Rosário diz ainda que há clientelismo político na concessão de fundos
O académico Lourenço de Rosário denuncia que não há articulação entre o Fundo de Desenvolvimento Distrital, vulgo “sete milhões”, e as estratégias do Governo nos locais em que o Fundo é aplicado. De Rosário diz ainda que há clientelismo político na concessão de fundos e põe em causa a competência dos conselhos consultivos distritais que aprovam e monitoram os projectos.
Lourenço de Rosário falava ontem, em Maputo, num encontro sobre a governação corporativa e desenvolvimento, promovido pelo Instituto de Directores de Moçambique. Disse que a crítica premente aos “sete milhões” está ligada ao facto de o plano quinquenal do Governo não estar em consonância com a aplicação destes fundos nos distritos.
“Não tem havido, em primeiro lugar, uma articulação planificada entre o acto de desembolsar os sete milhões e um plano estratégico da sua aplicação nos distritos”, avançou o académico, que também considera que não há sintonia entre o discurso do Presidente da República e as acções levadas a cabo pelo seu Governo na materialização dos objectivos de combate à pobreza.
Acrescenta que há um vulnerável flagrante das autoridades distritais perante tentações de clientelismo político local. “E, é preciso não assobiar para o lado. Muito deste dinheiro serve para pagar favores políticos. Não era esta a intenção do discurso programático (de Armando Guebuza), mas não houve capacidade de monitorar e acabou-se por aí”, constata.
Lourenço de Rosário, que é também Reitor da Universidade Politécnica, questiona os moldes de criação dos conselhos consultivos distritais, responsáveis pela aprovação e monitoria dos projectos no âmbito dos “sete milhões”, tendo dito que os critérios são de todo desconhecidos, sendo, por isso, questionável a competência deste órgão.
Disse, por outro lado, que há o um clientelismo político que não se trata exactamente de corrupção de desvio de dinheiro para fins pessoais, mas tem a ver com desembolsos por afinidades, e não com objectivo de combate à pobreza.
O académico deu destaque à pobreza na sua apresentação, tendo dito que a falta de salário ou de rendimento constitui a escala máxima da exclusão social, sobretudo nas zonas urbanas, na medida em que os cidadãos, nesta condição, não têm como se proverem de bens essenciais para a sua sobrevivência.
In O Pais OnLine
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