Friday, 26 October 2012
Wednesday, 24 October 2012
A OPINIAO DA REDACCAO DO JORNAL A VERDADE: Carta Aberta ao Presidente da República e da Frelimo
Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação
Terça, 18 Setembro 2012 20:33
“Nunca corte o que você puder desatar” – Joseph Joubert Wiliam James costumava pregar a «vontade de acreditar». Pela nossa parte, nós cidadãos atentos, gostaríamos de pregar «o desejo de duvidar.» Aquilo que é preciso não é vontade de acreditar mas o desejo descobrir que é exactamente o contrário. Permita-nos, senhor Presidente, que em nome de todos os Cidadãos Atentos deste país, o saudemos primeiro pelo seu trabalho e, segundo, que nos conceda a “licença democrática” para escrever as linhas que se seguem.
Era uma vez, senhor Presidente, dois países no Estado moçambicano: Um chamava-se Moçambique e outro Frelimo de Guebuza. Ás vezes os dois parecem-se um só, mas isso, está claro que não passa de uma mera ilusão de óptica criada pelos chineses e pelos ocidentais e evidentemente pelas multinacionais que projectam a suas sombras ampliadoras sobre Moçambique de tal modo que parecem mais importantes do que realmente são.
O país da Frelimo, sim, da Frelimo de Samora, Chissano, a vossa Frelimo, tem a idade dos cartões de abastecimento, dos fuzilamentos sem justa causa, dos assassinatos sem rosto e nós, seus cidadãos, principalmente os atentos, estamos, primeiro já cansados da vossa história mal contada e de palavras como “Bandido Armado”, “Futuro Melhor”, “Força da Mudança” e, segundo, cansados de competir convosco, a Frelimo de Guebuza, e de tentar parecer maior do que vocês!
No entanto, temos a certeza de que em breve, o Povo moçambicano se reunira do Maputo a Rovuma e pronunciará a única palavra mágica que vocês não conseguem suportar – a palavra NÃO – e assim os anos de faz de conta chegarão ao fim e o país da Frelimo de Guebuza será desfeito e um novo país tomará o seu lugar. Tudo dependerá, senhor Presidente, de uma reunião que terá lugar dentro de dias.
É estranho, senhor Presidente, que o primeiro a prevenir Moçambique no tempo de Samora, quando o país caminhava na ilusória segurança atrás da linha entre o maioismo tipo deng xiao ping e o marxismo o tipo stalinista – foi o senhor e agora na sua liderança está entre uma espécie de mitológica linha entre o capitalismo selvagem e socialismo selvagem, atrás da qual repousa um país despreparado para enfrentar um mundo de moderna tecnologia e poderio económico assim como estava despreparada a Frelimo de 1980 para a guerra contra a Renamo.
Mas o certo é que o senhor Presidente, com a sua presença, sempre teve o quase fantástico dom de impedir que o Povo percebesse a diferença entre os dois países - Moçambique e Frelimo de Guebuza.
Em 1990, embora o país estivesse destroncado economicamente, com muitos moçambicanos apoiando a política do General Dlhakama , o senhor conseguiu convencer esses aliados do General de que Moçambique é igual a Frelimo.
Falou desde 2004 em nome de milhões de moçambicanos que nem sequer sabiam que existe mas cometeu um erro: formou o seu governo com os melhores apanhas bolas do Governo da outra Frelimo. Quer dizer, não se preparou convenientemente para assumir a cadeira de Estado mas sim para assumir a cadeira partidária.
Naqueles primeiros dias trágicos, o senhor era um homem que criou muitas expectativas, um homem que de certo modo tinha determinado apoio popular – mas graças à sua autoconfiança e inabalável determinação, em pouco tempo o senhor transformou a expectativa aos olhos do Povo em desilusão.
Caso único na história: um político “exilado internamente” na primeira Republica que conquistou à custa das fraquezas da liderança da segunda Republica, o seu próprio país – a Frelimo de Guebuza.
Em 2004, o senhor era talvez a figura mais credível para colocar Moçambique no rumo certo e moderno. Só que o senhor se deixou levar pela palavra “empresário de sucesso”. Agora, depois de tanto tempo, nós cremos, senhor Presidente, que a sua demissão pelo povo moçambicano significaria algo mais que a sua decisão de permanecer como Presidente da Frelimo.
Para muitos o senhor não deve continuar a alimentar ilusões quanto à sua permanência de governar Moçambique a partir da Frelimo. É altura de deixar o poder para ir tomar conta dos seus netos e negócios. O Povo sente que a sua saída voluntária é um sinal de que, na era da internet, os “grandes líderes” estão a ficar obsoletos.
É que a sua presença no leme de Moçambique já faz cada vez menos sentido, porque as suas prioridades já se confundem com negócios e política, e isso é incompatível com as inspirações do Povo e com um mundo em que a técnica das soluções económicas tende cada vez mais a assumir o poder, independente de toda a ideologia e toda a política. O Povo quer coisas práticas. Ter saúde, boa alimentação e educação, coisas possíveis que o seu país – Frelimo - pode conceder ao Povo, naturalmente.
Depois, é bem possível que a posteridade venha a considerar o senhor como o maior paradoxo do nosso tempo. Será que o capitalismo é a solução para o socialismo democrático? Nós, cidadãos atentos, já descobrimos atempadamente que a diferença entre o socialismo e o capitalismo está assente não só nos lucros excessivos do segundo mas esta na influência social que o acompanha e que tende a aumentar.
Senhor Presidente, o que o socialismo da Frelimo quer, entenda-se, é precisamente apanhar ambas as coisas. O lucro e a influência pois nesta fase, o seu país, a Frelimo como partido de índole socialista, acumulou e acumula todo o tipo de riqueza e influência mas descarrilou-se nos excessos. Perdeu-se entre os caminhos do capitalismo e socialismo.
Depois, como se dedica inteiramente ao seu país histórico, político e mitológico – essa “pérola do indico” (Frelimo), como o senhor o denomina – o senhor fez mais do que qualquer outra figura nacional para romper com o seu próprio passado histórico e cultural.
Temos consciência de que o senhor está a dar liberdade político-empresarial aos seus tentáculos para “capitalizar” Moçambique para resolver o problema do seu pais – Frelimo de Guebuza. Por exemplo, quando o senhor Presidente se encontrou com a “Movimento muçulmano” estava a pensar em “tentáculos”.
O encontro abriu um precedente grave e altamente perigoso. Porque é que nunca quis reunir-se com os Desmobilizados de Guerra, Madgermaene’s, trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro e em menos de 48 horas depois de uma ameaça à “greve empresarial” fez o que todo o Povo pensava que não iria fazer, ou seja, reuniu-se com o “Movimento”?
Para nós, senhor Presidente, isso significou uma grande fraqueza, afinal de contas, o seu calcanhar de Aquiles deve ser um segredo muito importante que o “Movimento” possui e que pode ser divulgado a qualquer momento.
Ora, se com a sua atitude queria demonstrar que os muçulmanos lhe ficassem gratos e seguissem a sua orientação política, pode ter a certeza que poderá ficar frustrado pois eles já consultaram os seus livros sagrados e concluíram que o senhor não é nenhum “Maomé”, é simplesmente um Presidente do seu país – Frelimo de Guebuza.
O senhor esquece-se de que contribuiu no passado para que a Constituição da Republica do pais – Moçambique – fosse um instrumento que espelhasse as aspirações democráticas do Povo, como é que agora incompreensivelmente quer mudar primeiro a constituição do seu pais – Frelimo de Guebuza – para poder mudar também a nossa Constituição. Para que fins? Será que pretende pôr fim às “brincadeiras políticas” da sua oposição interna porque a externa já a colocou no “bolso democrático”?
O senhor Presidente sempre foi acusado desde o tempo do “24 horas-20 kilos” de ser anti-ocidental. No entanto, o maior serviço que hoje presta ao seu pais – Frelimo de Guebuza – recolhendo recursos de outro país – Moçambique – é enriquecer o Ocidente e empobrecer as futuras gerações.
E, agora, senhor Presidente, vamos de certeza absoluta, depois da realização do 10° Congresso do seu pais – Frelimo de Guebuza – dar uma boa risada lembrando que as suas “ambições ditatoriais” foram confirmadas.
O que vai restar amanhã, dessas “ambições”? Sabemos que o capitalismo durante a Luta Armada de Libertação Nacional sempre o repugnou. Como é que agora está aliado grosseiramente ao capital estrangeiro? Estará a pensar no desenvolvimento de Moçambique, no lucro ou na influência sócio política?
Sabemos que tem, senhor Presidente, todas as suas raízes profundamente cravadas no marxismo maioista ao estilo Deng Xiao Ping – uma Nação com dois sistemas (capitalismo e socialismo). Temos a plena consciência de que foi o senhor que cortou o esquema do paroquialismo marxista tradicional – quebrou o centralismo democrático – fila pelo poder, de facto não era a sua vez de liderar o seu pais – a Frelimo – era a vez do General Alberto Chipande.
Essa situação foi vista como uma “reforma” embora seja hoje acusado de concentrar demasiado o poder, e é exactamente o seu esforço para manter essa concentração que lhe causará brevemente a sua derrota. É que para os quadros e militantes do seu país – reforma é algo popular como reformar nipa.
Senhor Presidente, nós cidadãos atentos temos a certeza absoluta de que não dorme seguro porque se aproxima o ano de 2014. Um dia, vai ter que deixar a Ponta Vermelha, é uma certeza. Porque é que quer perpetuar-se no poder? Porque é que o seu secretário-geral diz as barbaridades políticas que diz?
Qual é a intenção? Porque é que quer cortar a tradição do seu país – Frelimo?! Porque é que agora quer sobrepor o valor individual ao colectivo? O senhor por acaso foi escolhido porque Chissano o escolheu como seu sucessor? Depois da morte de Mondlane como foi? Depois da morte de Samora como foi? Temos a certeza de que foi o colectivo que o escolheu com a anuência da “quadrilha política”, ou não foi? Porque é que agora tem que ser diferente? Reformas? Parece-nos que não é isso?
Senhor Presidente, diz um provérbio popular que os prudentes falam por que tem algo a dizer e os insensatos porque gostariam de dizerem qualquer coisa. Portanto, deixe que os seus camaradas escolham o seu sucessor agora no Congresso para desanuviar as vossas tensões internas. Não se intrometa pois se o vier a fazer, futuramente vai pagar muito caro.
Se no tempo de Chissano prendia-se somente directores, hoje no seu tempo prende-se ministros e no tempo do seu sucessor vai se prender quem? Presidentes da Republica, disso não tenha dúvidas e para o seu caso, esses seus camaradas que um dia traíram Chissano, caso não se comporte bem no Congresso, a partir de 2015 vai iniciar o seu “julgamento político atacando a sua filha, perceba isso.
Para tirar Chissano do poder atacaram politicamente o seu filho, quem não se lembra disso? O modus operandi é o mesmo. Fala-se agora de Nympine? Bastou o pai sair do poder para não mais se falar dele!
Nós, cidadãos atentos, sabemos porque é que afirmamos isso. Fomos nós que publicámos a programação da sua Presidência Aberta em Inhambane que por prudência o senhor alterou. Assim como está a reagir, o senhor corre sérios riscos de levar um golpe de Estado, disso não tenha dúvidas e porquê?....porque se esqueceu de que os conflitos internos são de base dupla.
Primeiro, porque as pessoas designadas para novos cargos precisam de reconhecer que os conflitos são internos e, segundo, precisam de certificar-se de que as suas acções baseiam-se na realidade. As acções do seu país – Frelimo de Guebuza - não são reais.
Depois as ordens que dá não são cumpridas! Porquê? Porque não tem na sua posse todos os factos pertinentes, daí que não tenha controlo sob as decisões de comando porque não tem acesso à execução e à sua respectiva operacionalidade. Por isso mesmo notamos, senhor Presidente, este anarquismo pessoal, partidário e executivo.
Há que revolucionar o seu país – Frelimo de Guebuza - em todos os sentidos, senhor Presidente, para revolucionar o outro pais – Moçambique, pois a única coisa que os seus mais próximos colaboradores fazem é “identificar o inimigo”.
Procuram coisas que um canalizador procura numa pia entupida. Uma revolução consciente, senhor Presidente, talvez seja uma coisa saudável no seio do Comité Central já que o processo sóciopolítico com a permanente globalização está a levar a “individualização” do seu próprio país – a Frelimo.
O Comité Central não está a produzir ideias, logo também não está a antever as crises (5 de Fevereiro de 2008 e 1 e 2 de Setembro de 2010). O facto de algumas figuras históricas criticarem publicamente os seus próprios camaradas é sinal de que as políticas traçadas nos intervalos dos congressos não estão a alterar a natureza dos seus membros, isto é, se os membros continuam lambebotistas, corruptos, se são camaleões vão continuar camaleões, se são do tipo deixa-andar, vão continuar do tipo deixa-andar.
E, agora, senhor Presidente, nós cidadãos vamos escrever aquilo que provavelmente lhe desagradará muito: suspeitamos que o senhor alterou a agenda do Congresso no que toca às discussão da sucessão para depois do Congresso com a intenção de perder.
Pois, contra as provas estatísticas, previsões e relatórios que indicavam derrota da sua facção, o seu secretário-geral e porta-voz anunciam conscientemente a sua intenção de não renunciar se os eleitores do Comité Central rejeitarem suas medidas “legislativas” Porquê? Porque o senhor de facto não quer sair.
Porque não está cansado de continuar a facturar! Porque o seu próprio insolúvel dilema é modificar o seu país – Frelimo - à custa de Moçambique. Porque todas as suas prioridades são materiais e a dos moçambicanos são morais e espirituais. Porque o senhor sabe que o Povo já não pode suportar mais a sua riqueza e da sua família (filhos e netos).
Suspeitamos muito que o senhor vai ter que sair a força porque esse é o único meio de evitar o fracasso político da Frelimo nos próximos tempos. A quadrilha política vai obrigá-lo a fazer isso. O senhor Presidente prometeu combater o deixa-andar, a corrupção, burocratismo e o crime organizado. Não conseguiu. Conseguiu sim colocar o capital estrangeiro em massa a explorar as riquezas naturais sem autorização do Povo.
O senhor pensou que enfrentava um país que fosse a Frelimo mas não é. Moçambique não é Frelimo e Frelimo não é Moçambique. Hoje os moçambicanos pensam em termos de melhores salários, empregos, habitação e tudo isso agora está numa caixa fechada lá na Pereira de Lago.
Resta-lhe ainda, senhor Presidente, 2 anos e tal de poder estatal porque o que conta em África é o poder estatal e não partidário. Resta-lhe tempo para que reflicta o bastante sobre tudo isso e mais alguma coisa. Não continue querendo o poder porque vai sair muito magoado deixando uma aura de rejeição e ingratidão.
Nós sabemos que quem controla o Estado e a maioria dos partidos políticos da oposição é a Frelimo mas também sabemos que não consegue controlar toda a Sociedade Civil, sobretudo a não seguidista. Esses sim um dia vão lhe criar uma grande surpresa. Os dias 1 e 2 de Setembro já foram um serio aviso.
Senhor Presidente não transforme dinheiro em votos porque o Povo moçambicano não tem dinheiro pois existem varias maneiras de se iluminar o Povo e a Frelimo. A Liberdade e a democracia que a própria Frelimo ajudou a conquistar não podem ser uma espécie de um pedaço de carvão ou uma garrafa de gás a ser mostrado como um osso para uns cães obedientes.
Lembrar senhor Presidente de que se alguns dos seus camaradas (Paundes, Edson e camaradas) têm o pretenso amor pela sua pessoa, camarada Presidente, engana-se pois tem que saber que para além do amor ser a melhor causa para galvanizar a vida social também leva à ruína social e política. Sabemos que precisa de manter-se no poder ou perto dele porque é uma estratégia de sobrevivência para consolidar o seu império empresarial.
Sabemos que controla o Corredor da Beira depois de ter sacrificado o General Alberto Chipande. Os interesses estratégicos do país estão a ser preteridos a favor dos interesses empresariais de Guebuza.
Sabemos que está a governar o país pensando na sucessão. Hoje, cada passo que dá leva em conta a questão da sucessão. As nomeações de ministros, governadores, pca’s estão dentro dessa lógica. O que quer é manter-se no poder a todo o custo e nem que seja por via partidária ou de um delfim. Os seus sinais de vitalidade demonstram isso mesmo, de que não se vai retirar. Uma pergunta, senhor Presidente: o seu projecto vai para além de 2030?.
Mas por outro lado, também sabemos que a única instituição que pode evitar isso é próprio seu país – a Frelimo de Guebuza. Só forças internas das Frelimo podem evitar isso. Não existem outras forças que possam travar esse ímpeto. A Frelimo é que tem legitimidade constitucional para viabilizar ou não um poder seu e dos seus mais próximos camaradas. Sabemos que o seu país - Frelimo - é um factor estratégico de sobrevivência porque não tem ideologia nem princípios.
Sabemos senhor Presidente que neste preciso momento sóciopolítico está a distribuir mais pobreza do que riqueza, está a distribuir menos justiça eleitoral, está a administrar mais corrupção do que combatê-la; está a apoiar-se mais no espírito do deixa-andar do que combatê-lo e de facto para melhor entendermos a sua figura socorremo-nos das palavras escritas do livro por acaso ainda não publicado ao qual nós cidadãos atentos tivemos acesso, Força e Fraqueza do Socialismo da Frelimo, do General K que diz o seguinte: (…) “ninguém ainda soube, como ele, evoluir através das malhas da lei sem deixar nunca de se conformar, a letra. Guebuza soube e sabe lutar contra o Estado.
E se o “Estado é o povo organizado” ; Guebuza passou e passa a vida em guerra constante com o povo e com a sociedade. Guebuza e seus aliados forçaram o Estado a deixar ao capital vida bastante para desenvolver todo o seu poder. E tão alto levam o seu poder, que chegam a submeter o Estado e a fazer dele o protector incondicional dos seus interesses particulares (…).
Como vê senhor Presidente, nós cidadãos atentos temos coragem para lhe dizer o que os outros não dizem porque queremos o seu bem. Discutimos, fazemos análises porque queremos que este pais cresça, queremos que as nossas crianças vão a escola todos os dias, mas também queremos justiça, uma normal distribuição da riqueza para todos.
Fizemos esta carta porque encontrámos argumento válidos para tal: se figuras proeminentes da nossa Sociedade fizeram cartas abertas ao líder da oposição, o General Afonso Dlhakama, funcionários anónimos das instituições ligadas às Forças de Defesa e Segurança e diversas organizações da Sociedade Civil elaboraram cartas abertas para si, porque não o Cidadão Atento escrever uma carta?!
Sim, temos duvidas e queremos ter “vontade de acreditar” mas também “desejo de duvidar” e ter duvidas não é ficar perdido, nem ser incapaz de decisão. Pode dar um pouco mais de trabalho do que ter certezas mas isso , senhor Presidente implica reflectir sobre diferentes cenários, superar alternativas, ouvir pontos de vista de terceiros e considera-los e mesmo arriscar opções, mas ao mesmo tempo , enriquecer dar-nos maior consciência dos pontos fortes e nossas fraquezas.
Discuta neste Congresso a sucessão para poder colocar o pais no rumo certo, tudo esta muito tenso, estamos todos sentados num barril de pólvora e sobretudo deixe que os delegados escolhem conscientemente o seu sucessor evidentemente com a anuência da quadrilha política.
Dizemos isso exactamente porque causa das palavras de Alberto Montaner - «Os nossos medíocres revolucionários nunca foram além de uma análise epidérmica dos males sociais. Eles excitam revoluções sangrentas como o fito de sanar as situações injustas. Não compreendem que, nestes tempos modernos, as revoluções mais profundas não são as que se desenvolvem em casernas ou nas montanhas mas em laboratórios e nos gabinetes da mais temível inteligência». Faça ai no Congresso pois lá fora a revolução esta prestes a explodir.
De modo que, senhor Presidente, o seu país – Frelimo de Guebuza nunca vai triunfar sobre Moçambique se não fizer uma revolução por dentro do seu país – Frelimo de Guebuza. Como dizia Albert Einstein: «Nos momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento», senhor Presidente, use a imaginação!
Senhor Presidente aconselhamos-lhe o seguinte: Não corte nada, não corte a sua amizade longa com os elementos da quadrilha politica, desate o que esta difícil e o que é que esta difícil? Debater a sucessão! Debata e de a sua opinião a bem da Frelimo e do Povo.
Senhor Presidente, pode ser que estejamos do mesmo lado mas que queiramos coisas diferentes. Percebemos que ser hoje da Frelimo é um acto de fé porque nos facilita muita coisa, mas o que nos queremos é a criação de uma verdadeira Frelimo, uma NOVA FRELIMO.
Para terminar, como sempre um pouco a reboque de Jesus Cristo, diremos: “perdoa-lhe Pai porque eles não sabem o que fazem”, mas nesta situação peculiar impunha-se uma emenda: “perdoa Guebuza, não pelo que ele vai fazer no Congresso mas pelo que não vai fazer”.
CIDADÃO ATENTO
Xiconhoquices da semana: condenação dos membros do MDM, registo de bicicletas na Manhiça e nomeação de Itai Meque a vice-ministro da Educação
Xiconhoca
Escrito por Redação
Quinta, 11 Outubro 2012 17:00
inShare.0SocButtons v1.4Nos Xiconhoquices desta semana constam a condenação dos membros do MDM, o registo de bicicletas na Manhiça e a nomeação de Itai Meque a vice-ministro da Educação.
Condenação dos membros do MDM
Foi proferida na sexta-feira passada, 06 de Outubro, a sentença contra os 37 membros do MDM acusados de terem feito campanha eleitoral à boca das urnas aquando das Eleições Intercalares da cidade de Inhambane do dia 18 de Abril último, nas quais foi eleito Benedito Guimino para o cargo de edil.
O juiz da Primeira Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Inhambane, Alexandre João Ndlovu, outrossim, transitou o caso em julgado e sem direito a recurso.
Longe do debate jurídico que este assunto possa causar, os nossos leitores acham que o símbolo que representa a Justiça, com a deusa Maat, filha de Rá, o deus do sol, equilibrando a “Balança da Verdade e da Justiça”, devia fazer-se sentir também em Moçambique, visto que este país, apesar de ser do partido FRELIMO, não é uma ilha.
Na óptica dos mesmos, se a lei quiser demonstrar sinais de funcionamento, então que seja à mesma medida para com os demais e que se este é um ponto de partida, então que a seguir se chame à responsabilidade os restantes partidos políticos, sobretudo a FRELIMO, que até hoje mantêm os seus objectos propa- gandísticos em quase todos os cantos do país.
Registo de bicicletas na Manhiça
O Conselho Municipal da vila da Manhiça decidiu de forma inconsciente introduzir o livrete e o registo de propriedade das bicicletas naquela urbe. Segundo explica a edilidade, tal decisão visa, primeiro, reduzir os casos de roubo de bicicletas e, segundo, garantir o pagamento de impostos por partes dos utilizado- res daquele meio de transporte.
No entanto, tais documentos só podem ser adquiridos no município, onde é cobrada uma certa taxa para a aquisição dos mesmos. O cidadão que for encontrado a circular de bicicleta na vila sem aqueles documentos incorre numa multa que varia entre os 258 e os 1000 meticais.
Ora, isto, conforme elegeram os nossos leitores, é uma autêntica xiconhoquice. Aliás, dizem eles que, ou os que tomaram esta decisão não entendem nada de livrete e registo de propriedade, ou reside nesta medida uma bruta e pornográfica estupidez.
Registar as bicicletas até pode ser uma ideia acertada, mas com que bases o município estará certo de que todas as bicicletas são propriedade legítima dos cidadãos que vão efectuar os registos, visto que não existem critérios claros para tal?
Sendo Manhiça um corredor e esta decisão isolada do mundo inteli- gente, qual será o critério para diferenciar os veículos da Manhiça dos outros? Para os que usam aquele meio de transporte para fins desportivos, terão de andar sempre com estes documentos como se de carro se tratasse?
Se há gente inteligente a dirigir os destinos da Manhiça, então o que é um livrete e para que serve?
Dizem os nossos leitores que é manifesta a arrogância do Conselho Municipal da Vila da Manhiça e a pretensão de o mesmo enriquecer os seus dirigentes à custa do sacrifício do seu povo.
Nomeação de Itai Meque a vice-ministro da Educação
O Presidente da República exonerou esta segunda-feira (08) Itai Meque do cargo de governador da província da Zambézia e nomeou-o vice-ministro da Educação.
Haja vergonha, dizem os leitores para a seguir acrescentarem que esta nomeação não obedeceu ao respeito, primeiro, ao sector que ele vai dirigir e, segundo, à própria palavra “educação”.
Para além de serem duvidosas as competências e qualidades académicas deste dirigente, ele é sobejamente conhecido como um indivíduo arrogante para com os seus subordinados. Na província da Zambézia tinha a fama de não nutrir nenhuma simpatia pelos professores a ponto de os deixar meses sem salários.
Mas chegou ao poder, pelo que, a partir de já, no quarto pior país do mundo, acaba de falecer o Ministério da Educação para ressuscitar o Ministério da Arrogância Pública..
Toma que te dou: Luísa Diogo exila-se em Washington ou Londres ou Polokwane *
Toma que te dou: Luísa Diogo exila-se em Washington ou Londres ou Polokwane *
Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Alexandre Chaúque
Quinta, 11 Outubro 2012 19:44
inShare.0SocButtons v1.4- Senhora Luísa Diogo, será verdade que vai abandonar Moçambique?
- Porquê? -
Diz-se, intramuros, nos cafés e nos corredores políticos, nacionais e internacionais, que a senhora está frustrada com a cúpula da Frelimo, em particular com o Presidente Armando Guebuza, que, segundo informações que temos, considera déspota.
- Não faz parte da minha formação usar adjectivos pessoais para classificar alguém, fui educada para respeitar os humanos independentemente da sua classe e porte e, por causa disso mesmo, nunca chamaria o Presidente Guebuza de déspota, jamais disse isso e nunca considerei que o Presidente Guebuza fosse um déspota.
- Mais vai exilar-se ou não?
- Onde? Gosto muito do meu país apesar de muitas injustiças que imperam por aqui. É muita pena, gostaria de dar o meu contributo a nível de outros patamares, mas há pessoas que se incomodam com aqueles que pensam verdadeiramente no povo, no desenvolvimento humano.
- Algumas figuras de peso na economia e política de Moçambique dizem que a senhora já falou em ir viver em Washington, Londres ou em Polokwane...
- Se um dia tiver que ir para um desses lugares ou para outro qualquer, não será, com certeza, pelo despotismo do Presidente Guebuza, mas, sim, por defesa dos meus princípios.
- Então, mesmo que não o queira explicitar, acaba por reconhecer, implicitamente, agora, nestas suas palavras, que Armando Guebuza é um déspota!
- Sabes de onde vem o vento?
- Não, não sei.
- Sabes para onde vai o vento quando sopra?
- Também não sei.
- Pois é! Eu sou como o vento, não sabes de onde venho, nem para onde vou, só ouves o meu ruído. Eu sou a árvore que nunca trepaste para arrancar o meu fruto e saboreá-lo.
- Não percebi nada destas palavras, senhora Luísa Diogo!
- É isso! O Presidente Guebuza também não percebeu a minha frontalidade.
- Tem pena dele?
- Tenho pena das mulheres deste país que são hasteadas nos anais políticos, sem saberem que o próprio Presidente saiu do ventre delas, e elas vão rebocadas, como sempre o foram.
Recebem mensagens dos políticos e repetem-nas em todos os lugares onde estão, sem inteligência, e vêm para aqui com fachos sem combustível próprio.
Eu recusei-me a ser uma bóia que espera, no mar, pelo abastecimento impingido, por isso estou aqui.
A minha mãe disse-me, ainda com o cordão no meu umbigo, que eu seria um candelabro. Ninguém me pode apagar, ninguém me vai apagar, aqueles que nascem do espírito jamais serão apagados.
- Qual é, para si, no nosso país, a mulher que será o protótipo das mulheres do amanhã?
- São todas as mulheres deste chão, desde o momento que elas recusem a manipulação.
- A Alice Mabota também é manipulada?
- Já te disse que a minha formação não me permite adjectivar pessoas.
- Mas o que é que a senhora acha da Alice Mabota?
- Nunca conversei com ela em privado, para percebê-la melhor, por vezes estamos em presença de algo que cintila, sem querer dizer que temos à nossa ilharga o ouro.
- Estará a dizer que a Alice Mabota só brilha?
- O que estou a dizer é que este país precisa de todas as mulheres, sem reboque. Elas têm de pensar e tomar decisões sobre o que querem.
Os políticos dizem uma coisa hoje e amanhã vamos perceber que o que eles disseram ontem não é o que estão a fazer hoje. Uma mulher tem de ter uma única palavra até ao fim. A mulher é a dona da Existência.
- O seu marido, o senhor Albano Silva, tem-lhe dado espaço para estender esta sabedoria que a senhora tem?
- Não sabia que eu era sábia.
- Só para terminar, vai-se exilar ou não? - Onde?
- Em Londres, ou em Washington ou em Polokwane!
- Eu não fui nascida para viver no exílio mas, se um dia isso tiver que acontecer, volto para Nhabulebule, em Tete, para sentir, de novo o cheiro do meu cordão umbilical que a minha mãe enterrou nas raízes da maior maçaniqueira que ainda hoje está lá.
Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Alexandre Chaúque
Quinta, 11 Outubro 2012 19:44
inShare.0SocButtons v1.4- Senhora Luísa Diogo, será verdade que vai abandonar Moçambique?
- Porquê? -
Diz-se, intramuros, nos cafés e nos corredores políticos, nacionais e internacionais, que a senhora está frustrada com a cúpula da Frelimo, em particular com o Presidente Armando Guebuza, que, segundo informações que temos, considera déspota.
- Não faz parte da minha formação usar adjectivos pessoais para classificar alguém, fui educada para respeitar os humanos independentemente da sua classe e porte e, por causa disso mesmo, nunca chamaria o Presidente Guebuza de déspota, jamais disse isso e nunca considerei que o Presidente Guebuza fosse um déspota.
- Mais vai exilar-se ou não?
- Onde? Gosto muito do meu país apesar de muitas injustiças que imperam por aqui. É muita pena, gostaria de dar o meu contributo a nível de outros patamares, mas há pessoas que se incomodam com aqueles que pensam verdadeiramente no povo, no desenvolvimento humano.
- Algumas figuras de peso na economia e política de Moçambique dizem que a senhora já falou em ir viver em Washington, Londres ou em Polokwane...
- Se um dia tiver que ir para um desses lugares ou para outro qualquer, não será, com certeza, pelo despotismo do Presidente Guebuza, mas, sim, por defesa dos meus princípios.
- Então, mesmo que não o queira explicitar, acaba por reconhecer, implicitamente, agora, nestas suas palavras, que Armando Guebuza é um déspota!
- Sabes de onde vem o vento?
- Não, não sei.
- Sabes para onde vai o vento quando sopra?
- Também não sei.
- Pois é! Eu sou como o vento, não sabes de onde venho, nem para onde vou, só ouves o meu ruído. Eu sou a árvore que nunca trepaste para arrancar o meu fruto e saboreá-lo.
- Não percebi nada destas palavras, senhora Luísa Diogo!
- É isso! O Presidente Guebuza também não percebeu a minha frontalidade.
- Tem pena dele?
- Tenho pena das mulheres deste país que são hasteadas nos anais políticos, sem saberem que o próprio Presidente saiu do ventre delas, e elas vão rebocadas, como sempre o foram.
Recebem mensagens dos políticos e repetem-nas em todos os lugares onde estão, sem inteligência, e vêm para aqui com fachos sem combustível próprio.
Eu recusei-me a ser uma bóia que espera, no mar, pelo abastecimento impingido, por isso estou aqui.
A minha mãe disse-me, ainda com o cordão no meu umbigo, que eu seria um candelabro. Ninguém me pode apagar, ninguém me vai apagar, aqueles que nascem do espírito jamais serão apagados.
- Qual é, para si, no nosso país, a mulher que será o protótipo das mulheres do amanhã?
- São todas as mulheres deste chão, desde o momento que elas recusem a manipulação.
- A Alice Mabota também é manipulada?
- Já te disse que a minha formação não me permite adjectivar pessoas.
- Mas o que é que a senhora acha da Alice Mabota?
- Nunca conversei com ela em privado, para percebê-la melhor, por vezes estamos em presença de algo que cintila, sem querer dizer que temos à nossa ilharga o ouro.
- Estará a dizer que a Alice Mabota só brilha?
- O que estou a dizer é que este país precisa de todas as mulheres, sem reboque. Elas têm de pensar e tomar decisões sobre o que querem.
Os políticos dizem uma coisa hoje e amanhã vamos perceber que o que eles disseram ontem não é o que estão a fazer hoje. Uma mulher tem de ter uma única palavra até ao fim. A mulher é a dona da Existência.
- O seu marido, o senhor Albano Silva, tem-lhe dado espaço para estender esta sabedoria que a senhora tem?
- Não sabia que eu era sábia.
- Só para terminar, vai-se exilar ou não? - Onde?
- Em Londres, ou em Washington ou em Polokwane!
- Eu não fui nascida para viver no exílio mas, se um dia isso tiver que acontecer, volto para Nhabulebule, em Tete, para sentir, de novo o cheiro do meu cordão umbilical que a minha mãe enterrou nas raízes da maior maçaniqueira que ainda hoje está lá.
Xiconhocas desta semana, nomeados pelos leitores do @Verdade, constam Pedrito Caetano, Celso Malua e Aires Bonifácio Aly.
Quinta, 11 Outubro 2012 16:46
1. Pedrito Caetano Finalmente!
Este voltou para o meio donde nunca devia ter saído: o anonimato. Foi exonerado e, ainda com a sua língua presa, disse estar a sair com o sentimento de missão cumprida. Outrossim, evoca como o seu maior feito a organização dos X Jogos Africanos.
Ora, certamente que aprendeu mal o uso da frase “missão cumprida”, até porque ficou apenas dois anos, quando se previa ficar cinco como ministro da marginalização da Juventude e dos Desportos.
Só um Xiconhoca pode ficar sentado, o que ele fez, no gabinete como ministro por dois anos e ainda se orgulhar de ter organizado um vexame competitivo como foram os Décimos Jogos Olímpicos.
2. Celso Malua
Que indivíduo maldoso! É um membro e secretário da Assembleia Municipal de Quelimane, o tal Xico Esperto que sumiu com o dinheiro de ajudas de custos dos seus colegas com destino à cidade de Nacala para troca de experiências com a Assembleia desta segunda urbe. Não se sabe ao certo o que terá acontecido para este Xico “passar a perna” aos colegas, contudo, e por ser membro da FRELIMO, julga-se que seja por lá onde terá aprendido esta arte de desviar a coisa pública. Afinal, a boa educação parte de casa.
3. Aires Bonifácio Aly
Caiu mas sabe-se que pode voltar a subir sobremaneira. Precisa-se apenas de se dar tempo ao tempo para vê-lo de volta à cena política nacional, sendo que pode voltar como Chefe do Estado, porém, não com poderes totais visto que há quem continuará a dirigir o país por uma varinha mágica a partir da antiga rua Pereira de Lago.
Todavia, este humilde indivíduo é coroado como Xiconhoca porque, primeiro, saiu pela porta pequena da chefia do Executivo (dois anos depois), e, segundo, por se ter confirmado que ele é um pau- mandado da Frelimo.
Monday, 22 October 2012
A Opiniao de Fábio Ostermann: Liberdade e democracia: aliados ou inimigos?
Nos períodos pós-eleitorais é bastante comum vermos e ouvirmos reclamações diversas sobre como as pessoas não sabem votar e sobre como a Democracia é um regime imperfeito e cheio de problemas. Tais lamentos são fruto da sensação de ineficácia política que acomete a maioria da população brasileira.
O desencanto em relação à Democracia geralmente está associado a expectativas exageradas sobre o que ela pode
nos oferecer. O filósofo e economista alemão Hans-Hermann Hoppe chegou a escrever um livro chamado “Democracia: o Deus que falhou”. Mas quem disse que a Democracia é um deus? Deificar a Democracia é algo similar àquilo que fazem alguns economistas “neoclássicos” ao partirem de modelos baseados em situações hipotéticas de equilíbrio perfeito (de
inegável importância didática, mas praticamente irrealizáveis): quando a realidade do dinâmico processo de mercado não reflete tais modelos, apontam-se falhas de mercado, que, por sua vez, servem de justificativa para intervenções governamentais de caráter corretivo.
O mercado não é perfeito, pois é um processo que decorre da interação impessoal de bilhões indivíduos dotados de informações incompletas, custos de transação e preferências cambiantes e imprevisíveis. O mercado político também tem limitações, motivo pelo qual não faz sentido endeusarmos a Democracia nem qualquer outra forma de organização política
coordenada por homens. O que não quer dizer, como no caso do processo de mercado, quedevamos jogar o bebê fora com a água do banho.
Como afirma Michael Munger em seu excelente artigo “Democracy is a Means, Not an End”, o problema não é estarmos demandando e participando muito pouco do processo democrático (como é comum ouvir daqueles que veem em “mais educação” a solução para todas as distorções do nosso sistema político), mas sim em estarmos esperando demais dele.
Da mesma forma, ao endeusarmos a Democracia, como fazem alguns ao justificarem leis e políticas públicas absurdas com base argumentos rasos como “foi democrático” ou “foi a vontade do povo”, estaremos endeusando seres humanos, pois são eles que moldam as instituições políticas que determinam o funcionamento dos regimes democráticos.
Democracia sem respeito a direitos e liberdades de minorias (sendo o indivíduo a menor minoria) e ao Estado de Direito não é Democracia, é Democratismo.
Nesse ponto, a Declaração de Independência Americana traz uma lição importante, ao declarar, inicialmente, a existência de direitos inerentes a todos os homens – e que “para assegurar tais direitos, governos são instituídos entre os homens,
derivando seu justo poder do consentimento dos governados”. A Democracia não pode, portanto, ser vista como um fim em si mesma, mas somente como uma maneira de se verificar o consentimento dos governados (ou “administrados”, conforme a nomenclatura do Direito brasileiro).
Os fins de uma constituição política não devem ser a garantia da felicidade de grupo A ou B, mas sim a garantia dos direitos e liberdades individuais de seus cidadãos (ficando a critério de cada um a sua busca individual pela felicidade), estando eles acima de uma eventual vontade da maioria. Em outras palavras, democracia não pode ser dois lobos e uma ovelha decidindo qual será o jantar.
Ademais, o valor da Democracia não está em garantir que serão escolhidos os melhores e mais aptos para ocuparem cargos de decisões sobre a vida pública de uma região, mas sim na relativa facilidade de livrar-se dos maus ocupantes de tais posições. É claro que os critérios segundo os quais os políticos são julgados como “bons” ou “maus” no
desempenho de suas funções depende dos valores socioculturais adotados (conscientemente ou não) pelo eleitorado.
A busca por alternativas é saudável e instigante. O problema é que por mais que optemos em virar as costas à política, esta insistirá em nos lembrar de sua incômoda, porém necessária, existência. O exemplo do Seasteading Institute, empreitada popularizada por Patri Friedman (neto de Milton Friedman) é emblemático nesse sentido.
Partindo de elementos de análise da Teoria da Escolha Pública, Friedman concluiu que a Democracia é inviável e que
somente por meio da competição teremos algum tipo de inovação neste “mercado”. Sua ideia com a criação do Seasteading Institute é construir plataformas marítimas habitáveis em águas oceânicas internacionais para gerar uma
multiplicidade de sistemas e regimes de governo que possam competir entre si e com aqueles existentes em Estados nacionais já estabelecidos.
A ideia é interessante, mas é assentada na premissa de que a atual relativa falta de regulações sobre o uso de águas
internacionais permanecerá mesmo quando governos e organismos multilaterais perceberem-nas como um bem
econômico, algo que hoje não ocorre. Desta maneira, por meio de uma simples canetada, um paraíso da liberdade pode passar a fazer parte da jurisdição de um Estado autoritário.
Se não podemos fugir da política, parece melhor, então que esta seja regida por procedimentos democráticos. A Democracia (em sua forma representativa/indireta) é, sem sombra de dúvidas, o melhor regime já posto em prática
para a tomada de decisões em grandes grupos. Apesar de seus inúmeros defeitos, é nas modernas democracias liberais em que se desfruta o maior nível de liberdade e prosperidade da história da raça humana. Apesar da possibilidade de captura de agentes políticos por parte de interesses específicos (o que diminui inegavelmente sua eficiência), é o regime que mais se adequa ao dinamismo de uma economia de mercado, pois não concentra excessivos poderes de decisão em um número reduzido de agentes (quanto mais descentralizadas as decisões políticas, melhor).
Isso não quer dizer, obviamente, que tenhamos exaurido aspossibilidades de desenvolvimento institucional ou que estejamos diante do “fim da história”.
Especialmente em países como o Brasil, onde a Democracia ainda tem muito a se desenvolver, os avanços ainda são muitos e necessários. Não faz sentido afirmar-se que “a Democracia não funcionou no Brasil”, assim como não faz sentido dizer que “o Capitalismo não funcionou no Brasil”: encontramo-nos em um estágio incipiente de ambos. Como
afirma Robert A. Dahl em seu “Sobre a Democracia” (uma excelente obra sobre a história e a atualidade das práticas
democráticas), o desenvolvimento da Democracia é, ainda, uma viagem inacabada.
Arlindo Mustafa é o novo delegado
Mudanças na Rádio Moçambique Zambézia
Santana Abílio, regressa a Pemba, sua terra natal para chefiar o emissor daquela província
Quelimane (DZ)- Há mudanças
na Rádio Moçambique um pouco por todo país. Mas para o caso da Zambézia, há uma novidade. Arlindo Paulino Mustafa, um decano no jornalismo ao nível desta província e porquê não do país em geral, ascendeu ao cargo de
delegado do emissor provincial da Zambézia.
Arlindo Mustafa, ou seja, “cota Mustafa” como carinhosamente é tratado nos meandros do jornalismo na Zambézia é um quadro da Rádio Moçambique há mais de 30 anos e a sua carreira, resumia-se muito em apenas ser chefe da redacção.
Mustafa é filho de casa e conhece bem os cantos do emissor provincial da Zambézia, onde o seu presidente do Conselho de Administração, Ricardo Malate, o colocou como delegado.
Para o lugar deixado por Mustafa (chefe da redacção), vira para Zambézia, Teixeira Cunheira que até a sua transferência para Zambézia, ocupava o mesmo cargo no emissor provincial de Tete.
Santana Abílio volta a Pemba Santana Abílio que vinha exercendo o cargo de delegado no EPZ, regressa a casa, ou seja,
volta a terra que lhe viu nascer, depois de longos anos a conduzir os destinos do emissor da Zambézia.
Conforme fontes próximas a RM, Abílio vai desempenhar as mesmas funções de delegado do emissor de Cabo Delgado. Santana chegou a Zambézia para o ocupar o cargo de Chefe de Conteúdos, um ramo que a RM tinha criado, mas que não ficou e nem pegou por muito tempo e dai, com a saída de Eduardo Inzezela, então Santana sobe ao cargo máximo num
emissor provincial.
Colegas e amigos dizem que era sem tempo
Colegas e amigos que conhecem bem o “cota Mustafa” dizem que é chegada a hora daquele profissional ascender ao
cargo, porque conforme argumentam, Arlindo Mustafa é um dos grandes jornalistas que a Rádio Moçambique tem no seu quadro, por isso que esta nomeação ao cargo de delegado do emissor] provincial da Zambézia não pode espantar a ninguém.
As mesmas pessoas dizem que os créditos profissionais de Mustafa estão já a olho nu, não deixando dúvidas em ninguém. Entretanto, os mesmos apelam para que Mustafa seja um chefe de diálogo, porque afinal vai se lidar
com colegas que conhece já há longa data.
Lembrar que Arlindo Mustafa é natural da Zambézia e quase que a sua carreira e percurso como profissional resume-se em ser chefe da redacção e um dos gurus no jornalismo moçambicano. (DZ)
Um sonho de Vinicius
ruy castro 22/10/2012 - 03h00
Um sonho de Vinicius
RIO DE JANEIRO - Parece incrível, mas Vinicius de Moraes teria feito 99 anos na sexta-feira última. Como se não bastasse, a data foi o ponto de partida para o seu centenário --que, para todos os efeitos, já começou. Uma vasta programação, incluindo reedições de sua obra e antologias de textos nunca publicados em livro, uma caixa de seus discos (dispersos por vários selos), uma exposição itinerante, shows, palestras etc., ocupará os próximos 12 meses. E isso é só o Vinicius oficial.
Ótimo. Efemérides como essa devem zarpar de um projeto institucional e, daí, abrir-se a adesões --sempre que possível, sem ônus. Foi o que determinou o sucesso do centenário de Nelson Rodrigues, ainda em curso, e, há tempos, o fracasso do centenário de outros artistas --pela ganância dos herdeiros.
Quando se dizia que Vinicius era um ser plural, não estavam brincando. Poeta, diplomata, letrista, cantor, cronista e homem de teatro, cinema, uísque e mulher, ele pode ser abordado de muitos ângulos. Um ano será pouco para homenageá-lo, daí terem começado tão cedo.
Repórter da "Manchete", fui entrevistá-lo em princípios de 1968, em sua casa na Gávea. Vinicius estava no banho, mas já vinha, me disseram. OK. Só que quem apareceu primeiro foram duas jovens repórteres, rindo muito. Em seguida, surgiu Vinicius, num rastro de sabonete e talco, recém-saído da banheira onde recebia todo mundo. Por acaso, recebeu-me à paisana.
Devo ter toda a poesia e música de Vinicius. Mas o que me orgulho mesmo de possuir são os dois números da incrível revista "Filme", que ele editou com Alex Viany em 1949 e que encontrei num sebo. Fazer uma revista de cinema, de nível internacional, era um sonho antigo, a que ele se atirou com amor. E conseguiu. Pena ter ficado nesses dois números --Chaplin na capa do nº 1, Fred Astaire na do nº 2.
Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas, quartas, sextas e sábados na Página A2 da versão impressa.
Ulysses
aécio neves 22/10/2012 - 03h00
Os brasileiros lembram neste mês, com reverência, os 20 anos do desaparecimento de Ulysses Guimarães. Ele foi e será sempre símbolo da luta pela democracia e pela justiça social, que encontra sua melhor tradução na Constituição.
Guardamos para sempre sua imagem histórica erguendo o primeiro exemplar e anunciando a "Constituição Cidadã", trazendo luz ao país após um longo período de sombras.
Ulysses conviveu com uma singular geração de homens públicos. De Tancredo, como dizia Tales Ramalho, era parceiro em uma dança da qual só eles conheciam os passos. Os dois lideraram alas distintas da oposição e agiam de forma complementar, ciosos da necessidade de manter a coesão em torno do fundamental desafio daquele tempo: vencer o regime de exceção. São dois grandes exemplos da dimensão ética e transformadora que a ação política pode ter.
Eram líderes leais ao Brasil, honravam a palavra dada e colocavam sempre o interesse do país cima de quaisquer outros.
Permitiu o destino que, anos depois, eu me sentasse na cadeira de Ulysses, na Presidência da Câmara dos Deputados, e não foram poucas as vezes em que, para tomar decisões complexas, me inspirei no velho timoneiro. Foi nesse período que, com o apoio de diferentes forças políticas, acabamos com a imunidade parlamentar para crimes comuns e criamos na Câmara o conjunto de medidas que ficou conhecido como Pacote Ético.
Dr. Ulysses e sua geração nos deixaram um denso legado. A defesa das razões de Estado, o fortalecimento das instituições, o adensamento da democracia e o compromisso com a Federação criaram uma realidade nova e permitiram que mais adiante pudéssemos continuar avançando com a estabilidade econômica e a inclusão social de milhões de brasileiros.
Lamentavelmente perdemos essa ideia-força --o sentido da construção nacional como tarefa coletiva e dever de todos. Acabamos reféns de um modelo que substituiu o projeto de país por um projeto de poder. As grandes reformas foram abandonadas. As pontes construídas no passado em torno das causas nacionais sucumbiram a um ciclo de governo que apequenou-se e tenta reescrever a história de forma quase messiânica, como se o Brasil do nosso tempo fosse obra de poucos e tivesse sido fundado ontem. Não foi.
Por tudo isso, é importante que as novas gerações conheçam as convicções, o espírito público e a grande generosidade com que o doutor Ulysses sempre trabalhou pelo Brasil. E reconheçamos aqueles que, com coragem, lucidez e coerência, nos ensinaram que é possível sempre semear um novo país. A memória pode ser um eficaz antídoto à descrença e ao desalento que vemos hoje nos brasileiros em relação à política.
AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras neste espaço.
Aécio Neves é senador pelo PSDB-MG. Foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010. É formado em economia pela PUC-MG. Escreve às segundas-feiras na página A2 da versão impressa.
Medo da morte
melchiades filho 22/10/2012 - 03h00
BRASÍLIA - Vinte anos atrás, "matamos" Caetano Veloso e Gilberto Gil várias vezes. Eu trabalhava na equipe que desenhava e escrevia a primeira página da Folha. Um de nossos passatempos era imaginar notícias --e o destaque que receberiam na principal vitrine do jornal.
O desaparecimento de personalidades fazia parte daquele exercício de hierarquização: qual ganharia menção na capa, qual ficaria "acima da dobra" e qual, desbancando os demais assuntos, viraria manchete.
Em alguns casos, o debate esquentava. Mas, até onde me lembro, havia consenso de que tanto Caetano como Gil emplacariam a manchete.
Não sou crítico de música. Nunca fui tiete dos tropicalistas. Cresci com Baby e Pepeu. Mas o show de Caetano e Gil na semana passada, o primeiro que fizeram juntos em quase 20 anos, me pegou em cheio. Reavivou a brincadeira inconsequente do passado e me mostrou como o sentido dela se perdeu.
A voz de Caetano, que aveluda o que alcança; o repertório de clássicos; o violão percussivo de Gil; os arranjos acústicos belíssimos; a elegância discreta dos dois senhores de 70 anos, Caetano de sapatênis, Gil de chinelinho. Como "matar" aquilo que o tempo provou imortal? Essa foi minha primeira lição.
A outra doeu mais: realizar que a morte chegou, antes, para o jornalismo que se dedicava a enquadrar o presente --e até o futuro.
A internet não multiplicou apenas as informações e as plataformas de acesso a elas. Multiplicou as vozes também. Hoje, cada um escolhe sua manchete. Faz sua hierarquia.
O jornalismo vive, mas quando provoca reflexão, cobra o poder público, defende a cidadania. O simples ordenamento do noticiário é incapaz de se sobrepor à cacofonia.
Que Caetano e Gil tenham se reunido em Brasília num tributo a Ulysses Guimarães --símbolo de uma gravidade que deixou de existir-- foi só mais uma ironia implacável.
Melchiades Filho é diretor-executivo da Sucursal de Brasília. Formou-se em jornalismo e fez pós-graduação em pesquisa de mercado na USP. Na Folha desde 1987, já foi editor de "Esporte" e correspondente em Washington. Escreve às segundas na coluna Brasília, na Página A2 da versão impressa.
Palmeiras de Quelimane bate Desportivo de Tete por 1 - 0!
A equipa do Palmeiras de QUelimane deslocou-se este fim de semana ao caldeirao do carvao para arrancar com muito suor os preciosos tres pontos que cada ronda da poule de apuramento oferece as equipas! Depois de um sofrido empate ha sete dias em Quelimane, frente ao Textafrica da Chimoio, eis que o Palmeiras brinda aos Quelimanenses com os tres almejados pontos! A equipa viajou via terrestre, o que tornou o jogo mais penoso devido a condicao das estradas entre Quelimane e Tete!
O poder das pequenas ideias
luli radfahrer 22/10/2012 - 03h35
Houve um tempo em que todos podiam ser inventores. Bastava um pouco de tempo livre e espírito questionador para criar engrenagens em oficinas caseiras. Até a segunda metade do século 20, boa parte das descobertas era rudimentar, de compreensão direta e fácil reprodução.
Com o tempo, as invenções ganharam sofisticação e proteção industrial, até se tornarem grandes demais para que seus mecanismos fossem compreendidos. A situação chegou a um extremo: a constituição de praticamente qualquer bem de consumo se tornou hermética.
A evolução tecnológica é, naturalmente, bem-vinda. Mas o processo em que ela se desenvolveu trouxe consigo um desperdício e uma limitação criativa sem precedentes. Em uma época que tanto se valoriza o ambiente e a inventividade, não faz sentido ainda usarmos fogões descartáveis, geladeiras blindadas ou brinquedos impossíveis de consertar ou alterar. Cada aparelho trocado gera consigo grandes quantidades de lixo eletrônico na forma de cabos, adaptadores e baterias.
É senso comum que a situação precisa mudar. Mas, ao contrário do que defendem saudosistas e tecnófobos, a saída não está no enfrentamento à base de marretas, mas no uso de chaves de fenda, multímetros e fóruns na internet.
A revista "Make", referência para quem não se contenta em ser mero usuário, resume essa filosofia com a frase "se você não pode abri-lo, ele não é seu". Os iPhones, que proíbem até troca das baterias, são alvos evidentes. Mas não são os únicos. Como eles, câmeras, TVs, video-games, relógios, motores e boa parte dos aparelhos cotidianos está além de qualquer escrutínio.
Até mesmo nas grandes empresas há uma preocupação em devolver ao processo industrial sua característica modular. Hoje, com a concorrência grande e pouca distinção real entre marcas ou modelos de produtos, é cada vez mais difícil inventar algo realmente novo. Uma boa solução está na criação de aparelhos integrados, abertos para intervenção por quem se habilite.
A prova que tal modelo funciona pode ser vista na internet, onde sistemas de código aberto permitem que novas ideias complementares apareçam a cada instante.
Não é mais preciso desenvolver aplicativos ou sistemas operacionais completos, em um processo lerdo, burocrático, vulnerável e supérfluo. Pequenos módulos, criados ao redor do mundo, se complementam em simbiose. Sejam desenvolvidos com objetivos comerciais, filantrópicos ou por mera curiosidade, esses organismos promovem a inovação em uma escala sem precedentes, permitindo que qualquer indivíduo crie, no quintal de casa ou na mesa de trabalho, uma tecnologia que pode ajudar a mudar o mundo.
O terreno é muito mais fértil do que foi o final dos anos 1970 nos EUA, quando jovens curiosos transformavam a garagem da casa dos pais em pequenas oficinas para criar os primeiros computadores pessoais. Como naquela época, as novas ideias não surgem de consultorias, "think tanks" ou departamentos burocráticos de grandes empresas, mas de grupos de amadores cuja verba costuma ser inversamente proporcional ao entusiasmo. E há sinais deles em praticamente qualquer área do conhecimento.
Luli Radfahrer é professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Autor do livro "Enciclopédia da Nuvem", em que analisa 550 ferramentas e serviços digitais para empresas. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve a cada duas semanas na versão impressa de "Tec" e no site da Folha.
luli@luli.com.brLeia as colunas anteriores
Monday, 1 October 2012
Dhlakama festeja o dia da paz em Quelimane
Quelimane (DZ)- O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, festeja os 20 anos da assinatura dos Acordos Gerais da Paz na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia.
Para o efeito, Dhlakama chega esta segunda-feira a tarde nesta cidade, onde para além de orientar
um comício popular no dia seguinte, portanto terça-feira, ira também encontrar-se com os seus
membros seniores em reunião do Conselho Nacional daquele partido.
Fontes do partido Renamo, informaram-nos que a vinda do líder daquele partido a Quelimane, visa mais uma vez reforçar a sua popularidade que era tida comoestando a decair nos últimos anos.
Alias, ficamos a saber que Afonso Dhlakama, vai efectuar visitas aos distritos de Gurúè, Milange,
Morrumbala, Mocuba e Alto Molócuè, nos próximos dias.
Enquanto isso, a máquina do partido nesta parcela do país, não se cansam de vaguear pelas
artérias da cidade de Quelimane,com aparelhagem de som e megafones, apelando a população
para afluir em massa na recepção do líder do segundo maior partido na oposição do nosso país.
Lembre-se que o país assinala esta quinta-feira, os 20 anos de Acordos Gerais da Paz, onde o líder
da Renamo, Afonso Dhlakama e Joaquim Chissano, na altura presidente da República de Moçambique, foram os signatários dos AGP em Roma, capital da Itália. (DZ)
Morrumbala: Trabalhadores da OLAM em greve!
Quelimane ( DZ )- Mais de cem de trabalhadores sazonais da OLAM empresa fomentadora de algodão no distrito de Morrumbala estiveram em greve no último fim de semana, exigindo o pagamento de três semanas de ordenados.
A greve dos chamados “biscateiros” compreendeu a paralisação das suas actividades de desensaque do ouro branco e encerramento do portão principal de entrada ao recinto da fábrica de descaroçamento daquela cultura, uma medida que pôs em refém por longas horas o director financeiro da empresa, Amrerdra Tripathi.
Trabalhadores entrevistados pela nossa equipa de Reportagem explicaram que não tem nenhum contrato escrito com a OLAM, sendo que habitualmente recebem seus ordenados no final de cada semana laboral, sendo que os valores vão de acordo com a quantidade de sacos que cada “Biscateiro” conseguiu
desenrascar.
Mandela Albano, Dino Lucas, trabalhadores ouvidos pelo DZ disseram que a última vez que auferiram seus ordenados na ordem de 600 meticais, foi no passado dia 24 de Agosto do corrente ano, de lá para cá vivem de promessas.
A fúria dos biscateiros subiu a tónica a partir da quarta-feira, depois de três semanas de falsas promessas de pagamento que eram fomentadas pelo respectivo director financeiro.
Os grevistas concentraram-se na fábrica desde as primeiras horas de sábado, proferiram insultos, agrediram fisicamente Amrerdra Tripathi, e outros funcionários do topo naquela empresa direcção até que estes se
renderam, tendo por volta das 17horas do mesmo dia iniciado com os pagamentos.
Mesmo assim não conseguiram conter a fúria dos trabalhadores, porque segundo apuramos Amrerdra Tripathi ordenou pagamento de apenas 600 meticais, contra dois mil ou mais que cada trabalhador
deveria receber.
Tentativas de ouvir a versão do director financeiro, Amurendra Tripathi, redundaram no fracasso
porque negou prestar declarações a imprensa.
Facto curioso, Amurendra Tripathi ao invés de pronunciar-se sobre o assunto mostrou-se indignado pela presença nosso colaborador no local da greve, alegando que não estava autorizado de lá estar chegando
mesmo a proferir ameaças e intimidações.
Lembre-se que no mês passado a fábrica de descaroçamento de algodão perigou a saúde de residentes
dos bairros Liberdade e Agostinho Neto, zonas residenciais localizadas próximo daquela unidade industrial, devido a poluição.
O facto levou o administrador distrital de Morrumbala a visitar a fábrica, onde constatou a
existência de trabalhadores a laborar sem contratos, falta de equipamentos de protecção,
pagamento de salários abaixo do mínimo nacional, falta de sindicato, entre outras violações da lei de trabalho vigente no país, alias a equipe de inspecção da direcção do trabalho sabe disso porque num passado recente levaram a cabo uma inspecção, nem por isso água vai, água vem.
OLAM Morrumbala emprega 79 trabalhadores efectivos e 14 sazonais (Caetano Alberto, nosso
colaborador em Morrumbala )
Apoio ao Palmeiras de Quelimane na “poule” de apuramento
Governo ainda vai se pronunciar
Quelimane (DZ)- Já com o adversário do Palmeiras de Quelimane conhecido, sendo ele o Textafrica do Chimoio, isso no dia 14 deste mês, o governo da Zambézia, ainda não se pronunciou sobre os possíveis apoios que vai dar ao representante da Zambézia nestes jogos zonais.
O director provincial da Juventude e Desportos, Johane Muabsa, quando citado pela RM disse que esta semana o governo poderá se pronunciar. Muabsa foi muito cauteloso, tendo remetido as questões posteriores ao futuro. (DZ)
Parabens Diario da Zambezia!
Sete anos de muita resistência
Todos anos quando se assinala o dia 25 de Setembro, um dia histórico do nosso pais, o nosso jornal “Diário da Zambézia”, conhecido por “DZ”, também celebra mais um ano de vida. Porque foi precisamente a 25 de Setembro de 2005 que um grupo de jovens, unidos e com objectivos de ver a Zambézia noutros patamares, decidiram fundar este jornal, que hoje não só informa a Zambézia, mas sim, coloca esta província nos quatro cantos do mundo.
Ontem, 25 de Setembro de 2012, fizemos Sete anos desde a nossa existência. Ao celebrarmos estes Sete anos, olhamos o passado com muita alegria, porque conseguimos resistir a tudo, mas tudo mesmo. Se hoje (ontem), completamos sete anos, significa que tivemos pulmões suficientes, porque senão, já estaríamos fora do meio dos nossos leitores.
Só que como a confiança e a determinação que sempre tivemos foi a mesma de informar, por isso que resistimos a tentações, intimidações, isolamentos, mas mesmo assim, continuamos a mostrar que não seguimos agendas. Vezes sem conta nos confundem, mas é assim que a opinião pública vive, mas meia volta sentimos que afinal, esta mesma opinião pública tem carinho por nós. O caminho foi longo e continua sendo, porque a meta é tornar esta província cada vez mais informada, não olhando pelas cores partidárias, etnia ou mesmo religião.
Celebrar sete anos da nossa existência, engrandece-nos, porque no meio de tantos órgãos de informação, sobretudo nesta era digital, o Diário da Zambézia continua no topo dos preferidos, embora longe das chamadas cidades grandes. Por isso que olhamos a nossa frente com esperança de que um dia, poderemos ser mais melhores. Todos dias, lutamos para que esta melhoria seja sentida em todas vertentes, mas também reconhecemos que vivemos mergulhados no meio de imensas dificuldades, só com determinação, amor a causa, conseguimos superar as tais dificuldades.
Reafirmamos que daqui em diante, o compromisso de melhoria será a nossa vocação, porque afinal, a província, o país e quiçá o mundo inteiro, olha o “DZ” como um meio onde as coisas têm os seus verdadeiros nomes. Mais uma vez, queremos abraçar aos amigos leitores que nos tem chamado atenção sobre um e outro assunto, a todos aqueles que acreditam no nosso projecto, visto que somos pioneiros na imprensa escrita e electrónica pelomenos no século XXI, na província da Zambézia. A todos, muito obrigado e continuaremos a levar informação em primeira mão, quer na nossa página nas redes sociais, assim como no jornal electrónico.