Governo assinou ontem o contrato de concessão da barragem ao consórcio HMNK.
Empresa relacionada com o chefe de Estado, Armando Guebuza, é uma das accionistas maioritárias da barragem
Maputo (Canalmoz) – O projecto de construção e exploração da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (HMNK) no rio Zambeze, na província de Tete, foi concessionado a um consórcio constituído por três empresas: Electricidade de Moçambique (EDM) - empresa pública moçambicana; Insitec - empresa privada moçambicana, e a construtora brasileira, Camargo Corrêa.
O contrato de concessão da barragem foi ontem assinado em Maputo pelo ministro da Energia, em representação do Governo, e pelo PCA da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, Egídio Leite.
A EDM entra na sociedade como o accionista minoritário, com apenas 20% das acções, enquanto a Insitec – empresa apontada como sendo do chefe de Estado, Armando Guebuza – e a construtora brasileira Camargo Corrêa, entram como dois sócios maioritários, detendo 40% da sociedade, cada um.
O início da construção desta barragem que vinha sendo adiada, por razões nunca claramente explicadas, agora foi reagendada para “finais de 2011 ou início de 2012”, devendo durar entre “4 anos e meio e 5”, disse o PCA da sociedade HMNK, Egídio Leite.
A síntese do projecto da barragem ontem apresentada no acto da assinatura do contrato de concessão, é de um empreendimento com capacidade para gerar 1.500 megawatts de energia hidroeléctrica, dos quais 20% destinar-se-ão ao mercado interno.
Este empreendimento irá situar-se a 61 quilómetros a jusante da HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa) e a 70Km da cidade de Tete. Terá 700 metros de comprimento e 86 metros de largura acima da fundação, com 13 comportas para o descarregamento de água.
O ministro da Energia, Salvador Namburete, comparou a dimensão da futura barragem com a da HCB. Disse que a HCB ocupa uma área de 250Km², enquanto a nova barragem irá ocupar uma área de 97Km², mas “com capacidade para produzir muita energia”.
A construção da barragem, segundo o seu PCA, Egídio Leite, irá necessitar de 2,4 mil milhões de dólares norte-americanos. Adicionando a isso custos financeiros (crédito), a custo real poderá atingir 2,9 mil milhões de USD.
Foi referido que sem comparticipação do Governo, os fundos para a construção da barragem provirão de financiamentos bancários e de outras instituições financeiras.
O reembolso deverá resultar da venda de energia. Isto significa que os empreendedores estimam que a barragem irá pagar a sua própria construção.
O ministro da Energia, Salvador Namburete, diz que este modelo de financiamento de projectos é sustentável e desejável.
Faltam garantias de compradores de energia
O PCA da futura barragem disse que neste momento a sociedade concessionária está no terreno em busca de financiamento.
Uma das condições impostas pelos potenciais financiadores é que deve haver garantia da venda de energia que será produzida na barragem, facto que permitirá o retorno do crédito.
A ESKOM, companhia sul-africana de electricidade, é um dos potenciais compradores indicado pelos financiadores, mas parece que as negociações no sentido de a ESKOM assumir-se como futuro cliente de Mphanda Nkuwa, estão encalhadas.
Portanto, há ainda dúvidas se os financiadores avançam ou não com o dinheiro indispensável para que o projecto deixe de estar apenas no papel e se torne real.
“Temos plano B”
O PCA da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, Egídio Leite, diz que “já existe plano B que está a ser executado pela sociedade para conseguir financiamentos, mesmo que a ESKOM não garanta a compra da energia”.
Por questões “estratégicas” de mercado, Egídio Leite recusou-se a revelar em que consiste esse ‘plano B’, mas disse estar confiante na busca de recursos para financiar a construção da barragem.
Leite alegou que Mphanda Nkuwa é um projecto muito esperado na região da SADC e não lhe pode faltar financiamento.
No encontro não passou sem menção o factor político. Tanto o ministro da Energia como o PCA da Mphanda Nkuwa, disseram que este projecto vai “beneficiar o povo moçambicano através da criação de postos de emprego que poderão atingir 3.500 postos de trabalhos, directos e indirectos, na fase da construção”, para além dos “programas de responsabilidade social”.
(Borges Nhamirre)
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