Saturday 30 April 2011

O meu amigo Fijamo pediu que postasse o texto do Moyana sobre a Crise no MDM no blog! Com a devida venia aqui esta! Antes tarde que nunca!



Crise do MDM!

Numa altura em que se esperava muito do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), eis que a crise politica se instala por dentro, corroendo as possibilidades de qualquer êxito político futuro.

Está a ficar claro que o MDM está a ser gerido tipo “Renamo Renovada”, isto é, ao estilo característico de uma liderança secretista, exclusivista, autocrática que decide sozinha sobre o dia a dia da organização.

Uma liderança que não dialoga com os quadros superiores do partido, uma liderança que distribui ordens não debatidas anteriormente por todos, enfim, uma liderança com défice democrático enorme mas, pretensamente, a dirigir um partido denominado “democrático”

Os sintomas de mal estar partidário surgiram logo que Lutero Siamngo, irmão mais velho de Daviz Siamngo, foi indicado para o cargo de chefe da bancada parlamentar do MDM, em Abril de 2010, o que, segundo os entendidos nos assuntos daquela organização, constituía o culminar de afectação de familiares do presidente do partido em cargos de chefia, depois de o Conselho Municipal da Beira, segundo as mesmas fontes, estar “abarrotado da família Simango”

Esses sintomas, apesar de serem conhecidos pela direcção do partido, foram menosprezados e nunca claramente agendados para um debate político interno, como seria de esperar numa organização democrática.

Já nos princípios deste ano, vários episódios organizacionais internos foram reportados nos corredores do MDM mas, aparentemente, ignorados pela liderança de Daviz Simango. Estamos-nos a referir ao chamado “escândalo das isenções aduaneiras”, em que quadros seniores do partido foram descobrir que, no seio daquela organização politica, há um movimento frenético de importação de viaturas, usando a faculdade legal de isenção de pagamento de direitos aduaneiros que é conferida aos partidos políticos.

Estranhamento, os tais carros importados, quase que mensalmente, não existem em nenhuma garagem do MDM, nem se conhecem os seus condutores!

Apesar de continuarem a avolumar-se os sinais de insatisfação e de mal-estar interno, a liderança do MDM não agendou nenhum debate franco e aberto, que era para se extirpar o mal pela raiz: o presidente do partido continuou a evitar falar com o secretário-geral.

Consta que desde o ano passado que Daviz Simango não fala com Ismael Mussá sobre assuntos do partido, sendo inúmeras as viagens que o presidente do partido efectua a capital do País, sem se avistar, nem avisar da sua presença ao secretário-geral.

Em Fevereiro passado, Daviz Simango e Ismael Mussá cruzaram-se, inesperadamente, no Cemitério de Lhanguene, durante o funeral do deputado Agostinho Macuacua, sem que um soubesse da possível presença do outro, uma situação embaraçosa para um partido que deveria te um protocolo organizado, com intervenções públicas de responsáveis previstas no programa.

Neste momento, o clima interno do MDM é infernal, com a ala pró-Simango a comportar-se no sentido de que “quem não aguenta que saia”, como se uma organização colectiva fosse apropriada por um grupinho de amigos.

O desafio que Daviz Simango tem pela frente é demonstrar que o MDM não é uma espécie de “Renamo Renovada” e ele não é uma espécie de “Dhlakama dois”, o líder que domina a arte de “dividir para reinar”

O presidente do MDM deve agendar um debate geral interno naquele partido e trabalhar com todos para encontrar a melhor solução da crise, reunificando a família politica ora desavinda. Não basta andar a escrever slogans de um “Moçambique para todos” quando, internamente, não consegue criar um “MDM para todos”.

“Moçambique para todos” deve começar dentro do MDM e não cá fora para aos incautos enganar. É de dentro do partido que se devem forjar as sementes de “Moçambique para todos”. É de dentro do partido que as pessoas devem ganhar confiança de que há inclusão e valorização dos quadros, independentemente, do seu local de nascimento, grau de parentesco ou posição social dos pais.

E tudo deve ocorrer rapidamente, sob pena de agravamento da situação interna, o que, logicamente, culminará com maior fragilização politica do MDM, um partido que agora deveria estar a preparar-se, afincadamente, para os momentos cruciais que se avizinham.

No MDM e na Renamo, se uma pessoa critica o funcionamento interno é conotado como sendo um “infiltrado da Frelimo”. Na Frelimo, quando alguém critica situações internas, é conotado como sendo “da Renamo ou do MDM”.

Quando nasceu o MDM, nós pensávamos que estava a nascer uma força política diferente, mais organizada e democraticamente estruturada.

Nada fazia prever que estava a nascer mais um partido para agravar a conotação dos moçambicanos, os quais não podem expressar um pensamento diferente, sem serem considerados infiltrados deste ou daquele partido.

Da capacidade de gestão da presente crise dependera o futuro político do MDM e de Daviz Simango, em particular.

Se se falhar na solução correcta, falhar-se-á nos desafios políticos que se avizinham.

Lá diz o ditado popular: “Quem te avisa, teu amigo é”!

Salomão Moyana

2 comments:

V. Dias said...

Grande lucubrações.

Zicomo

Fijamo said...

È VERDADE:
Better Late Than Never. Thanks