'Entrei na politica por causa da fe nas pessoas e no seu potencial' Gordon Brown na Conferencia do Partido Trabalhista que o consagrou seu lider (Junho 2007)
Qualquer analise sobre as mudancas no executivo britanico nao fariamm sentido se nao nos levassem a uma pergunta impossivel de evitar: que implicacoes para Africa e quica para Mocambique, nossa patria amada?
Das varias possiveis formas de abordar esta questao preferimos a mais simples. Olharmos para o perfil do timoneiro, das suas prioridades de acordo com os seus principais pronunciamentos para no fim analisarmos a quem e que o 'boss' delegou a tarefa de lidar com Africa, ou seja que serao os responsaveis pela operacionalizacao da visao e das decisoes do boss.
Comecemos pelo principio. Quem e Gordon Brown?
Gordon Brown nasceu em 1951 na Escocia, onde cresceu e se formou tendo frequentado a Escola de Kirkcaldy e mais tarde a famosa Universidade de Edinburgh (com 16 anos), de onde fez o doutoramento. Brown chegou a ser o presidente da Associacao de estudantes mais novo com apenas 24 anos de idade, entre 1972 e 1975. Entre 1976 e 1980 leccionou na mesma universidade e na Universidade Caledonia.
Concorreu pela primeira vez para a posicao de membro de parlamento em 1979 (Eleicoes ganhas pela Dama de Ferro, Margaret Thatcer) pelo Circulo Eleitoral de Edinbourg South. Nessas eleicoes o seu oponente, do Partido conservador foi Michael Ancram, que mais tarde se tornou Vice-presidente do Partido Conservador. Nas eleicoes seguintes Brown teve que mudar-se para outro circulo eleitoral mais favoravel aos trabalhistas tendo sido eleito membro do parlamento pela regiao de Dunfermile East desde 1983 a 2005, e de dai ate ao presente representou no parlamento a regiao de kircaldy e cowdenbeath. Foi Ministro das financas Sombra entre 1992 a 1997. A 2 de Maio de 1997, como resultado da vitoria do New Labour sobre os Conservadores, Gordon Brown tornou-se Ministro das Financas, cargo que manteve ate ascender a almejada cadeira de Primeiro-ministro, semana passsada.
Entre 1983 e 1984 Brown foi presidente to Conselho Escoces do Partido Trabalhista britanico. Antes de assumir a funcao de Ministro das financas sombra. Brown foi entre 1987 e 1989 secretario do Tesouro sombra e entre 1989 e 1992 ministro sombra para o Comercio e Industria.
Brown tem publicadas e editadas varias obras dentre as quais se destaca a obra Maxton, A Politica do Nacionalismo e Nacionalismo, John Smith: a vida e a alma do partido, visoes e vozes.
Enquanto Chancellor do Exchequer, ou seja Ministro das Financas, Brown mostrou o seu cometimento em aliviar a divida dos paises em desenvolvimento. Durante a sua historica visita de seis dias a Africa em Janeiro de 2005, Brown prometeu aliviar a divida de mais de 70 paises subdesenvolvidos, incluindo Mocambique, tendo chado os paises desenvolvidos a apoia na criacao de um Fundo de Ajuda aos paises em desenvolvimento de cerca de 5 bilioes de Libras. Este fundo seria destinado a combater a pandemia do Sida.
Na altura Brown afirmou que o objectivo do governo britanico era de 'obter 100% do perdao da divida', na esperanca de que outros paises desenvolvidos seguiriam o exemplo.
De acordo com Brown, 'se os paises desenvolvidos duplicassem os cerca de 400 milhoes de Libras que anualmente sao destinados a pesquisa para uma vacina contra o Sida, seria possivel avancar em cerca de tres anos em tais pesquisas' e assim 'salvar cerca de seis milhoes de vidas'.
Brown e membro da famosa e controversa 'Comissao para Africa', estabelecida pelo Primeio Ministro cessante, que tinha por objectivo encontrar solucoes para os problemas de Africa. Brown desempemhou um papel crucial nos estagios finais da elaboracao do rrelatorio da Comissao, que resultou nas grandes promessas do G8 para apoiar Africa. A sua ligacao a Africa parece ter despontado quando um grupo de missionarios africanos visitou a casa de seus pais durante a sua adolescencia. Quando jovem, Brown e seu irmao, produziram um jornal, que proprios baptizaram de ser o 'unico jornal Escoces vendido para apoiar refugiados africanos.
Brown e reconhecido pela sua prudencia fiscal e por ter dado a independencia ao Banco da Inglaterra para ajustar as taxas de juro, decisao inesperada de um governo da esquerda.
Durante os 10 anos como Ministro das Financas, Brown e reconhecido pela maioria dos observadores como um bom gestor, tendo gerido o periodo mais longo de crescimento economico na historia britanica e de ter diminuido o numero de desempregados e conseguiu manter a inflacao sob controle. Apesar deste perfil, Michael Ancram, seu ex-rival nas eleicoes de 1979 afirma que 'Brown encontrou o terreno preparado pela anterior administracao conservadora'.
Uma das unicas manchas que recai no curricullum de Brown e a acusacao que sobre ele recai de ter destruido a pensao de reforma dos mais velhos, ao ter criado o imposto sobre pensoes de reforma.
Agora que conhecemos a origem, a trajectoria e alguns dos pronunciamentos de Brown chegou a hora de darmos uma volta a questao: quem vai operacionalizar a politica britanica para africa/
Como em qualquer pais a politica externa e definida pelo chefe-mor, seja ele presidente, primeiro ministro ou rei, dependendo da configuracao politica de cada pais e e operacionalizada pelo Ministerio dos Negocios Estrangeiros.
Diziamos nos no nosso artigo inicial, que havera sem margem para duvidas uma mudanca na politica externa britanica. mudanca essa que iniciou com a nomeacao ppara o cargo de Ministro dos Estrangeiros e Assuntos da Commonwealth de David Miliband, um critico da politica externa de Blair. Ao nomear Miliband, pensamos nos, brown quis mostrar a Bush e a quem quiser ver, que o periodo do casamento entre Washignton e London terminou. nao ha duvidas que a 'relacao especial' entre os dois paises continuara a existir, mas sera uma relacao de conveniencia ou como diriam meus amigos brasileiros 'um casal em camas separadas'!
O segundo ponto interessante e a nomeacao de um outro Escoces, Douglas Alexander, para a cadeira de Desenvolvimento Internacional, que normalmente lida com as questoes Africanas. Douglas Alexander, foi Ministro dos Transportes e da Escocia no Governo de Blair. Antes foi Ministro para a Europa (Maio 2005- a Maio 2006), e anteriormente foi Secretario de Estado de Comercio, Investimento e Assuntos Estrangeiros (2004-2005) e Secretario de Estado para o Comercio Eletronico e Competicao (2001).
Apesar de criticos sugerirem que douglas foi nomeado para este cargo, por se tratar dos poucos cargos governamentais com agenda reduzida, o que lhe permitiria concentrar-se na sua outra mais importante funcao,- chefe da campanha par a eleicao de Brown, acreditamos que Douglas dedicara tempo suficiente para aumentar a importancia deste ministerio, tanto mais que Douglas, tera as portas de Donwning Street.
Na sua primeira aparicao publica, Douglas afirmou 'Nos ultimos 10 anos, a luta pela eliminacao da pobreza tem estado no centro das atencoes e prioridades das politicas do governo. o nosso cometimento em ajudar os paises pobres e reconhecido em todos os quadrantes do mundo. manteremos as nossas promessas de ajuda. o nosso orcamento triplicou nos ultimos dez anos, e prometemos continuar a aumentar (...) Anualmente o nosso ministerio (DFID), tira da pobreza cerca de tres milhoes de pessoas.'
Para prosseguir dizendo que ' ...mas ainda ha outros desafios para a frente. Setenta e dois milhoes de criancas ainda nao podem ir a escola, 500 mil mulheres morrem por causa de complicacoes durante a gravidez ou durante o parto. conflitos e as mudancas climaticas continuam a criar problemas nas vidas de milhares de pessoas pobres'.
Douglas concluiu o seu primeiro discurso dizendo ' E por isso que sinto-me feliz por ter sido nomeado ministro para o desenvolvimento internacional. continuarei a pressionar os paises desenvolvidos para que cumpram com as promessas que fizeram em 2005 e continuarei a trabalhar com os paises pobres para a erradicacao da pobreza'.
Blair nomeou ainda para secretario de estado para Africa, Asia e as Nacoes Unidas, um alto diplomata britanico, bastante critico a participacao da Gra-Bretanha na guerra do iraque.
Com estas pedras-chave, talvez sera altura para perguntar: 'Em Julho, calcas novas na Politica externa britanica para Africa?'
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