Tuesday 23 November 2010

Primeira-Dama de Angola propõe demissão do chefe do Cerimonial

No interior do Palácio da Cidade Alta, em Luanda, vive-se nos últimos dias um clima de crispação entre Ana Paula dos Santos, a primeira-dama de Angola, e José Filipe, chefe do Cerimonial da Presidência da República.


O cerne da questão prende-se com o facto de Ana Paula dos Santos ter proposto ao esposo (Presidente de Angola) o afastamento de José Filipe das funções que ocupa há mais de 10 anos, alegadamente devido à sua postura considerada nos corredores do Palácio de má, calculista e complexada.


A proposta do seu afastamento chegou-lhe aos ouvidos, por portas e travessas, tendo em conta a relação que cultiva com os funcionários domésticos da residência presidencial.
Nos últimos dias, José Filipe manifesta um ódio visceral contra a primeira-dama, fingindo ser fiel na presença da senhora.

O chefe do Cerimonial diz com mágoa que Ana Paula dos Santos não deveria tomar esta iniciativa porque foi ele, ao tempo, quem a matriculou para recomeçar os estudos, através de um bilhetinho passado pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

Detém também um ódio profundo contra Carlos Feijó, ministro de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência da República, alegadamente, por viver a frustração de não atingir cargos mais altos, como conselheiro especial do Presidente José Eduardo dos Santos, devido aos longos anos que trabalha com o Chefe de Estado e as informações que detém sobre a sua vida privada.

Homem de duas faces

Para além do desaguisado com Ana Paula dos Santos e Carlos Feijó, José Filipe vê-se também confrontado com acusações de dupla identificação, sendo casado num dia e no outro é solteiro.

Por exemplo, no dia 25 de Março de 2002, compareceu no 2º Cartório Notarial de Luanda com a identidade como casado, com o passaporte nº 0039185 , emitido em 22 de Junho de 2000, para passar uma procuração onde constituía o seu procurador Manuel José de Carvalho (funcionário da Presidência da República de Angola, mas reside em Lisboa), para representá-lo em Portugal para constituir e entrar como sócio em sociedades por quotas.

No entanto, nesta altura exibia o BI n 000000333VP018, emitido em 2 de Agosto de 1999. Um mês depois, José Filipe, vai ao 1º Cartório Notarial de Luanda e perante a Ajudante da instituição, Joana Assis Noranha, apresenta um outro BI com o nº 452425, com dados completamente diferentes dos do primeiro BI, - aparecendo como solteiro, quando na verdade é casado - para o reconhecimento de um contrato de empréstimo no Banco de Poupança e Crédito (BPC) no valor de 50 mil dólares, para a compra de uma viatura.

O assunto de dupla identidade está a ser fortemente comentado nos corredores do Palácio da Cidade Alta, tendo em conta a nova linha de governação imprimida por José Eduardo dos Santos.

“Só para adquirir um carro não olha a meios e falsifica a identificação o que não fará por outras coisas?”, interrogam-se os funcionários do palácio presidencial.
Questiona-se também o facto de, mesmo não tendo concluído o ensino médio, estar a frequentar o curso de Historio, à distância, na Universidade Aberta de Lisboa e outro curso de Direito numa universidade privada em Luanda, nunca tendo feito provas.

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