Economia Moçambicana - O Bom, o Mau e o Feio
por Joao Santa Rita (*)
Washington (Canalmoz) - Estudo de Banco Português sublinha "sucessos" económicos mas faz notar a potencialidade de futuros problemas particularmente no aspecto político.
Alguns observadores, diz o documento “antecipam o condicionamento da canalização das ajudas a partir de 2011 a progressos claros na vertente politica”.
O governo de Moçambique anunciou que o Produto Interno Bruto cresceu 9,5 por cento no primeiro semestre do ano. Qualquer que seja o ponto de referência este é um crescimento que pode ser considerado de excelente. Mas um estudo feito pelo Banco Português de Investimentos, BPI (NR: Publicado esta semana pelo Canalmoz), reconhece o bom da economia moçambicana mas faz também notar os problemas, alguns deles políticos, que não podem ser ignorados.
O estudo do BPI é uma mistura de boas e más notícias. O BPI descreve o crescimento económico alcançado o ano passado em Moçambique de 6,4 por cento como "surpreendente" tendo em conta a situação económica internacional e faz notar que esta boa performance deverá continuar.
O BPI descreve a economia moçambicana como um "caso de sucesso entre os países africanos de rendimento médio ou baixo" sublinhando que na última década o Produto Interno Bruto per capita subiu de 479 dólares para 981. O índice de pobreza diminuiu de 69,4 por cento da população em 1997 para 54,1 por cento e 2003 devendo ter caído para baixo dos 50 por cento o ano passado, diz o banco.
O BPI faz notar ainda as entradas avultadas de investimento estrangeiro no país nos últimos anos. Em 2009 por exemplo entraram no pais 880 milhões de dólares de investimentos estrangeiros mais 50 por cento do que no ano anterior. O banco faz notar que o clima de negócios melhorou no índice do banco mundial.
Mas o estudo faz notar a potencialidade de futuros problemas.
Factores de ordem política ensombram a visão e as perspectivas do país diz o estudo acrescentando que recentemente os doadores internacionais mostraram preocupação quanto á hegemonia politica que descreve de adversa ao bom funcionamento das instituições.
O estudo afirma ser necessário que os partidos da oposição reforcem de certa forma a sua posição pois não é benigna uma oposição excessivamente enfraquecida.
Alguns observadores, diz o documento “antecipam o condicionamento da canalização das ajudas a partir de 2011 a progressos claros na vertente politica”.
Embora se tenha verificado ao longo da ultima década “uma melhoria na eficácia da lei, na qualidade da regulação, na estabilidade politica e ausência de violência” há a destacar “ o decréscimo” na liberdade de escolha de governantes, eficácia governamental e controlo da corrupção, diz aquela avaliação.
O estudo do Banco Português de Investimento faz ainda notar pela negativa o facto de “continuar a haver uma ampla camada da população que vive abaixo dos limiares da pobreza” havendo pois a necessidade de se tornar o crescimento “ mais inclusivo”.
(* - João Santa Rita, Voz da América, Terça, 10 Agosto 2010, com a devida vénia)
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