Saturday 25 June 2011

ZAMBÉZIA - Ecoturismo refém de iniciativas na Maganja




Lagoa_de_Gondsano A falta de imaginação e criatividade por parte dos empresários deixa adormecida a oportunidade de exploração do ecoturismo, na Lagoa de Gondsano, situada a 15 quilómetros da vila-sede distrital da Maganja da Costa, na Zambézia.
Maputo, Sexta-Feira, 24 de Junho de 2011:: Notícias
A lagoa é natural, com regime periódico, ou seja, no Verão as águas baixam e no Inverno sobem, podendo ser aproveitada para a pesca artesanal e desportiva, piscicultura, turismo de lazer, entre outras actividades.

Todavia, a exploração deste manancial de recursos está refém de iniciativas empreendedoras dos empresários locais. Com os fundos do Orçamento de Investimento em Iniciativas Locais (OIIL), o dinheiro já está disponível no distrito, faltando agora a capacidade de imaginação e criatividade para desenhar projectos sustentáveis para explorar essas oportunidades.

Os empresários locais queixam-se da falta de dinheiro para investir na lagoa de Gondsano. O lugar é apetecível para o turismo, mas faltam casas para hospedagem, recreação e lazer. Muita gente gosta, aos fins-de-semana, de passar o dia na praia de Gondsano, mas vê-se obrigada a regressar ao fim do dia por falta de abrigo.

Na vila-sede distrital da Maganja da Costa conversámos com alguns operadores económicos sobre as possibilidades de investimento na praia de Gondsano. Francisco Nomeado disse, quando abordado pela nossa Reportagem, que os volumes de investimentos necessários para abraçar projectos turísticos para aquela estância turística são extremamente altos e os “sete milhões” não dão para sonhar alto. Acredita, no entanto, que os empresários estão a perder a oportunidade de investir para depois ganhar dinheiro.

O nosso entrevistado entende que investir na lagoa de Gondsano seria uma oportunidade de atrair turistas nacionais. “Mesmo aqui, na Maganja Costa, há muita gente que gostaria de ir aos fins-de-semana a Gondsano, mas não pode ficar lá porque não há sequer uma casa para hospedagem”, disse a nossa fonte para quem a criação de sociedades empresariais pode ser uma solução para juntar capitais financeiros por forma a investir naquela região.

Por seu turno, Ilídio Novas afirma que mesmo que se aposte nos “sete milhões” de meticais, os projectos submetidos não são aprovados com os valores propostos, logo um programa de investimento de alto nível, na praia de Gondsano, está condenado a não ter pernas para andar. “Há muita gente que submeteu projectos, mas não teve os valores propostos e isso pode limitar muito a execução de qualquer empreendimento”, disse o nosso entrevistado para depois acrescentar que os empresários locais têm a consciência de que é preciso mobilizar recursos para o efeito, mas as fontes desse investimento são escassas ou colocam muitos impedimentos, nomeadamente garantias patrimoniais ou bancárias.

O ecoturismo é um segmento da actividade turística que utiliza, de forma sustentável, o património natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

Para que haja ecoturismo, são necessárias quatro condições básicas, nomeadamente respeito às comunidades locais, envolvimento económico efectivo das comunidades locais, consideração às condições naturais e conservação do meio ambiente e interacção educacional, garantia de que o turista incorpore para a sua vida o que aprende em sua visita, gerando consciência para a preservação da natureza e dos patrimónios histórico, cultural e étnico.

Entretanto, as comunidades locais estão à espera de uma oportunidade para aproveitarem os benefícios da exploração da lagoa. Mussa Abibo, ancião que reside nas proximidades da lagoa, afirma que já estiveram naquele local holandeses que prometeram desenvolver o projecto de piscicultura, para o que formaram comunidades de gestão, mas nunca mais voltaram para dar seguimento ao empreendimento prometido. O nosso entrevistado disse, igualmente, que o grande problema que retrai os investimentos é o facto de o Governo não ter estendido a energia eléctrica ao local e procedido à reabilitação da estrada que estabelece a comunicação com aquele ponto, numa extensão de 15 quilómetros.

Da vila-sede distrital, a lagoa de Gondsano dista a 15 quilómetros, mas só possível de percorrê-los de motorizada ou bicicleta dado o avançado estado de degradação da rodoviária. A lagoa tem importância histórica e sociocientífica.

Alunos de diversos estabelecimentos de ensino frequentam a zona para se inteirar da origem do nome Gondsano, um guerreiro que, em combate, teria, quando foi atingido por uma bala, voado de Morrumbala a Maganja da Costa. Os professores que leccionam a disciplina de Biologia levam os seus alunos para conhecer uma multiplicidade de plantas que ali se encontram.

Jocas Achar

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