Wednesday 20 July 2011

A Opinião do Machado da Graça

Bilal e Naíma

A talhe de foice

Por Machado da Graça

Hoje vou fazer duas coisas que não costumo fazer nesta minha coluna: falar de um assunto que me toca muito pessoalmente e, por outro lado, falar de um assunto que me agrada muito.

Vou, portanto, falar do Bilal e da Naíma.

O Bilal é meu neto. Nascido há 4 meses. Filho da minha filha Sara e do seu companheiro moçambicano Sérgio. O mulatinho mais bonito que nasceu nos últimos 4 mil anos, mais ano, menos ano.

A Naíma é prima do Bilal. Nasceu pouco depois dele, filha do Nuno, primo direito da Sara, e da Helena Kok, uma jovem chinesa de Macau.

O que significa que, numa mesma família, e com um intervalo de poucas semanas, se misturaram, em nova gente, sangues da Europa, da África e da Ásia.

Coisa que seria impensável há poucas dezenas de anos. Coisa que mostra o muito que se avançou, em termos humanos, ao longo das últimas décadas.

Eu vivi toda a minha infância e juventude numa colónia onde os colonos brancos se consideravam, a si próprios, como uma raça superior, que olhava para os negros como pouco mais do que animais. Casamentos inter-raciais eram coisas fora desse mundo. Impossíveis de aceitar socialmente. Os mulatinhos que surgiam eram, praticamente sempre, frutos de relações entre os colonos solitários e as suas namoradas locais. Relações que terminavam, normalmente, com o casamento do colono com uma portuguesa branca para constituir família.

Não creio que em Macau, ou Hong Kong, ou qualquer outro local do Oriente, ocupado pelo colonialismo europeu, as coisas fossem muito diferentes. O mesmo se passando nas américas, entre colonos e índios ou entre colonos e os escravos negros, que para lá foram levados.

Portanto, as misturas de raças não eram, normalmente, actos voluntários de amor, mas sim mais um aspecto da sopremacia e abuso da tal raça, que se julgava superior, sobre as outras, com quem convivia nas zonas ocupadas.

Isto, a que estamos a assistir hoje, é, portanto, uma página nova na História da humanidade. O acasalamento livre e espontâneo, de pessoas de raças diferentes, que se unem em unidades familiares, significa um passo enorme em frente no relacionamento humano. Um passo que não é simples. As barreiras culturais e, principalmente, dos preconceitos são, muitas vezes, difíceis de vencer.

Mas é com estes passos que vai em frente esta coisa tão complexa, tantas vezes muito bela, outras tantas bem horrível, que é o ser humano.

Esta espécie a que todos nós pertencemos.

SAVANA – 15.07.2011

1 comment:

Anonymous said...

Chinesa de macau ou hongkong só quer acsalar com estrangeiro e livrar de chines rude, se não houver outro acasala logo com portugues, dá jeito, não é amor mesmo. vai a macao e ve tu mesmo isso..filipina ou russa em macau é igual...se tiverfilho homem talvez case, que é o que ela quer