Thursday, 24 January 2008

EM MOCAMBIQUE

“A paz depende da Renamo e Dhlakama”MAPUTO — O líder do maior partido de oposição , Afonso Dhlakama, disse, ontem, que a paz de que os moçambicanos estão a desfrutar, desde a assinatura dos Acordos Gerais de Paz, em 1992, é consolidada, basicamente, por si e pela Renamo que têm vindo a evitar responder às provocações do partido no poder, a Frelimo.

“Nas condições normais, do que está acontecer, em Moçambique, se fosse noutro país do continente, o meu partido já teria regressado às matas, há muito tempo, mas, porque sou pela paz, prefiro não responder”, disse, apontando o exemplo do que está acontecer no Quénia, onde já morreram
mais de 800 pessoas, o que ainda não aconteceu em Moçambique, à excepção dos episódios de
1999, em Montepuez, Cabo Delgado, protagonizados por elementos do partido governamental.
“A Renamo e seus membros não estão satisfeitos com o que está a acontecer, sobretudo, em períodos
eleitorais. Até sou acusado, dentro do partido, de ser ditador por não aceitar que os nossos membros
respondam a provocações”, disse, acrescentando que os elementos da Renamo preferem morrer sem
responder as provocações.

O líder explicou que a paz não significa o calar das armas, mas sim, pôr toda gente satisfeita, a trabalhar, e a sentir-se bem. “A paz não significa sair das matas e vir sentar-se no Sommershield. A paz depende muito da Renamo e de Dhlakama. Não é fácil gerir a paz. Tenho uma carga e não posso me distrair, nem tão pouco”, disse. Dhlakama, que falava aos membros do seu partido, pela ocasião da sua homenagem pelo Conselho das Religiões de Moçambique, a Interfight Peace Bulding, da Etiópia e a United Religions Iniciative for Africa, lamentou o facto destas organizações do continente africano terem reconhecido e valorizado o papel de Dhlakama tardiamente. “Todo o mundo sabe que assinámos os acordos, em 1992, e se de lá a esta parte estamos em paz, deve-se a alguém que aceitou sacrifícios. Houve situações inaceitáveis nas condições do continente africano, daí, digo que este reconhecimento chegou tarde demais, pois, deveria ter chegado em 1994, quando fui roubado votos e não fiz confusão”.
Intervindo, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, reconheceu não ser fácil liderar um partido de oposição em África, onde os movimentos que receberam independências dos colonizadores se outorgam donos dos respectivos países.
“Algumas pessoas tentaram, ao longo do tempo, esconder a figura do líder da Renamo, atribuindo-lhe títulos hediondos com o fito de denegrir a sua imagem que o mundo já começou a despertar. Dhlakama já é um diamante reluzente, fruto da sua entrega abnegada à causa do povo, da maioria humilhada, descriminada e esquecida.
O mundo está a dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, mostrando que o que tem chifres
não se esconde”, disse.
Acrescentou que o amor ao próximo, o humanismo do líder, fazem dele um presidente carismático, amado pela maioria e odiado por alguns, tendo isto concorrido para a sua eleição, laureado pelo continente, por ser exemplo da oposição.
Mazanga disse que não é fácil ser líder de um partido cujos membros são humilhados, presos, agredidos e mortos quando exercem seu direito consagrado na Constituição.
“Quantas vezes membros da Renamo cansados de sevícias perpetradas pela Polícia da República de Moçambique pediram ao presidente da Renamo para conjugarem o princípio que reza que qualquer acção suscita reacção igual em intensidade e em sentidos diferentes? — Quantos de nós não dissemos que vamos retaliar e ele a dizer não?”.
Lembrou que, ao longo destes anos, depois da assinatura do AGP, não faltaram provocações que já teriam
resultado em confrontação militar, mas, devido à clarividência e amor à paz que o líder ensina, continua a viver-se sem disparos, perguntou..
“A paz que vivemos resulta da vontade intrínseca de Dhlakama que tem sabido apaziguar e calmar nossos corações para aceitarmos sacrifícios e humilhações”, disse, sublinhando que, por isso, o prémio modelo de oposição em África e garante da paz em Moçambique, assenta como uma luva na
pessoa de Dhlakama. (Redacção)

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