Monday 21 January 2013

Kangamba: o Criminoso Candidato do MPLA

Por , julho 13, 2012 · Comments (13)
Durante o acto de homenagem e apresentação da candidatura do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, a 23 de Junho passado, no estádio 11 de Novembro, poucos perceberam a sombra e o verdadeiro poder de um outro dos Santos.
No palco montado no exterior do estádio, onde desfilavam conceituados cantores angolanos e onde o Presidente deveria ter falado às multidões, outro nome adornava o cenário, em dois grandes cartazes junto ao palco: o do controverso empresário Bento Kangamba, de seu nome próprio Bento dos Santos, de 47anos.
Aquele acto foi, afinal, mais um golpe magistral de campanha pessoal do auto-denominado empresário da juventude e presidente do Kabuscorp F.C., que concorre ao cargo de deputado nas eleições previstas para o próximo dia 31 de Agosto. O referido candidato é o secretário do comité provincial de Luanda do MPLA para organização e mobilização periférica e rural de Luanda.
Como Bento Kangamba adquiriu tanto poder para, inclusive, usar um acto destinado ao Presidente José Eduardo dos Santos, um obreiro do culto de personalidade, para sua auto-promoção? Esta questão conduz a uma outra mais preocupante e de gravidade nacional. Como um indivíduo condenado pela justiça, com cadastro criminal, pode concorrer ao cargo de deputado?
A presente investigação traz a lume o extraordinário percurso de Bento Kangamba, para quem a lei e as instituições do Estado, incluindo a presidência, sujeitam-se à sua colorida e sinistra personalidade.
A Lei e os Crimes
A Constituição angolana, promulgada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, a 21 de Janeiro de 2010, estabelece, como inelegíveis a deputados, dentre outros, os cidadãos “que tenham sido condenados com pena de prisão superior a dois anos” (Art. 145º, nº 1, e).
A 27 de Outubro de 2000, o Tribunal Supremo Militar condenou o então brigadeiro na reserva, Bento dos Santos, mais conhecido por Bento Kangamba, a uma pena única de dois anos e oito meses de prisão maior, por cúmulo jurídico, como autor de crime de conduta indecorosa, burla por defraudação e dois crimes de falsificação de documentos. O empresário foi ainda condenado a pagar uma indemnização no valor de US $427,531 à empresa portuguesa Filapor – Comércio Internacional Lda, com sede em Portugal, que foi vítima de burla.
O caso remonta a Março de 1996, quando o então coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA) e logístico da 16ª Agrupação do Comando Operacional do Cuango, Bento dos Santos, fraudulentamente importou à Filapor, mercadoria no valor de US $267,532 em nome da Direcção da Logística do Estado-Maior do Exército. Na realidade, conforme o Acórdão do Tribunal Supremo Militar, os contentores de “óleo alimentar, atum, sardinha, frigoríficos, mobiliário diverso, colchões e equipamento desportivo” destinavam-se à candonga. “Todas as mercadorias foram recebidas por Bento dos Santos “Kangamba”, comercializadas por si, em proveito próprio, nos mercados informais da cidade de Luanda e em localidades das províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul e Moxico, não efectuando o pagamento devido à empresa do seu fornecedor ou seus sócios em Luanda”, lê-se no Acórdão.
Sobre a condenação e a atitude do condenado em não pagar a indemnização, o então ministro da Defesa, general Kundy Paihama, escreveu, a 17 de Dezembro de 2001, ao então secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, Luís Amado. “Expresso o meu sentimento de reprovação pela prática criminosa do réu supracitado cujo comportamento mereceu condenação do Supremo Tribunal Militar (…).” O ministro sugeriu os passos legais para o ressarcimento da dívida ao empresário Manuel Lapas, sócio-gerente da Filapor, a quem Bento dos Santos, ou simplesmente Bento Kangamba, havia enganado com documentos falsos que lhe conferiam poderes para negociar em nome da Direcção Logística do Estado-Maior do Exército.
No ano seguinte, a 19 de Junho de 2002, o Tribunal Supremo condenou Bento Kangamba à pena de quatro anos de prisão maior, por crime de burla por defraudação, bem como ao pagamento de uma indemnização de US $75 mil às empresas Nutritiva e Lokali.
Por sua vez, a 7 de Maio de 2012 , um tribunal de Sintra, Portugal, ordenou a penhora de bens detidos por Bento dos Santos, o Kangamba, nesse país europeu, para a execução da dívida de mais de um milhão de euros que este deve a Manuel Lapas. Entre os bens penhorados constam um apartamento de Bento Kangamba na freguesia de Oeiras, duas viaturas de luxo Mercedes-Benz e seis contas bancários no Millenium e Banco Espírito Santo, com um valor irrisório e total de €15,035.
Ironicamente, o auto-proclamado empresário da juventude é, em Lisboa, um simples assalariado da firma Lapigema – Lapidação e Comércio de Gemas, Lda, sedeada no Estoril. Com a categoria profissional de prospector de compras, o general Bento dos Santos aufere, em Portugal, um salário mensal de €485. Por se tratar de um valor correspondente ao salário mínimo nacional, em Portugal, a sua entidade patronal, Lapigema, declarou, a 17 de Maio passado, que o referido salário é “impenhorável”, excusando-se, desse modo, de executar a Ordem Nº. PE/333/2012, do Processo 11249/12.3TSNT, sobre a revisão do Acórdão do Tribunal Supremo Militar de Angola que condenou o antigo logístico. Para o efeito, a empresa confirmou o pagamento, a Bento Kangamba, do salário correspondente ao mês de Abril, tendo anexado o recibo de remunerações em carta dirigida ao executor da penhora.
Certamente, a ligação do candidato a deputado do MPLA, Bento Kangamba, à Lapigema será alvo de diligente investigação, noutra ocasião.
Em entrevista recente à Rádio Ecclésia, Bento Kangamba justificou a sua prisão, em termos pouco compreensíveis, como uma invenção de pessoas invejosas. “Fui preso porquê? Porque em 97-96, eu dei a cara como pessoa que tem dinheiro, para defender a greve dos professores e da educação. E as pessoas mais invejosos da vida, que não gostam de defender a vida das populações.”
Como Bento Kangamba tem conseguido pisotear a lei? Na entrevista à Rádio Ecclésia foi peremptório: “Neste país eu sou mais do que ministro!”
Na sequência da condenação, pelo Tribunal Supremo Militar, em 2000, o MPLA expulsou Bento Kangamba do seu comité central e da suas fileiras. No entanto, em 2009, o MPLA readmitiu no seu comité central, mais uma vez, o militante que havia saneado por práticas criminosas.
Em 2010, Bento Kangamba passou a fazer parte da família presidencial ao desposar Avelina Escórcio dos Santos, filha de Avelino dos Santos, o irmão mais velho de José Eduardo dos Santos. O chefe de Estado brindou a cerimónia de alembamento com a sua presença. Para padrinho, Kangamba escolheu uma figura do círculo presidencial, o general Higino Carneiro, membro do Bureau Político do MPLA e chefe-adjunto da sua bancada parlamentar.
José Eduardo dos Santos, na qualidade de comandante-em-chefe das FAA, promoveu, em Abril passado, Bento Kangamba ao grau militar de general de três estrelas. Apesar de ter passado à reforma, antes da condenação em 2000, este membro do Comité Central do MPLA tem vindo a ser promovido, no exército, sem justificação aparente.
O Braço Longo do Regime
A 7 de Março, passado, o vice-presidente do clube de futebol do general Kangamba, Raúl Mendonça, dirigiu pessoalmente um grupo de milícias que raptou, junto a uma estação móvel da Polícia Nacional no Cazenga, em Luanda, os jovens Mário Domingos e Kimbamba. Estes têm organizado manifestações exigindo a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos.
“Eu agarrei-me a uma barra da estação móvel da polícia e os atacantes deram-nos choques eléctricos, espancaram-nos e tiraram-nos os telemóveis e os documentos em frente aos agentes da polícia, que apenas assistiram sem fazer nada”, disse Mário Domingos.
As vítimas foram em seguidas apresentadas a Raúl Mendonça, vice-presidente do Kabuscorp F.C. “O Sr. Raúl prometeu-nos dinheiro para pararmos de organizar manifestações contra o Presidente José Eduardo dos Santos”, explicou Mário Domingos.
O general Bento Kangamba tem sido acusado, em várias ocasiões, de estar por detrás das milícias pró-dos Santos que têm perseguido os líderes do movimento contestatário com violentos ataques e raptos. A 4 de Junho o general Kangamba negou, em declarações à Rádio Ecclésia, qualquer envolvimento com as milícias. “Fui promovido a general de três estrelas para comandar milícias? Isto é falta de respeito. É inveja”, disse.
No entanto, Mário Domingos e Kimbamba presenciaram quando Raúl Mendonça deu ordens ao seus capangas. “Ele disse que nós éramos indivíduos teimosos, que queríamos ser heróis e morrer pelo povo. Então ele disse aos homens dele que se livrassem de nós.” Os atacantes levaram as víctimas para um aterro.
Mário Domingos disse ainda: “Naquele local fomos torturados com choques eléctricos e pancadaria. Mas à volta havia pessoas que ouviram os nossos gritos e vieram ver o que se passava. Eles levaram-nos para os carros outra vez e levaram-nos para um outro aterro, mais deserto, onde continuaram a torturar-nos, mas também ali haviam pessoas que nos ouviram gritar”.
A Inelegibilidade do Candidato
Como pode o Tribunal Constitucional, que foi minucioso na recusa de candidaturas da oposição, ao ponto de remeter alguns processos para investigação criminal, ter permitido a candidatura de Bento Kangamba, que ocupa o 60º lugar na lista do MPLA? Que certidão de registo criminal terá Bento Kangamba apresentado ao Tribunal Constitucional?
Poderia ser invocado o argumento de uma amnistia, uma vez que o Presidente José Eduardo dos Santos, desde 2000, decretou várias. Todavia, afasta-se essa possibilidade, até porque o condenado cumpriu pena na Comarca de Luanda e a sentença continua a ser executada, ora em Portugal. O próprio Tribunal Supremo Militar justifica, no Acórdão referente ao caso, que as amnistias declaradas para os crimes militares não se aplicam aos crimes de burla por se tratarem, estes, de crimes comuns e, para o efeito, cita o disposto no Artº 49º da Lei sobre os Crimes Militares (Lei 4/94). O referido artigo estabelece que “os crimes de corrupção, roubo, furto, peculato, abuso de confiança e burla, previstos na lei penal comum quando praticados por militares, serão punidos com as penas previstas na mesma lei, agravadas de um terço.” Assinaram o Acórdão, os juízes e oficiais generais António dos Santos Neto, Augusto da Costa Carneiro e Adolfo Aníbal Rasoilo. O primeiro exerce actualmente o cargo de juiz-presidente do Tribunal Supremo Militar, o segundo serve como juíz do Tribunal Supremo.
As decisões do presidente do MPLA e da República, José Eduardo dos Santos, têm demonstrado a sua falta de respeito para com a legislação em vigor, por si próprio promulgada e de acordo com a sua vontade política. A submissão da candidatura de Bento Kangamba é apenas mais uma das suas arbitrariedades.
Será que o Tribunal Constitucional, ao menos, terá coragem e dignidade suficiente para se pronunciar publicamente sobre o caso? Ou serve apenas para excluir os malquistos da oposição?

Wednesday 16 January 2013

"Eu matei Samora"

 * Eu matei SAMORA...???*

 "Eu matei Samora"
 Maria Pons, correspondente em Joanesburgo Um ex-agente dos serviços
 secretos militares do antigo regime
 sul-africano do «apartheid» assumiu publicamente ter estado envolvido na
 morte de Machel. Numa entrevista exclusiva publicada pelo semanário
 «Sowetan Sunday World», o ex-agente afirmou que participou nos planos que
 causaram a morte, em Outubro de 1986, num desastre de avião, ao antigo
 Presidente moçambicano, Samora Machel, bem como a outras 33 pessoas. Hans
 Louw, um assassino profissional ao serviço do Civil Cooperation Bureau
 (CCB), um departamento de operações especiais daqueles serviços secretos,
 concedeu a entrevista na prisão, onde se encontra desde 1997, a cumprir uma
 pena de 22 anos, por ter morto um membro da mafia grega. Ele e um outro
 agente são acusados de outros seis homicídios e 70 tentativas de homicídio.
 Louw afirma que a morte de Machel não resultou de um acidente e que não foi
 por acaso que o avião em que este seguia, um Tupolev de fabrico soviético
 vindo de Lusaca (Zâmbia) em direcção a Maputo, caiu nas colinas em Mbuzini,
 perto da fronteira sul-africana com
 Moçambique.



 "Eu fazia parte da equipa de reserva, armada com mísseis terra-ar, que
 seriam utilizados caso o primeiro plano falhasse", disse Louw, que afirma
 ter também colaborado nos relatórios e trâmites burocráticos da morte de
 Machel. Segundo o ex-agente, havia um plano A, que devia desviar o Tupolev
 da sua rota por meio da emissão de falsos sinais de rádio, o que
 efectivamente aconteceu. Crente de que estava a baixar em direcção a
 Maputo, o piloto russo conduziu, de facto, o avião para território
 sul-africano, onde acabou por despenhar-se nas montanhas de
 Lebombo, na região de Mbuzini.



 Louw acusa os serviços secretos militares do regime do «apartheid», a que
 pertencia na época, de terem emitido os falsos sinais. O mesmo método,
 denunciou Louw, teria depois servido para abater um avião militar angolano
 em 1989. Em 1987, uma comissão de investigação sul-africana declarou que o
 desastre se devia a um erro do piloto, que também morreu no desastre.
 Depois do fim do «apartheid», também a Comissão para a Verdade e
 Reconciliação
 investigou o desastre, mas não publicou os resultados. Nessa altura,
 apurou-se que a causa do acidente foi, efectivamente, a emissão de falsos
 sinais.



 A pedido de Graça Machel e Nelson Mandela, a morte de Samora Machel está
 agora a ser investigada pela equipa especial de investigações «The
 Scorpions». Louw confessou ainda que no princípio dos anos 90 distribuiu
 armas
 para semear violência nos comboios interurbanos no Rand oriental próximo
 de Joanesburgo, com armas provenientes de Moçambique. Depois de se demitir
 das forças especiais, foi mercenário em Angola e na Serra Leoa com a
 empresa sul-africana Executive Outcomes, oficialmente dissolvida em 1998,
 mas que continua a actuar sob outros nomes.


 E disse que estava arrependido do seu "passado sangrento" e que, por isso,
 queria "pôr tudo em pratos limpos". As suas revelações são apenas a ponta
 do icebergue.

Tuesday 15 January 2013

Suponho que o meu amigo Eduardo nao se importa se eu publicar este texto! Um abraco, MA



AS COISAS QUE EU GOSTARIA QUE O GOVERNO OUVISSE
POR Eduardo White

Tenho que ser homem todos os dias e poeta quando escrevo. Apesar de me pesar o primeiro, dói-me mais o segundo. Hoje é segunda-feira e a vida me chama e duras batalhas me esperam para que as enfrente. Suo, já, de percebê-las tão vivificadas, tão bem nutridas, tão prontas para me fazerem frente. Eu venho débil da poesia e o poeta, cuja insónia tanto me prejudica, nem percebe que necessito de descanso, que preciso desse repouso tão necessário às lutas que hoje pressinto travarei. Escreve desalmadamente como se  fossem todas as palavras esgotarem-se, todos os versos abandoná-lo. Chamo por ele mas nem disso se apercebe. Tenho o corpo cansado, os olhos avermelhados, a cabeça gasta de tanto tê-la emprestada. Entre a correria dos poemas que dele transcrevo, passam-me, tempestivas, as imagens do que tenho por realizar mais daqui a bocado, do que tenho que exercer para comprar cigarros e livros e as coisas necessárias para que a casa seja uma casa e nela possamos habitar-nos. Por outro lado, existe o amor que amamos. A mulher que nos mantém a amizade e nos suporta os maus humores, a desarrumação que fazemos, a preguiça que mostramos para os trabalhos domésticos dos quais nos abstemos. A mulher que amamos é o amor de que não nos furtamos, é essa energia que não pagamos, é esse equilíbrio que tanto necessitamos. Por isso, digo-lhe repetidamente:
Deixa que eu descanse para que possa ganhar o almoço, os livros, o tabaco, o whisky, as flores que temos para oferecer. E ele não me ouve e, por isso, eu bem gostaria de viver à custa dele. Todavia, é de todo impossível essa realidade. Bem que tentámos, mas são tão ruins os versos e são tão poucos os que ainda se leem que logo, logo, desistimos.
Vou eu trabalhar? Pergunto-lhe.
Vai tu, diz-me ele daquele seu ar altivo e daquela pobreza visível que não se lhe esconde. E eu olho-o só, olho-o só porque mais não tenho o que lhe dizer e porque, cá em casa, também, é o único facto que nos resta assim tão encantado. É um bom homem, este nosso poeta. E' um pouco desequilibrado, diga-se a verdade, no entanto, é também o nosso amor que me pede para que o deixe ficar, embora lhe pese a idade e o cansaço de não ter pensado naquilo. Este poeta é uma sombra que me persegue, é uma cruz que carrego. Ama quem amo, vive por mim alimentado e ainda lhe registo os filhos que procria na minha cama. Estou cansado. Verdadeiramente cansado. Não dele, que ele é um facto, mas das coisas que escreve, das horas que me rouba e, sobretudo, desse seu modo tresloucado. Não posso dizer basta. Não tento e nem por tentativa ouso. O amor necessita dele, o amor no seu todo, e se o poeta parte, esse infiel escrevinhador embriagado, a vida, aqui, não terá sentido, não será esse fardo que eu e o amor carregamos e que nos faz viver embora seja tão pesado.
Apesar de tudo, hoje o País que parece infeliz, acordou bonito e brilhante e a cheirar a maresia que o mar lhe traz. Olho-o da janela da flat aonde moro, da mesma janela aonde tanta vezes o choro e o celebro e o beijo e há uma luminosidade impregnante em tudo, até nos dois bêbedos que passam a caminho de casa, ou não ou talvez. Mas vão de mãos dadas e cambaleantes e há nisso uma certeza cumpliciada, a de serem felizes, assim, a de estarem tristes se for tal razão esse outro modo de se verem. Vão pela avenida cinzenta e molhada, deserta de muita gente mas habitada de tudo, dos pardais que nela debicam os restos do lixo, das flores sem nome mais abertas ao orvalho e à frescura que sopra como se Deus tivesse a boca aqui. E vão indissimuláveis, cantando, enquanto às janelas dois pais infelizes os invejam a liberdade e a coragem. Vão estonteantemente andando, presos a essa ébria amizade na qual a manhã os casa. Hoje e' um dia que até eu que não gosto e estou com a alegria à mesa embora me pese aqueles meninos na rua ao lado, esses filhos da falsa burguesia cujo destino seria a miséria mas o Pais não quis, que o sujam com a sua arrogância e com o pó que os seus carros levantam nos peões que dão e que a soruma faz. Estou com a alegria à mesa, dizia, e com ela converso e troco carinhos, porque, decerto, o dia terá um encanto mágico mesmo que alguns médicos que sempre estiveram em greve, no meu Pais, na ética a que faltam, na arrogância branca das suas batas, o demonstrem agora mais nitidamente e não se importem com os doentes que morrem, com as crianças que não terão direito a exercer os homens que serão amanhã, porque a greve é que está com saúde e elas não, como sempre, porque nunca a tiveram, mas o dia é mágico, torno a dizer, e é um dia bonito. Especial, hoje, porque não sei bem porquê, ou saberei mas ainda não percebi. Um dia que espero o amor prevaleça em tudo que ele tocar e seja dito e seja feito e seja exercido como se o País se fosse renovar, nas maternidades, nas fábricas que não param, nas padarias, nos transportes públicos, nos restaurantes, nas barracas, nas igrejas, nos cinemas, em todos aqueles lugares onde hajam homens e mulheres para quem este dia é um dia de trabalho e nós podemos passá-lo felizes e sem, injustamente, os lembrar. Bom dia a esses amigos e cidadãos e compatriotas, obrigado por esse dia fluminoso e obrigado a vocês, aí, e que hoje vos brilhe a alma como brilhara', certamente, o dia.
Por é m, há coisas que eu gostaria o Governo ouvisse. Acabei de escrever um texto sobre o que pensava iria ser, para nós,  o ano em que agora entramos face aos acontecimentos que se estão a dar. Um deles é este marketing todo que as estruturas governamentais estão a fazer, desde há um tempo a esta parte, sobre as riquezas que estão a ser descobertas no País, que toda a gente, de um modo ou de outro, sabia e sabe que há, mas não tinha a confirmação de um pronunciamento oficial. De forma que, agora, toda a gente tem talheres para o banquete e a mesa nem ainda esta' arrumada e nem o boi morto e já se começa a partilhar o que há e efectivamente não existe. Por outro lado, a riqueza que há e não é partilhável e que se ostenta por aí a torto e a direito, aos olhos de um Povo que o Poder pensa ter problemas de uma cegueira em avançado grau de progressividade, e que, em face disso, pouca importância dá ao que os menininhos nomeados para os cargos de alta direcção persistem em fazer, essas orgias de ostentação, essas falácias todas das suas argumentações quando tem que se justificar sobre o que fazem mal, está a levar o País para um estado de dilatação muito pouco saudável. Se há riqueza por explorar e o que se precisa é de trabalho para a trazer ao benefício social, também há a que já há e não é correctamente partilhada. Se não se redistribui o que se tem com equidade, certamente não se redistribuirá o que vai haver. E se uns usufruem dela, não é salutar que a maioria não comparticipe dos benefícios que ela da' e traz a essa pequena maioria que não se cansa de se mostrar sem pudor nenhum. Necessário é, quanto antes, que o Poder se administre de bom senso, se fortaleça de justiça e competência para que pare e se redefina nas suas linhas de orientação quanto à saúde do Pais, no seu todo. Cada vez mais nos abeiramos de uma violenta convulsão social, com resultados muito feios, e os meninos tecnocratas que abundam nas direcções dos Ministérios e enchem a língua do Povo com as suas histórias rocambolescas de excessos e excentricidades, deveriam pensar mais no futuro do que se masturbarem como se masturbam com as regalias que o presente lhes dá. Pelos vistos, e se eles pensarem bem, com tão poucos aviões que a LAM tem, caso haja a porcaria que estão a provocar, com a sua indiferença e arrogância, não lhes restarão lugares em avião nenhum que os salve por via aérea. E, deste modo, como estão distraídos a partilharem e a partilharem-se, nem repararam que por mar, então, só mesmo a nado é que se safariam se soubessem nadar, porque nem barcos se lembraram de comprar em todos estes anos. E o que parece, aqui, neste texto, uma brincadeira, pode tornar-se, de repente, numa realidade gritantemente assustadora. Já é tempo de se mexerem e darem-se ao trabalho de trabalhar ao invés de estarem sempre a lêr e a transcrever os mesmos relatórios que se escrevem há anos para nos dizerem o que já ouvimos, também, faz anos. E nem nisso são originais, esses senhores. Reflictam, analisem e ajam. O que precisamos é de um governo que aja de imediato antes que faça o Povo por ele. E aí, a coisa não me parece que venha a ter os resultados que teriam se fossem eles a faze-lo. Um barril de pólvora a pulsar desta maneira, como o é o nosso País, é passível de um estrondoso e explosivo acidente “cardiovascular”. E, por falar nisso, os médicos já estão na sua greve. E depois  temos quem? Os enfermeiros? Os estudantes? Os funcionários públicos? Bom, nem quero arriscar a dar palpites que me arrepio todo. Ponham-se a suar, por favor, e a fazer o que devem fazer a bem da Nação e do Povo. Este País merece um Futuro melhor, mas melhor para todos e não só para alguns.

Toma que te dou: Luísa Diogo exila-se em Washington ou Londres ou Polokwane


- Senhora Luísa Diogo, será verdade que vai abandonar Moçambique?
- Porquê? -
Diz-se, intramuros, nos cafés e nos corredores políticos, nacionais e internacionais, que a senhora está frustrada com a cúpula da Frelimo, em particular com o Presidente Armando Guebuza, que, segundo informações que temos, considera déspota.
- Não faz parte da minha formação usar adjectivos pessoais para classificar alguém, fui educada para respeitar os humanos independentemente da sua classe e porte e, por causa disso mesmo, nunca chamaria o Presidente Guebuza de déspota, jamais disse isso e nunca considerei que o Presidente Guebuza fosse um déspota.
- Mais vai exilar-se ou não?
- Onde? Gosto muito do meu país apesar de muitas injustiças que imperam por aqui. É muita pena, gostaria de dar o meu contributo a nível de outros patamares, mas há pessoas que se incomodam com aqueles que pensam verdadeiramente no povo, no desenvolvimento humano.
- Algumas figuras de peso na economia e política de Moçambique dizem que a senhora já falou em ir viver em Washington, Londres ou em Polokwane...
- Se um dia tiver que ir para um desses lugares ou para outro qualquer, não será, com certeza, pelo despotismo do Presidente Guebuza, mas, sim, por defesa dos meus princípios.
- Então, mesmo que não o queira explicitar, acaba por reconhecer, implicitamente, agora, nestas suas palavras, que Armando Guebuza é um déspota!
- Sabes de onde vem o vento?
- Não, não sei.
- Sabes para onde vai o vento quando sopra?
- Também não sei.
- Pois é! Eu sou como o vento, não sabes de onde venho, nem para onde vou, só ouves o meu ruído. Eu sou a árvore que nunca trepaste para arrancar o meu fruto e saboreá-lo.
- Não percebi nada destas palavras, senhora Luísa Diogo!
- É isso! O Presidente Guebuza também não percebeu a minha frontalidade.
- Tem pena dele?
- Tenho pena das mulheres deste país que são hasteadas nos anais políticos, sem saberem que o próprio Presidente saiu do ventre delas, e elas vão rebocadas, como sempre o foram.
Recebem mensagens dos políticos e repetem-nas em todos os lugares onde estão, sem inteligência, e vêm para aqui com fachos sem combustível próprio.
Eu recusei-me a ser uma bóia que espera, no mar, pelo abastecimento impingido, por isso estou aqui.
A minha mãe disse-me, ainda com o cordão no meu umbigo, que eu seria um candelabro. Ninguém me pode apagar, ninguém me vai apagar, aqueles que nascem do espírito jamais serão apagados.
- Qual é, para si, no nosso país, a mulher que será o protótipo das mulheres do amanhã?
- São todas as mulheres deste chão, desde o momento que elas recusem a manipulação.
- A Alice Mabota também é manipulada?
- Já te disse que a minha formação não me permite adjectivar pessoas.
- Mas o que é que a senhora acha da Alice Mabota?
- Nunca conversei com ela em privado, para percebê-la melhor, por vezes estamos em presença de algo que cintila, sem querer dizer que temos à nossa ilharga o ouro.
- Estará a dizer que a Alice Mabota só brilha?
- O que estou a dizer é que este país precisa de todas as mulheres, sem reboque. Elas têm de pensar e tomar decisões sobre o que querem.
Os políticos dizem uma coisa hoje e amanhã vamos perceber que o que eles disseram ontem não é o que estão a fazer hoje. Uma mulher tem de ter uma única palavra até ao fim. A mulher é a dona da Existência.
- O seu marido, o senhor Albano Silva, tem-lhe dado espaço para estender esta sabedoria que a senhora tem?
- Não sabia que eu era sábia.
- Só para terminar, vai-se exilar ou não? - Onde?
- Em Londres, ou em Washington ou em Polokwane!
- Eu não fui nascida para viver no exílio mas, se um dia isso tiver que acontecer, volto para Nhabulebule, em Tete, para sentir, de novo o cheiro do meu cordão umbilical que a minha mãe enterrou nas raízes da maior maçaniqueira que ainda hoje está lá.



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“Onde se cruzam os teus talentos com as necessidades do mundo, aí está a tua vocação”
Aristóteles

CARNAVAL @2013 na Cidade de Quelimane

Decorre de 02 a 08 de Fevereiro de 2013 aquele que e considerado como sendo o "Maior e Melhor Carnaval de Mocambique"!

Venha e participe nesta grande festa! Nao perca!

Thursday 10 January 2013

2013: Novo Ano, Calcas Novas?

Iniciamos um novo ano! E altura de agradecer a todos aqueles que durante o ano transacto nos visitaram e colaboraram connosco! 2012 foi un ano dificil, duro mas compensador! Duro porque os desafios que tinha pela frente quer a nivel pessoal, quer a nivel familiar, quer a nivel profissional eram enormes! Mas com a ajuda de muitos de voces pude superar os desafios e consolidar as conquistas! Aprendi muito e como pessoa penso que tambem cresci! Contudo, fgostaria de pedir aos amigos e outros para que continuem com a mesma paciencia porqu ainda tenho muitas arestas por limar! Ainda tenho muitos defeitos alguns dos quais dificeis de limar! Quero aqui e agora confessar que durante o ano transacto ofendi a muita gente, magoei a tantos outros voluntaria e involuntariamente! A todos esses quero pedir as minhas mais sinceras desculpas e peco encarecidamente que me perdoem! A minha esposa, aos meus filhos, peco que me perdoem pelo pouco tempo e a pouca atencao que lhes tenho dedicado! Aos meus pais, aos meus irmaos, aos meus amigos, aos meus colaboradores agradeco a paciencia que tem tido comigo e com as minhas accoes! E tambem quero pedir a eles, publicamente para que continuem a ser os meus melhores conselheiros, porque a tarefa que tenho pela frente e dura, quase herculea! Em 2011, juntos fizemos um acto heroico: vencer as primeiras eleicoes autarquicas intercalares na historia de Mocambique! Quero agradecer ao Presidente Davis Simango, a direccao do MDM, aos demias quadros, membros e simpatizantes por terem tomado a corajosa decisao de propor a minha candidatura a tao importante desafio, apesar de na altura nao ser membro formal do partido!! Sao poucos os partidos no mundo, e porque nao em Africa que teriam tao grande coragem e arrojo! Pouquissimos sao os partidos em Mocambique que tomariam tal atitute! Isso mostra sem margem para duvidas que o MDM e a sua lideranca sao um partido maduro, corajoso e que olha em primeiro lugar para o INTERESSE NACIONAL! Bem haja pois Presidente Daviz Simango, bem haja o MDM!

como dizem os ingleses, last but not least, permitam-me dar um abraco do tamanho do mundo aos municies de Quelimane, pela coragem que tiveram em dizer BASTA! Esta coragem surpreendeu nao so aos mais incautos como tambem aqueles que em plena televisao ou outros media juravam a pes juntos que tal milagre nao aconteceria! Como nos narra a biblia, quando Deus quer, nao vontade que nao se materialize: de facto, o ' Pequeno David venceu o monstruoso Golias', escrevendo com letras de ouro um facto historico singular que ninguem apagara na historia da nossa jovem democracia: pela primeira vez um partido politico, o MDM venceu um pleito eleitoral municipal intercalar!
Um abraco patriotico, Dinoutamaalelani!

Manuel de Araujo