Thursday 23 September 2010

A Opiniao de Nelson Scott

Cara Nilza,



Penso que Muzila detalhou correctamente actual conjuntura e os possíveis impactos das recentes medidas do BM.



Os Bancos Centrais são por excelências monetaristas e perseguem dois objectivos: preservação da moeda nacional e controlo de inflação. O nosso caso não é excepção.



Entretanto, para o nosso caso, não me parece as autoridades monetárias tenham feito a análise das causas da subida galopante dos preços! A julgar pelas medidas adoptadas, a percepção do Banco é de haver excesso de moeda no mercado gerado essencialmente pelo rápido crescimento económico, resultando na subida de preços. Desta feita, as medidas adoptadas visam enxugar a massa monetária e, por conseguinte, desacelerar o crescimento. No entanto, esta constatação de excesso de moeda não é, de todo, verdadeira, conforme explicitou o Muzila.



A actual inflação é maioritariamente “importada” quer pela subida de preços internacionais quer pela depreciação do metical. Desta forma, a solução está necessariamente do lado real da economia: aumento da produção para (i) substituição das importações dos produtos em que somos competitivos e ou (ii) exportação dos produtivos em que somos competitivos para obtenção de divisas e, posteriormente, adquirir aqueles que somos menos competitivos.



Agora, num cenário em que (i) a economia cresce cerca de 7-8% (por causa, primariamente, de um punhado de megaprojectos e de ajuda externa), (ii) o desemprego formal continua alto (cerca 90%), (iii) a pobreza continua a crescer ( IOF que deveriam dar a informação actualizada dos níveis de pobreza continua fechado a sete chaves), tomar uma medida de refrear o crescimento da economia é “procurar sarna para se coçar”.



Nelson Scott

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