de pensamento, abandonasse o local e os deixasse. Para muitos o que Eneias Comiche dizia não passava de disparates.
Os tumultos que aconteceram no passado dias 5 de Fevereiro levaram o edil da cidade de Maputo, Eneas Comiche, a acusar, nesse encontro, a Federação dos Transportadores Rodoviários de Moçambique, de ter sido responsável pelo agravamento das tarifas.
Eneas Comiche, fez os mencionados pronunciamentos durante um comício popular que orientou no Bairro George Dimitrov , distrito Municipal n.º5. Nesse encontro no âmbito do que designa por “Presidência Aberta” estiveram presente populares oriundos dos diversos bairros daquele distrito municipal.
Na ocasião, o presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo confrontado por populares tentou atirar a batata quente à Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO). Segundo Comiche a FEMATRO tentou agravar a tarifa dos chapas sem que antes tenha feito uma avaliação das consequências que disso adviriam. Contudo não explicou aos presentes que alternativa restava aos próprios transportadores perante os sucessivos agravamentos aos preços dos combustíveis que o Governo central vem aprovando sem ter em conta a carestia de vida que sentem os cidadãos de todo o país com particular ênfase para os da cidade de Maputo que é dirigida por Eneias Comiche.
Comiche também não explicou aos presentes a razão de ser de uma diferença da ordem de 10 meticais entre os preços dos combustíveis em Moçambique e os da vizinha África do Sul, ali mais baratos.
Eneas Comiche optou no seu discurso por criticar a população que, já desesperada decidiu na terça-feira, de forma violenta em certos casos, manifestar-se para repudiar os preços dos chapas que acabavam de subir por imposição dos preços dos combustíveis.
Durante o comício e perante o discurso “absurdo e insultuoso” de Comiche, alguns populares, ainda com os ânimos perturbados, pedirem para que Edil se retirasse daquele lugar, protagonizando desta forma algo que até aqui era inimaginável na relação dos cidadãos com as individualidades governamentais que estão no poder desde a Independência Nacional.
“O povo já está cansado das injustiças cometidas por este Governo”, gritavam os populares deixando antever uma luta renhida nas eleições autárquicas que se avizinham e se presume possam vir a ser marcadas pelo chefe de estado para meados ou segunda metade do corrente ano.
Recorde se que o agravamento da tarifa dos chapas provocou no passado dia 5 uma manifestação popular na capital do país em que o povo pôs à prova a capacidade do Governo vencendo claramente o round em que conseguir fazer vergar o Governo e obrigar o Conselho de Ministros a rever as políticas que impuseram aos chapas o agravamento das tarifas.
Durante o comício popular dirigido por Eneias Comiche a população ainda em tensão efectuou duras criticas ao seu executivo pela forma como este tem governado o município de Maputo. Foi salientado que tem sido notório que de tudo o que foi prometido durante a campanha eleitoral das autarquias de 2002 pouco foi feito até agora quando se está praticamente em fim de mandato.
A população, claramente insatisfeita e por vezes indignada, falou da falta de estradas melhoradas nos bairros residenciais daquele distrito Municipal; falta de iluminação pública alegando que isso concorre para a prática de crimes pela calada da noite; deficiente recolha dos resíduos sólidos urbanos, entre outros aspectos que não abonam a continuidade de Comiche como candidato à sua sucessão nas próximas eleições autárquicas, nem ajudam a candidatura de um seu correligionário que eventualmente se venha a posicionar para render Comiche como Edil de Maputo.
Alguns munícipes que se pronunciaram durante o encontro, a pedido do Edil Eleias Comiche, apontaram ainda o mau funcionamento dos secretários dos bairros, a escassez de água potável em alguns bairros e mercados daquele distrito Urbano; a necessidade da expansão das redes bancária e hospitalar; e a necessidade ainda de instalação do sistema pré-pago de energia eléctrica (CREDILEC) para que cada cidadão use a energia segundo as suas capacidades.
Os munícipes criticaram ainda os aumentos de preços de alguns produtos básicos tais como o pão, o arroz e apelaram para a necessidade de se criarem locais de diversão para jovens, com especial enfoque no desporto.
Um dos intervenientes, que se identificou como Elias Mazive e residente no Bairro 25 de Junho, pediu a Eneas Comiche para que envidasse esforços no sentido de evitar que a Escola Primária Unidade 30, localizada naquela zona desabe sobre as crianças em plenas aulas, dada a degradação em que as suas infra-estruturas se encontram presentemente.
“Mais vale montarem-se tendas em substituição da escola porque cada dia que passa fica mais claro que a escola vai ruir”, disse aquele interveniente.

(Alexandre Luís)

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