As Mudanças Climáticas
tornaram-se num dos maiores desafios do século XXI. O mundo tem registado um
aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos como ondas
de calor intenso, cheias, inundações, ciclones e secas que poderão ainda
agravar-se no futuro. A sociedade e sobretudo as cidades costeiras que albergam
grandes aglomerados populacionais têm que desenhar e implementar planos visando
melhor adaptação ao novo contexto sob o risco de ver todos os seus esforços de
desenvolvimento comprometidos.
Em Moçambique, a cidade
de Quelimane por exemplo, tem sido bastante vulnerável aos efeitos das Mudanças
Climáticas. Situada abaixo do nível médio das águas do mar e no estuário do rio
dos Bons Sinais (ou rio Cua Cua) e de outros cursos das sub-bacias do rio Zambeze
e Licungo. A cidade de Quelimane tem sofrido com os efeitos das marés, da
intrusão salina*, da erosão costeira e regularmente de inundações, cheias e dos
ventos fortes com impactos desastrosos na vida dos habitantes e na estrutura
administrativa. A maioria da população vive em habitações caracterizadas por fraca
capacidade de resistência aos efeitos das Mudanças Climáticas mencionados,
muitas vezes devido a falta de conhecimento dos procedimentos e das técnicas de
construção recomendáveis, segundo as características da zona e perigos.
É neste contexto
que o Programa da USAID de Adaptação das Cidades Costeiras às Mudanças
Climáticas (CCAP, sigla em Inglês), em parceria com a UN-Habitat e o Conselho Municipal
de Quelimane e as comunidades locais, iniciaram uma série de actividades
visando a construção de 12 infraestruturas modelos com capacidade de resistir
às cheias, ciclones, ventos fortes, erosão costeira, entre outros.
As
infraestruturas a serem concebidas incluirão sistemas de captação de águas pluviais
e modelos de latrinas compatíveis com as áreas cujo lençol freático é alto,
como forma de reduzir o risco de contaminação do solo e de águas subterrâneas.
Estas infraestruturas serão construídas com a activa participação da comunidade
e servirão como demostração para que as comunidades e outras entidades
repliquem as técnicas e procedimentos utilizados e massifiquem a construção de
edifícios melhorados, seguros e resilientes aos efeitos das mudanças
climáticas.
Para assegurar o
envolvimento das comunidades foram organizados seminários participativos
visando o desenho e pré-validação dos protótipos das infraestruturas a serem
construídas. Em seguida foram treinados mais de 50 membros dentre os quais mestres
de construção, artesões locais e líderes da comunidade local sobre as técnicas
de construção de casas mais resistentes aos efeitos da Mudanças Climáticas.
Após o treinamento, os participantes formarão equipes de trabalho que
contribuam para a construção das primeiras quatro casas modelo no Bairro de Icidua.
O lançamento da pedra das primeiras casas modelos terá lugar em Setembro do ano
em curso.
*intrusão salina é a penetração da água salgada do mar na
zona da água doce.
No comments:
Post a Comment